Estado de Minas 90ANOS

Conhe�a as escolas p�blicas que contam a hist�ria de Belo Horizonte

Elas marcaram a trajet�ria de milhares de belo-horizontinos, ao ensinar aos filhos dos pioneiros da cidade e �s in�meras gera��es que se sucederam


postado em 18/10/2018 08:00 / atualizado em 18/10/2018 15:21

A hist�ria de Belo Horizonte se confunde com a de muitos de seus col�gios p�blicos tradicionais, alguns deles, centen�rios. Quem estudou neles coleciona casos de uma �poca de ouro ou de outras menos glamourosas, mas sempre permeadas pelo peso da tradi��o. Hoje, aqueles que lecionam nessas institui��es trabalham com a responsabilidade de estar � frente de mem�rias vivas da cidade. Em meio a erros e acertos, � busca da qualidade e do ensino de excel�ncia e aos desafios impostos, um ponto � certo: um dos marcos da educa��o passa pelo acesso � sala de aula, antes bem limitado. O primeiro grupo, o primeiro gin�sio, o primeiro col�gio foram pouco a pouco mudando essa realidade e levando para os bancos escolares a cara de v�rias gera��es. Hoje, a realidade dessas unidades vai de pr�dios reformados recentemente ou ainda em obras �queles que clamam por renova��o. Nada que apague, por�m, sua import�ncia na forma��o da capital.

Em 1947, o ent�o candidato � Prefeitura de Belo Horizonte Otac�lio Negr�o de Lima prometeu, durante campanha, dar aten��o aos mais necessitados da cidade. Naquela �poca, conforme narra o escritor Jos� Alberto Barreto em seu livro Col�gio Municipal, n�o havia gin�sios (o equivalente ao atual fundamental 2) gratuitos na capital. Mesmo os col�gios oficiais do estado cobravam mensalidade. O pol�tico prometeu fundar um educand�rio para adolescentes pobres ou de poucos recursos de BH. E cumpriu. Em 5 de maio de 1948, j� prefeito, sancionou a lei que criava o Gin�sio Municipal de Belo Horizonte.

Jos� Alberto Barreto relata que, no ano seguinte, o novo col�gio aceitou matr�culas para as quatro s�ries do gin�sio, em um total de 370 alunos. “Mas s� houve tr�s formandos da 4ª s�rie ginasial do turno da noite”, diz o autor. A turma tinha 17 estudantes, dos quais 13 chegaram �s provas finais. Dos tr�s aprovados, apenas um passou direto, sem recupera��o. A hist�ria da cria��o do que mais tarde seria conhecido apenas como Municipal e de outras escolas que marcaram �poca em BH (veja abaixo e ao lado) s�o exemplos de como a educa��o se transformou ao longo das d�cadas e se tornou direito do cidad�o e dever do Estado. “A escola mudou. Hoje, temos a possibilidade de ter todo mundo estudando. E isso cria desafios extraordin�rios para atendimento aos alunos, como aqueles de inclus�o. S�o quase 6 mil alunos com defici�ncia na rede municipal atualmente, em salas especializadas e com professores capacitados”, afirma a secret�ria de Educa��o de BH, �ngela Dalben.

O secret�rio de Estado da Educa��o, Wieland Silberschneider, diz que para falar de trajet�ria da educa��o no pa�s � preciso lembrar os pioneiros, como An�sio Teixeira e Cec�lia Meireles, que h� mais de 80 anos, em 1932, j� traziam o ensino como uma agenda desafiadora para o pa�s. O secret�rio lembra que somente em 1988, com a Constitui��o Federal, foram estabelecidas bases para uma educa��o de qualidade para todos. E h� 20 anos, com a cria��o do Fundo de Manuten��o e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valoriza��o do Magist�rio (Fundef), posteriormente substitu�do pelo Fundeb, foram criadas as condi��es iniciais para garantir o acesso a esse direito. “Hoje caminhamos na dire��o de oferecer uma educa��o integral �s crian�as e jovens, que tenha a capacidade de promover a eleva��o do desempenho e a inclus�o social, o que inclusive era o desejo dos pioneiros que citei”, diz.

