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Estado de Minas COLUNA

A��es desastrosas que desconsideram a ci�ncia ter�o seu pre�o em 2022

A nega��o da ci�ncia pela pol�tica n�o � algo novo no mundo e, levada ao campo das pol�ticas p�blicas, vai repercutir no resultado das elei��es de 2022.


28/12/2020 04:00 - atualizado 28/12/2020 07:06

Eleitor deverá se lembrar, como fez nas eleições municipais deste ano, de quem governou a favor e contra a ciência (foto: Fiocruz/Divulgação 2/6/20)
Eleitor dever� se lembrar, como fez nas elei��es municipais deste ano, de quem governou a favor e contra a ci�ncia (foto: Fiocruz/Divulga��o 2/6/20)


O ano de 2020 evidenciou que inexiste resposta para as grandes crises da humanidade fora do conhecimento gerado com base em evid�ncia cient�fica. Fazer pol�tica p�blica de costas para a ci�ncia tem um pre�o – sobretudo em vidas humanas – extremamente alto e inaceit�vel.

Interessante notar que antes da COVID-19, pol�ticos podiam passar relativamente ilesos de atua��es desastrosas por desconsiderar o conhecimento cient�fico.

Isso ocorria porque as consequ�ncias catastr�ficas, por exemplo, da nega��o do aquecimento global, dos efeitos mal�ficos da exposi��o cr�nica a agrot�xicos e da destrui��o dos biomas demoram bem mais do que oito anos.

Assim, no curto prazo, era perfeitamente poss�vel tomar decis�es absurdas e passar inc�lume. Neste ano, foi diferente e o pre�o veio nas urnas.

As elei��es municipais beneficiaram gestores p�blicos que levaram a pandemia a s�rio, como j� foi demonstrado nesse espa�o semanas atr�s. Administradores que n�o conseguiram organizar a��es de isolamento, viram seu sistema de sa�de colapsar muito mais r�pido e enfrentaram o resultado nas urnas de forma quase imediata.

No desespero, alguns pol�ticos buscaram solu��es pouco ortodoxas, como a administra��o de oz�nio no reto e o uso de antiparasit�rio, tudo sem nenhum fundamento cient�fico. Essa nega��o da ci�ncia pela pol�tica, de fato, est� longe de ser novidade.

A verdade � que cada �poca tem seu pr�prio oz�nio retal. Um bom exemplo foi a pol�tica adotada nos anos 20 por Stalin para a produ��o de trigo.

Com base na pseudoci�ncia de Trofim Lysenko, Stalin tentou alimentar a Uni�o Sovi�tica com trigo semeado no meio do inverno. Foi um fiasco que matou milh�es de pessoas de fome.

Lysenko criou sua pr�pria l�gica gen�tica, negando a biologia da hereditariedade descoberta por Mendel e depois desenvolvida por Darwin. Tudo porque o darwinismo era considerado pelo regime uma ci�ncia burguesa e capitalista.

� claro que o paralelo entre Brasil e Uni�o Sovi�tica tem limita��es. Somos uma democracia com pesos e contrapesos: ou seja, os governantes precisam seguir os limites legalmente constitu�dos – em especial os impostos pela Constitui��o Federal.

No entanto, parece que em diversas ocasi�es em 2020 esses limites foram testados. Como defender, por exemplo, a pol�tica publica de compra – e o incentivo ao uso – de um medicamento que foi recorrentemente desaconselhado pela ci�ncia para o tratamento do COVID-19?

Como n�o associar Lysenko com o ex-ministro e apoiador do governo Osmar Terra, que mesmo depois de parar na UTI pelo novo v�rus, continuou negando a necessidade de isolamento social e defendendo o uso da tal hidroxicoloriquina?

Tomar decis�es com base em evid�ncias � pressuposto para o funcionamento de uma democracia, mesmo que tais decis�es sejam contr�rias as cren�as dos governantes.

N�o importa qual a religi�o de um tomador de decis�o, � inaceit�vel o ensino do criacionismo nas escolas como verdade inconteste, muito menos a difus�o de inverdades como a de que a terra seja o centro do universo.

Da mesma forma, � absurda a ideia que fosse feita uma avalia��o da popula��o brasileira com base no percentual de cidad�os nascidos sob os ausp�cios de cada um dos signos do zod�aco.

Ou ainda, imagine que a dieta das escolas p�blicas fosse estabelecida com base no livro b�blico Lev�ticos, segundo o qual, carne de porco ou camar�o s�o sumariamente proibidos. Ainda n�o chegamos nesse ponto, mas 2020 trouxe alguns ind�cios de que estamos no caminho.

Isso porque, fora as cren�as, tomar decis�es com base em impress�es pessoais pode ser igualmente perigoso. O Brasil se aproxima rapidamente da marca de 200 mil mortos pelo COVID-19.

Mesmo sendo um n�mero alt�ssimo (s� atr�s de Estados Unidos e �ndia), � estatisticamente poss�vel que o leitor n�o conhe�a diretamente algu�m que tenha falecido, pois a popula��o brasileira � muito maior – aproximadamente 210 milh�es de pessoas.

Com base nessa experi�ncia pessoal, seria razo�vel um governante tratar a doen�a como banal ou uma gripezinha? Evidentemente que n�o.

Ainda assim, enquanto l�deres do mundo inteiro t�m incentivado a vacina��o, o presidente brasileiro insiste em fazer pouco caso da doen�a, da necessidade de imuniza��o e at� torcendo contra a efic�cia da vacina, que pode lhe trazer algum desgaste pol�tico caso funcione.

Ao prezado leitor s� posso desejar um 2021 de muita paz, sa�de e alegria; mas tamb�m razoabilidade para escolher seus representantes, j� que logo ali, em 2022, tem elei��o de novo. Bom lembrar quem governou a favor e contra a ci�ncia.




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