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Estado de Minas

Controle biol�gico de pragas j� representa 5% dos agroqu�micos

Mercado ganha corpo como neg�cio de agroqu�micos registrados no Minist�rio da Agricultura


postado em 14/09/2015 06:00 / atualizado em 14/09/2015 15:14

Cartelas com ovos do Trichogramma: vespas nascem e ajudam no combate de lagartas(foto: Guilherme Viana/Divulgação)
Cartelas com ovos do Trichogramma: vespas nascem e ajudam no combate de lagartas (foto: Guilherme Viana/Divulga��o)
M�nica Pletschette produz hortali�as h� mais de 20 anos. Ela � dona da Org�nicos do Fradhe, alimentos sem agrot�xicos que comercializa em feiras livres da capital. No s�tio, em Sarzedo, na Grande BH, o controle biol�gico � feito pela pr�pria natureza. Todos os organismos importantes para impedir a prolifera��o de pragas e doen�as est�o l�, onde o ambiente � cercado por matas, naturalmente equilibrado. Apesar de essa n�o ser a realidade do cultivo agr�cola em larga escala, a boa not�cia � que, no pa�s l�der mundial no consumo de agrot�xicos, produtores que n�o se beneficiam do mesmo ecossistema do Fradhe j� podem comprar insetos, fungos e bioinseticidas e realizar o controle natural da lavoura.

O mercado de defensivos agrobiol�gicos ainda � t�mido, representa perto de 5% do total, movimentando cerca de US$ 200 milh�es ao ano. Apesar de a cifra n�o se comparar ao bilion�rio mundo dos agroqu�micos, a demanda vem avan�ando. Dados do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) mostram que em 2010, 2% dos produtos registrados no �rg�o eram ligados ao controle natural de pragas e doen�as. Cinco anos depois, o percentual mais que dobrou, passando para os 5%.

Dos importadores a pequenos consumidores, a busca por alimentos com menor margem de res�duos qu�micos � crescente, e, no pa�s, pelo menos 50 fabricantes j� oferecem essa op��o ao agroneg�cio, segundo a Associa��o Brasileira das Empresas de Controle Biol�gico (ABCBio).

Especialistas acreditam que a press�o deva ser um impulso para o crescimento do setor, j� que o m�todo n�o � prejudicial � sa�de. “Alimentos com menor n�vel de agrot�xico j� s�o uma exig�ncia do mercado de commodities. Quanto mais essa demanda crescer tamb�m entre a popula��o, maior deve ser a utiliza��o do recurso natural”, observa Luiz Alexandre de S�, pesquisador na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa) Meio Ambiente. Segundo ele, quando uma popula��o cresce demais, acaba se tornando uma praga. Assim, uma das formas de atua��o do controle biol�gico � feita com a libera��o de organismos vivos para baixar a quantidade do inseto, fungo ou qualquer outro agente que est� devorando a lavoura, destruindo a renda do produtor.

O controle natural de doen�as e pragas � feito de forma alternada com os agroqu�micos, reduzindo o
Para Fernando Urban, alternativa contribui para um cultivo sustentável(foto: Farroupilha/Divulgação)
Para Fernando Urban, alternativa contribui para um cultivo sustent�vel (foto: Farroupilha/Divulga��o)
n�mero de aplica��es. Em Minas, desde incubadoras em universidades at� empresas de grande porte est�o investindo no segmento. Em Patos de Minas, no Alto Parana�ba, o Laborat�rio Farroupilha oferece alternativas naturais para a lavoura desde 2006. “Sabemos que n�o � poss�vel deixar de usar os defensivos qu�micos em larga escala, mas o controle natural reduz o n�mero de aplica��es de agroqu�micos e contribui para um cultivo mais sustent�vel”, observa Fernando Urban, diretor-executivo da empresa.

O grupo Farroupilha, que tamb�m atua no agroneg�cio, utiliza o controle biol�gico com resultados eficientes em lavouras como caf�, milho e algod�o desde 2004. Entre os produtos do portf�lio, est�o fungos que controlam microrganismos causadores de doen�as no solo, melhoram o enraizamento da planta, reduzindo at� o estresse h�drico, al�m de bacilos e inoculantes naturais, que garantem maior produtividade. Fernando Urban acredita que, em 25 anos, o avan�o do controle natural tende a ser exponencial. “A curva do qu�mico e do natural ainda vai se cruzar. Muitos produtores ainda t�m resist�ncia, porque n�o acreditam nos resultados.”

FUTURO PROMISSOR

O potencial de crescimento do controle biol�gico vem se fortalecendo, e um sinal � dado por grandes players do mercado, como � o caso da FMC, produtora de agroqu�micos, que tamb�m est� atuando no controle natural; e da multinacional Bayer CropScience, que h� dois anos entrou para o segmento. Alessandro Moreto, gerente de Clientes de Hortifr�ti da multinacional, diz que um dos l�deres do portf�lio � um fungicida biol�gico aplicado em frutos e hortali�as, como tomates, morangos, cenouras, piment�es e batatas. “Os produtos duram mais e n�o h� res�duos, o que favorece a entrada dos alimentos em grandes redes do varejo”, observa.

No Norte de Minas, o agricultor Dirceu Colares cultiva bananas h� 19 anos. Ele conta que os defensivos naturais foram respons�veis pela �nica resposta eficiente que encontrou para o “mal do panam�”, doen�a que provoca a morte da fruta. Ele ainda utiliza o trichogramma – nome cient�fico de pequena vespa usada para combater lagartas – e, tamb�m com o controle biol�gico, est� vencendo o bicudo, inseto que ataca as ra�zes das bananeiras. “Para mim, o custo/benef�cio foi excelente. O �nico produto que resolveu o problema.”

Oportunidade no caminho das fazendas

O Brasil est� entre os maiores produtores mundiais de alimentos e � o segundo maior exportador. A safra de gr�os, estimada em mais de 200 milh�es de toneladas para este ano, tamb�m acende um sinal amarelo. O pa�s � um gigante no consumo de agroqu�micos, est� no topo do ranking. Na �ltima d�cada, segundo dados compilados pelo Instituto Nacional do C�ncer (Inca), o mercado de agrot�xicos do pa�s cresceu 190%, ritmo mais acentuado do que o do mercado mundial no mesmo per�odo (93%).

Walter Matrangolo, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, aponta que uma das formas de controle biol�gico � feita com o trichogramma, que impede a prolifera��o de lagartas que devoram as folhas, como a helicoverpa, que causou grandes preju�zos �s lavouras. Ele considera que os efeitos dos agrot�xicos no meio ambiente s�o conhecidos quanto � destrui��o da biodiversidade, mas ainda n�o s�o muito claros na sa�de humana. “Ainda assim, o consumidor est� mais bem-informado, o que tem provocado uma demanda maior por produtos que t�m menos agrot�xicos”, diz o pesquisador.

Samantha Bretas � s�cia-propriet�ria da incubadora TBio na Universidade Federal de Lavras (Ufla). Em 2016, a empresa se prepara para lan�ar dois produtos, um bioinseticida e outro bioprotetor para a cultura do caf�. O bioinseticida est� em fase de teste, j� o bioprotetor, que forma uma capa em volta do gr�o maduro com a utiliza��o de fungos, obteve resultados eficientes em capo. Para Samantha, o setor agr�cola ainda � tradicional, mas aos poucos vai experimentando novos produtos.

Na opini�o de especialistas, o fato de, no passado, produtos de pouca qualidade n�o oferecerem a efici�ncia prometida, acabou deixando um estigma. Mas, atualmente, o problema foi superado. E o estigma foi vencido com a profissionaliza��o. (MC)


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