“Sobre isso, h� dois pontos importantes que podemos refletir neste momento: um � pol�tico, porque a educa��o � uma �rea estrat�gica, e em disputa; assim, h� em nossa hist�ria ciclos de reafirma��o do direito de todos os cidad�os a esse bem, mas h� tamb�m ondas de desmonte, como a que passamos recentemente com a redu��o dos gastos com a �rea, em 20 anos”, diz. Outro aspecto, segundo Silberschneider, diz respeito � pr�tica pedag�gica e ao curr�culo. “J� se tornou lugar- comum dizer que nossa escola tem a mesma configura��o desde o s�culo 19, e isso � fato. O desafio hoje � promover a aprendizagem efetiva dos estudantes e oferecer suporte para a constru��o de seu projeto de vida, dialogando com revolu��o digital do terceiro mil�nio e promovendo habilidades e compet�ncias, em constru��o desde o s�culo 20.”

Col�gio Municipal de BH

(foto: Marcos Michelin/EM - 27/12/05)
(foto: Marcos Michelin/EM - 27/12/05)

Criado em 1948 como Gin�sio Municipal de Belo Horizonte. Foi o primeiro col�gio gratuito da capital a oferecer o hoje equivalente ao segundo ciclo do ensino fundamental. Funcionou em um casar�o no Parque Municipal, que tinha abrigado a comiss�o construtora da capital no in�cio do s�culo e foi reformado para se tornar a primeira sede da escola. Em meados de 1954, o prefeito Am�rico Ren� Giannetti o transferiu para o Bairro da Lagoinha, na Regi�o Noroeste. Posteriormente, teve o nome alterado para Col�gio Municipal de Belo Horizonte e funcionou na Lagoinha at� ser transferido para o pr�dio do ex-Col�gio Marconi, no Bairro Gutierrez (Oeste da capital). Voltou para a Regi�o Noroeste tempos depois, desta vez para o Bairro S�o Crist�v�o.

Col�gio Municipal Marconi 

(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)

Fundado em 1939 como institui��o particular, chamava-se originalmente Col�gio Marconi e foi constru�do por italianos, com dinheiro vindo diretamente do chefe do Partido Nacional Fascista da It�lia, Benito Mussolini (1883-1945), para atender � comunidade daquele pa�s residente em BH. Durante a 2ª Guerra Mundial, foi desapropriado pela prefeitura, que o transformou em Col�gio Municipal Marconi. A briga foi parar na Justi�a, que deu vit�ria � administra��o municipal. Funcionou como col�gio por mais de 30 anos at� receber o nome original. A escola, localizada no Bairro Gutierrez (Regi�o Oeste), tem a forma de uma �guia, s�mbolo do fascismo. Na �poca da guerra, a cabe�a foi descaracterizada, ficando apenas as asas, que formavam a letra M, de Mussolini.

Escola Municipal Imaco 

(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 25/1/07)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 25/1/07)

O Instituto Municipal de Administra��o e Ci�ncias Cont�beis (Imaco) foi constru�do no in�cio da d�cada de 1950, com o objetivo de oferecer cursos t�cnicos. Foi alvo de protestos ecol�gicos na �poca, por estar dentro dos limites do Parque Municipal (foto). Durante d�cadas foi destaque na capital por seu corpo docente capacitado e diferenciado. Desativada em 2010, a institui��o foi transferida para a Rua Gon�alves Dias, no Bairro de Lourdes, Regi�o Centro-sul da cidade. Em mar�o deste ano, devido a rachaduras no pr�dio, os alunos foram novamente transferidos para o pr�dio da antiga Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich), no Bairro Santo Ant�nio.

Escola Estadual Bar�o do Rio Branco 

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 3/4/18)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 3/4/18)

Foi criada em 1906, com o objetivo de  acolher os filhos dos funcion�rios transferidos para a nova capital. Inicialmente foi instalado na Avenida Liberdade – hoje, Avenida Jo�o Pinheiro. Em 15 de julho de 1914, a institui��o foi transferida para o pr�dio definitivo, na Avenida Get�lio Vargas, na Savassi, Regi�o Centro-Sul de BH. A edifica��o de estilo neocl�ssico foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG), em mar�o de 1988. O pr�dio, que ocupa �rea de aproximadamente 4,6 mil metros quadrados, mant�m ainda uma fachada primorosa, onde se destaca o frontisp�cio com as armas da Rep�blica, do estado de Minas e do munic�pio. 

