A 82ª edi��o da Exposi��o Internacional das Ra�as Zebu�nas (Expozebu), que come�ou no s�bado em Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro, servir� como term�metro, at� o fim da semana, dos efeitos da crise econ�mica aos quais a pecu�ria dedicada ao gado de elite parece estar ainda a salvo, diferentemente de outros segmentos do agroneg�cio. Durante nove dias, estar�o expostos � visita��o ou postos � venda cerca de 1,8 mil zebu�nos das ra�as brahman, gir, gir mocha, guzer�, indubrasil, nelore, nelore mocha, sindi e tabapu�. Eles carregam a expectativa dos criadores quanto � evolu��o dos pre�os e � demanda nos leil�es. Temas relacionados �s turbul�ncias enfrentadas no pa�s devem surgir nos debates previstos com a participa��o dos maiores criadores e importadores da esp�cie.
Ant�nio Pitangui de Salvo, diretor da Associa��o Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), organizadora do eento, diz que h� boa perspectiva em rela��o � receita proveniente da negocia��o dos animais, mas ressalta que o momento � de cautela. O sentimento � resultado de uma conjuntura de crise, agravada por aumento nos custos para o produtor, incluindo as despesas com o deslocamento dos animais at� Uberaba, e o impacto nos gastos com a cria��o das condi��es clim�ticas desfavor�veis para o agroneg�cio em algumas regi�es.
A despeito desse cen�rio, para Ant�nio Pitangui, que � tamb�m presidente da Comiss�o de Bovinocultura de Corte da Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA), � necess�rio investir na tecnologia para melhorar o sistema de manejo dos animais, desde o nascimento, e na sele��o gen�tica. S�o medidas fundamentais para que a pecu�ria brasileira se mantenha como refer�ncia em qualidade, sanidade e sustentabilidade do rebanho. “Aqueles que continuarem no caminho correto do melhoramento v�o sempre avan�ar. O melhoramento gen�tico � uma ferramenta decisiva para o novo Brasil que se aproxima. Quem estiver fazendo pirotecnia vai passar pelos problemas de falta de dinheiro”, avalia.
A quest�o ganhou tamanha import�ncia que o tema deste ano da Expozebu � “Gen�tica capaz de mudar”. Feira de gen�tica, tecnologia e neg�cios, o evento tornou-se polo de encontro da cadeia produtiva da carne e do leite, criando oportunidades, ainda, para a abertura de canais de exporta��o. � no que aposta o produtor Jos� Henrique Fugazola, criador da ra�a indubrasil. Dos 80 animais produzidos anualmente nas terras dele, 30% v�o para o exterior – a maior parte tendo a Tail�ndia como destino. “Observei uma pequena queda das vendas no mercado interno, mas para o gado de qualidade sempre haver� espa�o. E a alta do d�lar compensa o esfor�o nos embarques ao exterior”, afirma Fugazola, que tem fazendas em Batatais (S�o Paulo) e Navira� (Mato Grosso do Sul).
CONFIAN�A O criador Adaldio Castilho vai apresentar 30 animais da ra�a paquistanesa Sindi para leil�o amanh�, e se diz confiante nas negocia��es durante a Expozebu. “Vou colocar o que tenho de melhor e estou otimista, � uma ra�a de dupla aptid�o (pecu�ria de corte e leite)”, conta ele, que cria gado em Novo Horizonte (SP). “Os pre�os do agroneg�cio est�o se mantendo. Os pecuaristas � que fazem o Brasil andar. Ningu�m deixa de plantar, de engordar o boi”, pondera. A an�lise est� longe de servir a todos os setores, uma vez que o pr�prio empres�rio tamb�m atua no ramo de transporte, no qual j� contabiliza perdas.
A ABCZ n�o divulgou estimativa de arrecada��o com a Expozebu para 2016. No entanto confirma que a meta �, pelo menos, repetir a cifra de 2015, quando foram apurados R$ 46,43 milh�es, com 34 remates. O valor foi o menor nas �ltimas nove edi��es do evento. Nesse per�odo, a maior receita foi obtida em 2010, com R$ 69,8 milh�es negociados em 43 remates. Naquele ano, o leil�o mais caro da hist�ria da exposi��o, quando a posse de 75% de um animal foi arrematada, contabilizou R$ 2,76 milh�es.
