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Estado de Minas OPINI�O

Existe mesmo a chance real de um golpe militar no Brasil?

Existe, sim, um senso de preserva��o da excelente imagem conquistada pela institui��o desde a redemocratiza��o, o que seria um ativo a ser preservado


postado em 01/06/2020 06:00 / atualizado em 01/06/2020 07:00

(foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO)
(foto: WILTON JUNIOR/ESTAD�O CONTE�DO)

A fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no sentido de que n�o � uma quest�o de “se” mas de “quando” acontecer� a “ruptura” deu o norte ret�rico seguido pelos apoiadores do n�cleo ideol�gico do governo nas redes sociais.

Essas e outras declara��es do mesmo estilo foram feitas em resposta � opera��o da Pol�cia Federal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada contra v�rias figuras publicamente alinhadas ao presidente.

Imediatamente, vem a associa��o do “momento de ruptura” com a quebra da ordem democr�tica. Mas existe mesmo a chance real de um golpe militar? Para responder a essa pergunta talvez seja razo�vel avaliar o animus golpista dos pr�prios militares.

Em primeiro lugar, deve-se considerar que os militares conseguiram driblar Paulo Guedes e ficar de fora da reforma da Previd�ncia. Tamb�m do ponto de vista financeiro, as for�as permanecem hoje com o quarto maior or�amento da esplanada (R$ 110 bilh�es) e com seus projetos estrat�gicos finalmente desengavetados – como por exemplo, as corvetas classe Tamandar� e o programa militar da marinha.

Em segundo lugar, os militares j� ocupam diversos postos-chave na administra��o federal, incluindo oito minist�rios (nove, se considerarmos a pasta da sa�de) e diversos cargos de dire��o (os chamados DAS’s).

Mesmo que percam alguns postos, como dever� acontecer com a sa�da do tenente-coronel Marcos Pontes da pasta da ci�ncia (que dever� ser cedida aos partidos do centro), a participa��o dos militares dever� ser a t�nica at� o fim do mandato de Bolsonaro.

Em terceiro lugar, segundo relatos de integrantes da ativa das tr�s for�as, existe sim um senso de preserva��o da excelente imagem conquistada pela institui��o desde a redemocratiza��o, o que seria um ativo a ser preservado. Isso fica claro, por exemplo, no artigo de 28 de maio publicado no Estado de S�o Paulo de autoria do ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presid�ncia, para quem (...) o prest�gio e a admira��o que a sociedade lhes (as for�as) dedica foram constru�dos com sacrif�cio, trabalho e profissionalismo. (...) n�o se deixar�o tragar e atrair por disputas pol�ticas nem por objetivos pessoais, de grupos ou partid�rios.

Por fim, mesmo a rela��o que tinha tudo para ser conturbada entre os militares e os pol�ticos dos partidos de centro, parece caminhar em bastante harmonia.

Deve-se lembrar que o respons�vel pelo in�cio das negocia��es com o centr�o foi o pr�prio general Braga Netto, ministro da Casa Civil. J� se come�a a ouvir em Bras�lia a express�o “centr�o-verde-oliva” em alus�o aos pol�ticos que mant�m boas rela��es com os integrantes das for�as.

Ent�o, talvez um c�lculo simplista que deve parecer como jogo de damas para militares acostumados a estrat�gias xadrezistas �: se o Bolsonaro ficar, �timo. Se for impedido (desde que n�o seja pela cassa��o da chapa), quem assume � o general Mour�o, �timo tamb�m. Em nenhuma dessas situa��es parece haver incentivos reais para esse grupo aderir � ret�rica do n�cleo ideol�gico comandado pelos filhos do presidente.

N�o se est� arguindo aqui que os militares, em especial os que comp�em o Poder Executivo, n�o concordem com o presidente na ideia de que o STF esteja abusando de suas prerrogativas. Essa concord�ncia j� foi explicitada pelo general Heleno e pelo pr�prio vice-presidente, mas da� a achar que, por isso, a ruptura � quest�o de “quando” n�o parece razo�vel.

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