
Ja�ba — Produtores do Norte de Minas tiveram que reduzir a irriga��o de suas lavouras, principalmente na regi�o do Ja�ba. Tamb�m interromperam os novos plantios. A situa��o ocorre porque, diante da dr�stica redu��o do volume do Rio S�o Francisco, que atingiu este ano o n�vel mais baixo da hist�ria, a Ag�ncia Nacional de �guas (ANA) decidiu restringir o uso da �gua no manancial e em alguns dos seus principais afluentes, para garantir a manuten��o dos reservat�rios da bacia. Desde 21 de junho, por meio de uma resolu��o, a ANA estipulou o Dia do Rio, suspendendo as capta��es no manancial �s quartas-feiras, exceto para o consumo humano e animal. A princ�pio, a medida vai at� 30 de novembro, podendo ser prorrogada, caso o regime de chuvas n�o normalize na regi�o da bacia at� l�.
Atualmente, o per�metro irrigado tem cerca de 27 mil hectares cultivados, segundo dados do Distrito de Irrriga��o do Ja�ba. O carro-chefe � a banana, com 6,71 mil hectares. No projeto se destacam tamb�m o lim�o (2,04 mil hectares) e a manga (1,76 mil hectares). Outras frutas, como uva, mam�o, maracuj�, tangerina, e antemoia, respondem por 1,59 mil hectares. Conta ainda com oler�colas (2,283 mil hectares) e uma �rea de 2,148 mil de outras culturas(batata-doce, feij�o, mandioca, milho e soja).
Na zona empresarial, o Ja�ba tem uma �rea de cana-de-a��car que chega a 9,19 mil hectares.
Todos esses plantios foram impactados pela restri��o do uso da �gua. O gerente do Distrito de Irriga��o do Ja�ba, Marcos Medrado, disse que, por recomenda��o da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf), respons�vel pela implanta��o do empreendimento, foram temporariamente suspensos novos plantios na etapa 1 do projeto, que re�ne cerca de 2 mil pequenos produtores. Eles n�o devem fazer novos plantios at� o fim do per�odo de restri��o do uso �gua.
Incertezas
Um dos pequenos produtores atingidos no Ja�ba � Jos� Alberto Pereira, de 58 anos. Ele conta que estava com uma �rea de cerca de dois hectares para um novo plantio, quando foi baixada a resolu��o da ANA. “O meu receio � que no futuro a �gua possa faltar mais ainda”, comenta Jos� Alberto. Outro produtor do Ja�ba atingido pela restri��o do uso da �gua � Arn�bio Gon�alves Ces�rio, de 45, que planta hortali�as em uma �rea de 2,6 hectares destinada � produ��o de sementes, em parceria com uma empresa. ““Deixar de irrigar um dia por semana reduz a produ��o. Ainda n�o sei quanto e qual ser� o meu preju�zo. Isso � uma inc�gnita”, afirma o agricultor.
Arn�bio conta que sempre irrigava as planta��es de dois em dois dias. Agora, em um per�odo da semana, tem que suspender a irriga��o por dias tr�s, devido � proibi��o do uso da �gua as quartas-feiras. Ele lamenta que o governo n�o tenha adotado outras medidas antes para revitalizar e recuperar as nascentes do Rio S�o Francisco, para garantir a manuten��o do volume da bacia e evitar o racionamento. “Infelizmente, n�o fizeram isso e n�s estamos sendo sacrificados. A agricultura � colocada em segundo plano”, afirma. “Essa quest�o (fornecimento de �gua) precisa ser revista, pois pode ficar invi�vel investir em irriga��o. Essa situa��o deixa a gente com uma inseguran�a. Deixa sem saber como ser� o nosso futuro”, comenta.
Reflexos na �rea empresarial
A restri��o do uso da �gua do Rio S�o Francisco tamb�m trouxe reflexos na etapa 2 do Projeto Ja�ba, a �rea empresarial do per�metro irrigado, que concentra 73 m�dios e grandes empres�rios. Juntos, eles cultivam 19,3 mil hectares, com destaque para o cultivo de banana, manga, uva e cana-de-a��car. A gerente do Distrito de Irriga��o da Etapa 2 do Projeto Ja�ba, Anna Priscila Camargo, disse que os empres�rios n�o t�m a obriga��o de seguir a orienta��o da Codevasf para n�o fazer novos plantios durante o per�odo de restri��o de capta��es de �gua no Rio S�o Francisco um dia por semana, conforme determina a resolu��o da Ag�ncia Nacional de �guas. No entanto, informa Priscila, por decis�o pr�pria, os irrigantes decidiram suspender os novos cultivos, diante da escassez h�drica. Ela disse que n�o existe levantamento do tamanho da �rea preparada e que continua parada no Ja�ba, por causa dos efeitos da falta de chuvas e da redu��o do n�vel do Velho Chico.
Priscila afirmou que a proibi��o do uso da �gua na irriga��o um dia por semana afetou lavouras mais sens�veis, como hortali�as e planta��es novas de banana, manga, cana e milho – que precisam de mais �gua na fase inicial do plantio. A partir da segunda quinzena de setembro, por causa da eleva��o da temperatura, os irrigantes est�o usando mais �gua �s quintas-feiras, ap�s o Dia do Rio. “Com o forte calor, a umidade do solo cai muito quando as lavouras ficam um dia sem a irriga��o”, explica.
O presidente do Sindicato Rural de Jaiba e Matias Cardoso, Dalton Londi, salienta que a grande preocupa��o dos irrigantes � com a possibilidade da amplia��o do racionamento (ou seja, a proibi��o do uso da �gua para irriga��o passar para dois dias da semana). “Se aumentar os dias parados, come�aremos a ter problemas para obter financiamentos para os plantios”, afirma. Segundo ele, o Dia do Rio foi implantado pela ANA “sem discuss�o pr�via” com os agricultores.
Preserva��o
A ANA sustenta que desde 2013 promove reuni�es sistem�ticas com os representantes dos usu�rios para o “acompanhamento sistem�tico da crise h�drica no Rio S�o Francisco”, incluindo irrigantes do Ja�ba. A ag�ncia informa que o Dia do Rio, “assim como as demais medidas tomadas ao longo do processo”, “foi amplamente debatida”. Informou ainda que a medida foi uma adotada com a finalidade de preservar os estoques de �gua nos reservat�rios da Bacia do Rio S�o Francisco (como os das usinas de Sobradinho, Xing� e Paulo Afonso, no territ�rio baiano), “em articula��o com os estados de Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, o Comit� da Bacia Hidrogr�fica do S�o Francisco e usu�rios”.