De acordo com Ant�nio Pitangui, diretor da entidade, os n�meros n�o refletem necessariamente uma crise no setor. Diferentemente, houve picos em 2008 e 2010, quando os valores negociados representaram uma “distor��o” em rela��o ao volume tradicional negociado. “Agora estamos crescendo de uma maneira mais s�lida e consistente”, afirma o pecuarista.
AS ESTRELAS
Animais mais caros comercializados nos leil�es
2007 Athena 5SR da Sara R$ 2,128 milh�es
2008 Poetisa ED Arrojo TE R$ 1,82 milh�o
2009 Sicca FIV de Gar�a R$ 861 mil (metade da posse)
2010 Parla FIV AJJ R$ 2,76 milh�es (75% da posse)*
2011 Izabella FIV Fort VR R$ 1,52 milh�o (66,66% de sua posse)
2012 Rani FIV da Java R$ 1,22 milh�o (metade da posse)
2013 Zura II TE da Pontal R$ 1,22 milh�o
2014 Beluga TE da Sabi� R$ 1,16 milh�o (metade da posse)
2015 Predileta da Santar�m R$ 1,104 milh�o (metade da posse)
* Maior valor obtido em 81 edi��es da Expozebu
Fonte: ABCZ
Gir leiteiro
A Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig) vai leiloar 30 f�meas de alto valor gen�tico durante a 82ª Expozebu. As vacas e novilhas s�o fruto de mais de 60 anos de avalia��es zoot�cnicas criteriosas para produ��o de leite, rusticidade, fertilidade e comportamento. De acordo com o pesquisador da Epamig Leonardo Fernandes, a empresa produz e disponibiliza gen�tica adaptada �s condi��es tropicais. “O produtor recebe o material gen�tico e consegue �ndices ainda superiores aos observados pela Epamig, pois realiza manejo com maior investimento”, explica.
Novo programa apoia pecuarista
Aumentar a efici�ncia do pecuarista e a produtividade nacional. Com esse objetivo, ser� lan�ado durante a 82ª Expozebu o projeto Equa��o da Pecu�ria Eficiente, que tem a meta de coletar dados de pecuaristas e sugerir recomenda��es para a fazenda. O programa vai difundir a tecnologia do Boi 7.7.7, desenvolvida pela Ag�ncia Paulista de Tecnologia dos Agroneg�cios (APTA), que promove aumento de qualidade das carca�as e produ��o de sete arrobas na desmama, sete na recria e sete na engorda, gerando um animal no ponto de abate em dois anos.
A plataforma vai montar um banco de dados e analisar as informa��es enviadas por pecuaristas por meio de question�rios impressos, aplicativos para celulares e formul�rios digitais. Baseado no trip� sa�de, nutri��o e gen�tica, o programa ter� tr�s fases, todas gratuitas para o criador participante. Na primeira fase, � feito um diagn�stico no qual o pecuarista poder� identificar em qual est�gio est� o sistema produtivo e a produtividade, verificando seus pontos fortes e fracos. A partir da�, ser� poss�vel investir em capacita��o, melhorando as pr�tias de manejo e tornando a produ��o mais eficiente.
A segunda fase � de compreens�o desse diagn�stico, cuja an�lise qualitativa ser� feita por um corpo t�cnico, formado por especialistas em cada um dos temas. A terceira e �ltima fase se baseia na capacita��o e educa��o dirigida desse pecuarista com especialistas para suprir as defici�ncias de conhecimento t�cnico do neg�cio. Engloba, ainda, a realiza��o de cursos sobre temas estrat�gicos. O primeiro ser� realizado durante a Expogen�tica, em 23 de agosto. O servi�o est� dispon�vel a todos os pecuaristas de ra�as zebu�nas de corte e leite, mesmo aqueles que n�o s�o associados � ABCZ.