Escola Estadual Afonso Pena

(foto: Marcos Michelin/EM - 27/12/05)
(foto: Marcos Michelin/EM - 27/12/05)

O pr�dio da Escola Estadual Afonso Pena, na Avenida Jo�o Pinheiro, na Regi�o Centro-Sul, tem a idade de Belo Horizonte. Inaugurada em 1897, a unidade apresenta arquitetura semelhante � das primeiras constru��es da capital. Em 1906, o pr�dio passou por adequa��es para instala��o de um estabelecimento de ensino. Em janeiro de 1914, recebeu a denomina��o de Grupo Escolar Afonso Pena. Uma casa na esquina da Rua Aimor�s foi adquirida da fam�lia do pol�tico Afonso Pena (1847-1906) pelo governo do estado, em 1926, para ampliar a escola. Essa edifica��o, por suas caracter�sticas, provavelmente foi constru�da para moradia de autoridades. O conjunto de edifica��es da Avenida Jo�o Pinheiro e �rea adjacente, constitu�do pela Escola Afonso Pena e outros im�veis, foi tombado pelo Decreto Estadual 23.260, de 1º de dezembro de 1983.

Col�gio Estadual Central

(foto: Euler Júnior/EM/DA Press - 22/6/16)
(foto: Euler J�nior/EM/DA Press - 22/6/16)

A escola mant�m caracter�sticas do projeto original de Oscar Niemeyer, inaugurado em 1956. A unidade que abriga as salas de aula lembra uma r�gua, o audit�rio tem forma de mata-borr�o, enquanto a caixa d’�gua remete a um giz. A hist�ria do Estadual come�ou em 1854, com a instala��o do Liceu Mineiro em Ouro Preto. Em 1890, decreto suprimiu o antigo Liceu e criou um estabelecimento de instru��o secund�ria, dividido em internato, em Barbacena, e externato, na antiga capital do estado, Ouro Preto. Em 1898, o externato foi transferido para BH e em mar�o de 1943 foi autorizado a funcionar com a denomina��o de Col�gio Estadual de Minas Gerais. Em mar�o de 1956, passou a funcionar no local atual, no Bairro de Lourdes, Centro-Sul da capital. 

Escola Estadual Pedro II

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

� uma das mais tradicionais de Belo Horizonte. Inaugurada em 1926, com o nome de Grupo Escolar Dom Pedro II, come�ou suas atividades com oito classes, um total de 350 alunos, transferidos do Grupo Escolar Henrique Diniz, da capital. O pr�dio foi constru�do em estilo neocolonial, de acordo com as correntes nacionalistas da �poca, que buscavam a reafirma��o da ideia de na��o. Projetado pelo arquiteto portugu�s Carlos Santos, o pr�dio, na Regi�o Hospitalar de BH, exibe elementos da arquitetura barroco-rococ�, como as portadas em pedra-sab�o, os front�es t�picos das igrejas coloniais de Minas e azulejos de inspira��o portuguesa.

Instituto de Educa��o de Minas Gerais

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 11/2/09)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 11/2/09)

A escola foi fundada em 1906, inicialmente exclusiva para mulheres que cursavam o magist�rio. O edif�cio, tombado em n�vel estadual em 1982, come�ou a ser constru�do em 1897, quando foi destinado a abrigar o Gin�sio Mineiro que se transferia de Ouro Preto para a nova capital. Projetado pelo arquiteto Edgar Nascentes Coelho em estilo ecl�tico, usava diversos estilemas arquitet�nicos e ornamentais da tradi��o neocl�ssica europeia. Para abrigar a escola Normal Modelo, passou por profundas interven��es definidas pelo arquiteto Carlos Santos. O pr�dio fica na esquina de Avenida Afonso Pena com Rua Pernambuco, no Centro da capital. 


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