
O agroneg�cio colheu bons frutos no ano passado, ao contr�rio do que ocorreu nos outros setores da economia. Prova disso pode ser conferida na �ltima estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecu�ria mineira. De acordo com balan�o da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), o PIB do campo em Minas, em 2016, deve movimentar R$ 197,15 bilh�es e crescer 5,18% frente ao registrado em 2015. O resultado � bem melhor que o esperado para a economia brasileira. De acordo com expectativas oficiais do governo, o PIB do pa�s deve ter ca�do cerca de 3,5% no decorrer do ano passado.
Segundo a Faemg, os produtos agr�colas foram a �ncora do agroneg�cio em 2016. Eles foram respons�veis por 53,8% do PIB do agroneg�cio do estado, gerando R$ 106,03 bilh�es, com crescimento de 12,98% em rela��o ao ano anterior. Com 46,2% do PIB do agroneg�cio do estado, a pecu�ria, por sua vez, n�o teve resultados t�o positivos: deve recuar 2,64% e faturar R$ 91,12 bilh�es. “Apesar de todos os percal�os, dos problemas pol�ticos e econ�micos, tivemos um ano produtivo, de muito trabalho e conseguimos fazer com que o agroneg�cio de Minas continuasse crescendo, sustentado pela agricultura”, disse o presidente da Faemg Roberto Sim�es.

Em palestra em Belo Horizonte, no m�s passado, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa), Maur�cio Lopes, lembrou que os bons resultados colhidos pelo agroneg�cio s�o frutos do milagre promovido pelo Brasil ao desenvolver, nos anos 1970, uma agricultura tropical inexistente no mundo, baseada em ci�ncia e tecnologia. O processo, para ele, foi t�o bem-sucedido que, em meio � severa crise econ�mica enfrentada pelo pa�s, o setor continua obtendo bons resultados e as perspectivas s�o promissoras. Para que siga registrando crescimento, ele destacou que o futuro do setor est� no empreendedorismo e na necessidade de acompanhar a evolu��o do mundo. O produtor rural, em sua opini�o, n�o deve se isolar no campo.
Os cafeicultores t�m feito um trabalho positivo nese sentido, de conquista de novos mercados e busca por qualidade com o uso de tecnologia de ponta. E o resultado p�de ser visto no PIB do agroneg�cio mineiro em 2016. O presidente das comiss�es estadual e federal de Caf� da Faemg e da Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA), Breno Mesquita, lembrou que tanto o Brasil quanto Minas Gerais tiveram uma bela safra no ano passado. “Minas Gerais produziu sozinho cerca de 30 milh�es de sacas, o que foi um recorde”, afirma. Mas em rela��o a pre�os, ele acredita que o mercado poderia estar melhor, uma vez que houve queda nos �ltimos dois meses. “Est� andando de lado. H� muita especula��o”, observou.
Para 2017, no entanto, o caf� n�o dever� ser uma �ncora t�o forte para o agroneg�cio. Em decorr�ncia da bianualidade da cultura, a safra, com certeza, ser� mais baixa. A quebra tradicional, segundo Mesquita, costuma variar de 20% a 25%. Mas, como a colheita passada foi muito alta, a baixa pode ser mais forte. “Deve ficar abaixo das 43 milh�es de sacas colhidas pelo pa�s em 2015”, calculou.
Uma das caracter�sticas que tende a se manter em destaque � a busca pela qualidade. Hoje, cafeicultores de todo o pa�s oferecem gr�os diferenciados. At� h� pouco tempo, os especiais eram ofertados apenas por regi�es espec�ficas. E a tend�ncia � de que os produtores do caf� ofere�am produtos cada vez melhores. “Todos t�m caprichado”, refor�ou Mesquita.
Entre os temores do setor cafeeiro para este ano est� a possibilidade de importa��o de caf� conilon. A ind�stria fez o pedido alegando falta dessa variedade no mercado. A Faemg e a CNA se posicionaram contrariamente a esta quest�o Mesquita, que tamb�m � diretor da Faemg, observa que realmente houve uma quebra na safra desse gr�o, principalmente na produ��o do Esp�rito Santo. Mas ele afirma que ainda h� o suficiente para suprir o mercado nacional at� o in�cio da colheita. “H� o suficiente at� o in�cio da colheita neste ano”, afirma.

Outro segmento que tamb�m teve destaque no agroneg�cio de Minas foi o sucroalcooleiro, puxado pelo bom pre�o do a��car no mercado externo. Para se ter ideia, o setor exportou US$ 970,4 milh�es e passou a ser o segundo colocado do ranking da balan�a comercial do agroneg�cio mineiro, entre janeiro e outubro de 2016. O crescimento, frente a igual per�odo do ano anterior, foi de 50,7%. O a��car foi o carro-chefe dos neg�cios internacionais. A soja, por sua vez, ocupou o terceiro lugar, com a movimenta��o de US$ 897,1 milh�es para clientes de outros pa�ses nos primeiros 10 meses do ano passado. A alta foi de 5,3%.
LADO RUIM Por causa da crise econ�mica, aumento do desemprego, os segmentos de su�nos e bovinos tiveram demanda menos aquecida no mercado interno. Mas a abertura do mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura brasileira � um bom indicador para a conquista de novos mercados. Para a coordenadora da Assessoria T�cnica da Faemg, Aline Veloso, � necess�ria uma aproxima��o mais forte com a China e com os Estados Unidos, que s�o estrat�gicos para os produtos pecu�rios. “Por serem muito exigentes, habilitam o Brasil a conquistar outros mercados”, observou.
Com rela��o ao leite, o ano foi considerado at�pico, pois os pre�os pagos pelo litro ao produtor foram mais altos em quase todos os meses de 2016. Mas os aumentos de custos tamb�m observados em outros setores do agroneg�cio acabaram impedindo um ganho maior do pecuarista. De acordo com o presidente da Comiss�o Nacional da Bovinocultura de Leite da CNA e da C�mara Setorial de Leite e Derivados do Minist�rio da Agricultura e Pecu�ria (Mapa), Rodrigo Alvim, a alta nos pre�os de soja e do milho, bases para a ra��o animal, fizeram com que a renda da atividade n�o fosse t�o boa. Outro ponto negativo considerado negativo para a pecu�ria leiteira foi a autoriza��o do Mapa, para a reidrata��o do leite em p�, para produ��o de leites fluidos (UHT e barriga mole - saquinho) na �rea da Sudene.
Super�vit
A balan�a comercial da agropecu�ria de Minas, at� outubro, atingiu US$ 5,7 bilh�es e representou 45,8% das vendas externas do estado. Apesar do super�vit de cerca de US$ 5,6 bilh�es, as exporta��es do setor ca�ram 1,7% em rela��o aos primeiros 10 meses de 2015, enquanto as importa��es cresceram 12,7%, atingindo US$ 397,4 milh�es, no mesmo per�odo. O VBP (Valor Bruto da Produ��o), at� outubro deste ano, ficou em R$ 62,34 bilh�es, aproximadamente 15% maior que o registrado em igual per�odo do ano passado.