
Segundo maior produtor de abacate do pa�s, Minas Gerais est� despontando na fabrica��o do �leo obtido da fruta. Trata-se de uma alternativa que abre horizontes de ganho para os fruticultores, como aposta ancorada no crescimento da oferta e da procura pelo consumidor. O estado produziu 36,6 mil toneladas de abacate no ano passado, atr�s apenas de S�o Paulo, e, para 2015, a expectativa � de expans�o de 8%, representando um balan�o de 39,6 mil toneladas, de acordo com a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
Para o coordenador t�cnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny San�bio, o abacate vem quebrando paradigmas, a despeito da fama de alimento cal�rico e de alto teor de gordura. “Nesses quesitos, n�o � uma fruta t�o discrepante quando comparada �s outras. Al�m disso, o �leo tem 1.001 fun��es, principalmente na ind�stria farmac�utica e de cosm�ticos e, agora, � usado na gastronomia como alternativa ao azeite de oliva”, ressalta.
O engenheiro agr�nomo Adelson Francisco de Oliveira, coordenador dos estudos pioneiros com �leo de abacate da Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig), afirma que a queda no pre�o do produto em anos de supersafra deve favorecer a extra��o do �leo. “Em geral, os abacates in natura s�o comprados no p� a pre�os muito baixos, o que, de certa forma, desestimula o produtor rural”, disse. Em 2014, foram comercializados na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) em torno de 6,2 mil toneladas de abacates ao pre�o m�dio de R$ 3 por quilo em janeiro e dezembro. Nos demais meses, a cota��o foi equivalente � metade desse valor.

Oliveira aponta o baixo custo como uma das principais vantagens da extra��o do �leo e observa que o produto pode, tamb�m, ser armazenado para consumo na alimenta��o ou na ind�stria de cosm�ticos durante 12 meses, ou um pouco mais que isso, quando bem acondicionado. O �leo de abacate extra�do pelo sistema de centrifuga��o possibilita um produto de alt�ssima qualidade, dispon�vel imediatamente para o consumo, mediante as etapas de padroniza��o e embalagem adequada ao mercado varejista.
Ainda de acordo com o pesquisador, al�m da possibilidade de introduzir o �leo de abacate puro, extravirgem, como substituto do azeite de oliva, ele poderia ser usado tamb�m para obten��o do composto �leo de abacate e azeite de oliva, em lugar das misturas realizadas com outros �leos vegetais, principalmente o de soja. “A agroind�stria do �leo de abacate apresenta boas perspectivas em Minas Gerais, em raz�o da oferta de mat�ria-prima durante todo o ano, al�m de utilizar os mesmos equipamentos aplicados na extra��o do azeite de oliva, cujas safras ocorrem em per�odos diferentes do ano”, conclui.

Procura e pre�os em alta Ricardo Martins, chefe da Se��o de Informa��o de Mercado da CeasaMinas, observa que a procura pela fruta tem aumentado nos �ltimos dois anos. De janeiro a outubro �ltimo, a oferta de abacate cresceu 4,9%, quando foram comercializadas 5,3 mil toneladas, ante 5,1 mil toneladas no mesmo per�odo de 2014. Com a alta da demanda, o pre�o tamb�m subiu. Neste ano, a fruta � vendida ao pre�o m�dio de R$ 2,55 por quilo, frente a R$ 1,48 por quilo em 2014, o que representa valoriza��o de 72% na cota��o do atacado.
“O crescimento da demanda com a maior divulga��o dos benef�cios da fruta for�ou a alta e, al�m disso, muito comprador paulista tem retirado o produto aqui na Ceasa”, disse Martins. S�o seis os munic�pios que produzem e fornecem abacate para o entreposto: Itaverava, Carm�polis de Minas, Manhua�u, Santa B�rbara do Leste, Simon�sia e Ouro Branco, respons�veis por mais de 50% do total ofertado.
Fruticultor financia estudos na academia
Em alguns pa�ses, o �leo de abacate j� � usado na alimenta��o humana, na forma de temperos ou na coc��o e fritura de alimentos. O produto � largamente utilizado na ind�stria de cosm�ticos, sobretudo na fabrica��o de sab�o, cremes, lo��es para a pele e cabelo. No Brasil, � poss�vel encontrar o �leo principalmente em estabelecimentos comerciais especializados, entretanto, segundo os pesquisadores, � importante trabalhar por sua populariza��o, com a produ��o em maior escala. O aumento do consumo levaria � diminui��o dos custos de produ��o e � amplia��o da oferta.

“O mercado brasileiro tem espa�o para o consumo na alimenta��o do �leo de abacate de qualidade. Nos Estados Unidos � comum ver o produto em supermercados e o consumo vem aumentando", comenta. Jos� Carlos conta que vai usar equipamentos de fabrica��o nacional, incluindo o despolpador de frutos.
Eduardo Facci, produtor da Fazenda Bonela, em Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas, pensa em aderir � proposta e, inclusive, j� forneceu material para pesquisas. Ele planta abacate em seis fazendas h� mais de 40 anos em S�o Paulo. “Por enquanto, a procura do produto in natura est� em alta. Se cair, podemos pensar na extra��o de �leo como uma alternativa”, disse.
Quem � ele
O abacate � rico em minerais, como ferro, c�lcio e f�sforo, em fibras sol�veis, fitoester�is e lip�dios (gordura). O consumo da fruta auxilia na redu��o dos n�veis do colesterol ruim (LDL) e na eleva��o do colesterol bom (HDL), diminuindo o risco de doen�as cardiovasculares. Al�m disso, a vitamina E, um antioxidante natural, somada � vitamina A, torna o �leo um composto capaz de prevenir doen�as oftalmol�gicas, como catarata e cegueira noturna. O produto pode, ainda, favorecer o emagrecimento, pois auxilia na diminui��o da absor��o de colesterol pelo intestino, mas seu consumo deve ser controlado, pois � um alimento muito cal�rico.