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Estado de Minas

Crise semeia preocupa��o no setor

Retra��o nas vendas de sementes de soja j� chega a 10% neste ano frente a igual per�odo de 2014. Apesar do cen�rio ruim, agricultores ainda optam por tecnologia e qualidade


postado em 05/10/2015 06:00 / atualizado em 14/10/2015 18:50

A multinacional Advanta vai investir R$ 200 milhões no mercado brasileiro, apesar do cenário ruim(foto: Advanta/Divulgação)
A multinacional Advanta vai investir R$ 200 milh�es no mercado brasileiro, apesar do cen�rio ruim (foto: Advanta/Divulga��o)

A crise chegou ao setor de sementes, que vive um momento dif�cil com a instabilidade do cen�rio econ�mico e a disparada do d�lar. Fabricantes nacionais e grandes multinacionais j� est�o lidando com uma alta nos custos e queda no faturamento. Carro-chefe no pa�s, as vendas de sementes de soja, respons�veis por 37% do faturamento do setor, apresentaram recuo de 10% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado.

O presidente da Associa��o Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto, explica que boa parte dos insumos agr�colas � negociada em d�lar. “A alta da moeda para um patamar acima de R$ 4 agravou ainda mais a situa��o do setor. Os custos aumentaram, ao mesmo tempo em que o acesso ao cr�dito ficou mais restrito”, disse. Para Barison, a melhor remunera��o em real para os produtores � uma “ilus�o” diante do aumento de cerca de 20% nas despesas da produ��o. “� preciso reduzir custos e, ao mesmo tempo, oferecer sementes com tecnologia, para n�o perder a qualidade”, disse.

No entanto, o setor prev� que os cortes realizados pelo governo v�o impactar nas a��es de pesquisa do segmento. “Mesmo em um ano dif�cil, o produtor sabe que n�o pode prescindir dessa tecnologia, sob pena de perder efici�ncia e competitividade”, observa Jos� Am�rico Pierre Rodrigues, presidente-executivo da Abrasem. Segundo ele, na composi��o do custo de produ��o, o valor investido em sementes, em tecnologia de ponta, � baixo. “Compensa muito investir em qualidade e n�o correr riscos”, disse.

A associa��o alerta para o risco da pirataria de sementes no pa�s. “O risco para a pesquisa que n�s vemos no Brasil � o crescente n�vel de pirataria em culturas como a soja e o milho, j� que pode ocasionar problemas fitossanit�rios e baixa produtividade, com reflexo negativo na qualidade e na colheita de commodities, que t�m um peso enorme nas nossas exporta��es”, observa Pierre Rodrigues.

Para Diana Werner,da Isla Sementes, alta nos custos e mudanças climáticas são ruins (foto: Isla Divulgação)
Para Diana Werner,da Isla Sementes, alta nos custos e mudan�as clim�ticas s�o ruins (foto: Isla Divulga��o)
PREVIS�ES

Para o gerente adjunto de Mercado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa) Produtos e Mercado, Rafael Vivian, o produtor brasileiro est� mais cauteloso com a semeadura. Segundo ele, o pre�o de commodities est� um pouco abaixo do praticado nos �ltimos anos. “A safra da soja nos Estados Unidos deixa o mercado ainda mais retra�do, j� que, quando a disponibilidade da semente � alta l�, com altos estoques, o produtor p�e os p�s no freio aqui”, observa. Segundo ele, a tend�ncia � que o pa�s invista menos na soja, j� que � o maior exportador da semente, ao lado dos EUA. “H� ainda a influ�ncia da economia da China, principal importadora de milho e soja brasileiros”, aponta.

Rafael avalia que o setor agr�cola como um todo vem sentindo a press�o econ�mica, principalmente em rela��o � limita��o de financiamento e a riscos associados, como o impacto direto nos pre�os das commodities e outros cultivos. Ele afirma que os custos de produ��o e instala��o da lavoura sofrem diretamente com a crise econ�mica. “No cen�rio atual, o pequeno produtor abre prerrogativas para baratear os custos da lavoura. Ele passa a usar sementes pr�prias, o que � permitido pela lei, em vez de investir em compras, especialmente das transg�nicas, j� que elas t�m ainda o custo associado � biotecnologia”, explica.

Ainda segundo Rafael Vivian, as sementes envolvem 15% do custo de uma lavoura. Quanto �s previs�es para o mercado de sementes, o gerente da Embrapa informou que a instabilidade do cen�rio econ�mico brasileiro dificulta a an�lise para os pr�ximos meses e recomenda aos produtores cautela para n�o comprometer a situa��o econ�mica da lavoura. “A disponibiliza��o do Plano Safra pelo Minist�rio da Agricultura pode trazer um respiro para o setor e ser usada para aumentar o plantio de �reas”, destaca. Para o Plano Safra 2015/2016, ser�o destinados R$ 187,7 bilh�es, ante os R$ 156,1 bilh�es do ciclo anterior.

PREOCUPA��ES


Quem produz e negocia semente tamb�m reclama. Segundo Cl�udio Zago, diretor do Neg�cio de Sementes do Grupo Agroceres (Biomatrix e Santa Helena), com unidades de produ��o de milho em Patos de Minas e Ipia�u, o alto custo de produ��o deve provocar redu��o na safra de ver�o e o aumento na safrinha. Segundo ele, a diminui��o deve chegar aos 15% na safra de ver�o, alcan�ando uma �rea de 16 milh�es de hectares, e um aumento de 10% na safrinha, com 9 milh�es. “O ver�o tem declinado a produ��o de milho, � medida que a soja aumenta”, disse.

Na avalia��o da presidente da ga�cha Isla Sementes, Diana Werner, o segmento � fortemente afetado pela situa��o clim�tica cr�tica. “H� outras dificuldades, como a alta nos custos de transporte, bem como de muitos insumos b�sicos, e a alta do d�lar, que tende a acelerar a infla��o”, afirma.

Em meio �s dificuldades diante da crise e da alta competitividade, a multinacional Advanta Sementes ainda aposta no potencial produtivo da agricultura brasileira. Tanto que anunciou no m�s passado a sua estreia no mercado nacional de soja. Claudio Torres, CEO global, confirmou investimentos de R$ 200 milh�es no Brasil nos pr�ximos anos. Pesquisa e desenvolvimento e produ��o s�o as �reas que receber�o uma parte consider�vel desse valor.

No Brasil, a empresa tem esta��o de pesquisa e desenvolvimento em Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro. “Do montante investido, R$ 100 milh�es v�o para o melhoramento gen�tico em Minas e no Mato Grosso”, disse Edison Kopacheski, CEO da Advanta Sementes no Brasil.

Com o nome de Vereda, a linha de sementes de soja contar� inicialmente com duas variedades com estreia comercial em 2016 e com volume dispon�vel para cobrir 60 mil hectares. Antes, por�m, pequenos volumes de semente ser�o distribu�dos gratuitamente para at� 600 produtores rurais. “A ideia � apresentar o produto para os agricultores. Em todo o pa�s, isso deve representar cerca de 5 mil hectares”, revela.

A Monsanto tamb�m pretende manter os investimentos no Brasil. A previs�o de aportes da empresa em seus neg�cios no pa�s est� em torno de US$ 150 milh�es. Parte deste valor ser� direcionada para a unidade de produ��o de sementes em Paracatu, no Noroeste mineiro. “Estes investimentos s�o consistentes com os �ltimos anos devido a vis�o de longo prazo da empresa”, observa Leonardo Bastos, diretor de Marketing da Monsanto.


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