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Estado de Minas

Pragas avan�am com a seca e desafiam ind�stria do pequi

Perdas neste ano alcan�am 60% da colheita no Norte de Minas, onde os agricultores pedem ajuda a pesquisadores para controlar o ataque �s �rvores e evitar preju�zo tamb�m em 2016


postado em 14/12/2015 06:00 / atualizado em 14/12/2015 07:59

Cadeia produtiva do fruto típico do cerrado é fonte de receita de para mais de 5 mil famílias no estado(foto: Divulgação/Sebrae)
Cadeia produtiva do fruto t�pico do cerrado � fonte de receita de para mais de 5 mil fam�lias no estado (foto: Divulga��o/Sebrae)
O brilho do fruto conhecido como ouro do cerrado depende, agora, da boa vontade de S�o Pedro. H� quatro anos sem chuva, o Norte de Minas sofre com a seca e os efeitos da estiagem sobre a explora��o do pequi, t�pico do cerrado brasileiro. Fonte de renda para cerca de 5 mil fam�lias da regi�o, a iguaria ganhou clientela no Brasil e no exterior, mas m�ngua no p� e, de acordo com os agricultores, aumenta o n�mero de pragas na regi�o. Na safra passada, entre novembro e fevereiro, muitos extrativistas perderam cerca de 60% da colheita em raz�o da crise h�drica. Entidades envolvidas na atividade e produtores pedem a ajuda de pesquisadores na investiga��o e no controle de doen�as que comprometem a tradi��o do pequi mineiro.

Considerada explora��o econ�mica ambientalmente sustent�vel, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa), a cultura do fruto tem import�ncia socioecon�mica em toda a cadeia de produ��o, da coleta, transporte, beneficiamento e comercializa��o ao consumo, tanto do fruto in natura quanto dos derivados. Em Minas Gerais, o fruto s�mbolo do cerrado � encontrado em maior quantidade na regi�o de Montes Claros, Norte do estado, com destaque para o munic�pio de Janpovar. A esp�cie � protegida por lei em Goi�s, mas, segundo a central de cooperativas de produtores Central do Cerrado, ela vem sendo dizimada, principalmente nas �reas de expans�o agr�cola.

“O nosso pequi tem aceita��o muito boa. � nesta �poca do ano que saem daqui muitos caminh�es com o fruto para Goi�s, Bahia, S�o Paulo”, orgulha-se o agricultor e extrativista Aparecido Alves de Souza, presidente da Cooperativa Grande Sert�o e da Uni�o das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solid�ria. A preocupa��o vem dobro neste ano devido ao desempenho j� ruim da �ltima safra. “Sofremos h� quatro anos com a seca. A nossa colheita na �ltima safra foi bem inferior, e, com certeza, h� influ�ncia h�drica nisso. Em algumas cidades, como Janu�ria, houve ataque de pragas, e n�o sabemos o que era, por isso, chamamos as universidades para nos ajudar”, conta.

O extrativista Jos� Ant�nio Alves dos Santos, coordenador do Programa Pr� Pequi de Montes Claros, estima perdas de 60% da colheita. Pesquisadores estudam, agora, o que ocorreu e o tipo de praga que atacou os pequizeiros. “Suspeitamos de que, em algumas cidades da regi�o, foi o besouro que fez o estrago; noutras, o gafanhoto. N�o temos certeza de nada”, comenta Santos.

