'Sem uma educa��o de qualidade, estamos condenando nossas crian�as e jovens � exclus�o social'

"H� 90 anos, quando nascia o jornal Estado de Minas, nem sequer t�nhamos uma educa��o p�blica bem estruturada. A pasta respons�vel pela �rea foi criada apenas em 1930, dividindo espa�o com a sa�de, sob o nome de Minist�rio dos Neg�cios da Educa��o e Sa�de P�blica. Passaram-se 23 anos at� a separa��o das duas �reas, sendo que a educa��o passou a ser gerida com a cultura, pelo Minist�rio da Educa��o e Cultura (MEC). Apenas em 1985, o MEC p�de de fato dedicar-se apenas � �rea.

Essa demora em ter um �rg�o executor dedicado �s pol�ticas educacionais sinalizava o quanto a educa��o demoraria a ser prioridade no pa�s. Um olhar comparativo sobre a alfabetiza��o pelo mundo mostra isso. Em 1950, o Brasil tinha s� 49% da popula��o alfabetizada. Os chilenos e argentinos, por outro lado, tinham taxas de 79% e 82%, respectivamente. O abismo fica ainda mais evidente quando nos comparamos � Inglaterra, que atingiu nossa taxa de 1950 tr�s s�culos antes! A fim de recuperar o tempo perdido, o Brasil esfor�ou-se para, nas d�cadas seguintes, incluir mais crian�as e jovens nas escolas. Ampliou a obrigatoriedade da matr�cula, definiu fontes de financiamento para a educa��o e criou outras pol�ticas educacionais para apoiar redes de ensino, como fornecer material did�tico �s escolas. Hoje, o ensino fundamental � praticamente universalizado e o acesso � pr�-escola segue o mesmo caminho.

Tudo isso deve ser comemorado, mas, se essas iniciativas aumentaram o n�mero de crian�as na escola, n�o conseguiram dar cabo � falta de qualidade na aprendizagem. A Avalia��o Nacional de Alfabetiza��o (ANA) de 2016 mostrou que 55% dos alunos entre 8 e 9 anos n�o sabiam ler nem fazer opera��es matem�ticas b�sicas esperadas para a idade. Como uma alfabetiza��o prec�ria reverbera em toda a trajet�ria escolar, n�o � de se espantar que as crian�as e os jovens abandonem a escola – dados do IBGE mostram que 40,8% dos jovens de 19 anos n�o tinham o ensino m�dio completo em 2017.

O quadro � urgente: sem uma educa��o de qualidade, que prepare para a vida, cidadania e mercado de trabalho, estamos condenando nossas crian�as jovens � exclus�o social e nosso pa�s a crises c�clicas e sobrepostas, como as que temos vivido nos �ltimos anos.

Mais emprego e renda, qualidade de vida e aprendizado para conviver em sociedade s�o avan�os que come�am nas salas de aula. E a virada de jogo nas crises pol�tica e econ�mica do pa�s, tamb�m. Precisamos mudar e mudar j�. Para isso, os pr�ximos governantes do Brasil e dos estados devem dar prioridade �s pol�ticas que fomentam o aprendizado dos estudantes e a valoriza��o de nossos professores.

"Mais emprego e renda, qualidade de vida e aprendizado para conviver em sociedade s�o avan�os que come�am nas salas de aula"

Priscila Cruz, cofundadora e presidente-executiva do Todos pela Educa��o

Sabemos o que precisa ser feito. Temos dados, evid�ncias e experi�ncia baseada em boas pr�ticas que est�o dando bons resultados, aqui mesmo no Brasil. Nesse sentido, o Todos Pela Educa��o lidera uma iniciativa com propostas priorit�rias para a educa��o dar um salto de qualidade com equidade – agenda suprapartid�ria que deve come�ar a ser implementada pelo governo federal em 2019, a fim de que d� resultados j� em 2023. Independentemente de quem sejam nossos pr�ximos governantes, a vit�ria precisa ser a prioridade para a educa��o. Negligenciar isso � descuidar do futuro do pa�s e, daqui a 90 anos, ver-se novamente na lanterna do desenvolvimento social."

Priscila Cruz, cofundadora e presidente-executiva do Todos pela Educa��o