Cooperativa de Japonvar, principal produtor em Minas, mantém unidade de separação e beneficiamento do fruto(foto: Sebrae/Divulgação 17/8/04)
Cooperativa de Japonvar, principal produtor em Minas, mant�m unidade de separa��o e beneficiamento do fruto (foto: Sebrae/Divulga��o 17/8/04)
FAMA Enquanto o problema est� sendo analisado, o Norte de Minas se esfor�a para dar ainda mais fama � iguaria. “� um fruto que ainda est� restrito a alguns locais, sendo mais comercializado regionalmente”, comenta a agr�noma e assessora da Federa��o dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Adriana Santos Nascimento Pereira.
Entidades ligadas aos coletores da fruta tra�am estrat�gias de divulga��o para a iguaria em 2016. “� um fruto que, al�m de afrodis�aco, tem muita vitamina A e E, e acaba servindo como antian�mico”, destaca Adriana. Ela compara a fama do Pequi � do a�a�, j� conhecido Brasil afora. “Precisamos fazer com que o fruto do cerrado tenha a mesma for�a que aquele que veio da Amaz�nia, por isso a divulga��o dele � t�o importante”, diz.

Outra a��o visa ao ingresso do pequi na merenda escolar do Norte de Minas. “O arroz com pequi pode ser um bom prato para as crian�as do Norte e estamos trabalhando nisso”, diz Aparecido Alves de Souza. Ainda que preocupados com o que pode vir pela frente neste per�odo de safra, extrativistas orgulham-se dos ganhos que t�m com o pequi. Nesta �poca do ano, os produtores costumam apurar o maior rendimento. N�o exisem n�meros precisos sobre a abrang�ncia da coleta e comercializa��o do fruto. No Norte mineiro, h� estimativas de que cerca de 5 mil fam�lias se dediquem � colheita da fruta.

“N�o se trata de um dinheiro que d� para comprar um carro novo, mas � suficiente para a feira durante todo o ano. As minhas netas, por exemplo, ajudam na colheita e, com o que ganham, compram material escolar”, conta Santos.
As fam�lias ganham, em m�dia, cerca de R$ 2 mil por safra. “Meu cunhado conseguiu, no ano passado, ganhar R$ 30 mil”, revela o coordenador do Programa Pr� Pequi. Quando a safra est� no come�o, como agora, o pre�o da caixa contendo uma d�zia de frutos, com 25 quilos, � vedida a R$ 50. “� medida em que a safra vai aumentando, o valor diminui, podendo chegar a R$ 15 a caixa”, explica Santos.

Ouro do cerrado nos EUA e Jap�o

A colheita do pequi, feita � medida em que os frutos caem no ch�o, tornou-se fonte de trabalho para toda a fam�lia. Homens, mulheres e crian�as se re�nem, algumas vezes acampando pr�ximo aos pequizais, onde permanecem durante toda a safra. Em v�rias cidades do Norte de Minas, ocorrem festas da culin�ria regional para celebrar o fruto.

Antigamente, o pequi s� era comercializado durante a safra, mas o per�odo de curta dura��o deixava catadores sem a sua fonte de renda. A situa��o dos agricultores na entressafra preocupou pesquisadores do Departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Surgiu, ent�o, em 2006, um projeto voltado para o processamento agroindustrial da polpa de pequi e a fabrica��o de conservas.

Desde ent�o, com a prepara��o do alimento em conserva (polpa e fruto inteiro), emergiu uma cadeia produtiva do pequi, que ganha outros derivados al�m das conservas. O consumidor pode apreciar tamb�m o molho, a farofa, o �leo, o licor, o doce e at� o sorvete de pequi. O fruto comp�e, ainda, o card�pio de pratos at� ent�o tradicionais. O apreciador pode se sentar em um restaurante e pedir, por exemplo, uma pizza, um crepe ou pasteizinhos de pequi.

EXPORTA��O
A polpa do fruto tamb�m ganhou outros paladares. H� produtores que j� exportaram a iguaria para os Estados Unidos e a It�lia. Para 2016, a expectativa � de que, em fevereiro, a del�cia chegue ao Jap�o. “A nossa expectativa � de enviar 3 toneladas para l�”, revela Jos� Ant�nio Alves dos Santos, coordenador do Programa Pr� Pequi de Montes Claros Santos. Por�m, a exporta��o para o outro lado do mundo vai depender das chuvas e do controle das pragas. (LE)


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