
A produ��o de soja alcan�ou 5,1 milh�es de toneladas (+ 7,1%), numa �rea plantada de 1,5 milh�o de hectares e produtividade de 3,5 toneladas por hectare ( 8,1%). O caf�, principal produto da pauta de exporta��es do agroneg�cio, representou 43,4% do valor total exportado pelo agroneg�cio em Minas no per�odo. Foram exportadas 20,5 milh�es de sacas, que correspondem a 84% da safra mineira. O valor alcan�ado com a comercializa��o foi de US$ 3,4 bilh�es, indicando decl�nio de 2%, em compara��o com o ano anterior.
Segundo o assessor especial da Cafeicultura da Secretaria de Agropecu�ria, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa), Newton Moraes, houve pequena flutua��o positiva nos pre�os m�dios, que compensou, parcialmente, a redu��o no volume exportado (- 6,3%). “Essa pequena varia��o est� dentro do previs�vel, n�o tendo nenhum significado impactante nas exporta��es, situa��o que foi semelhante no cen�rio nacional”, explica.
O segundo colocado, produtos do complexo sucroalcooleiro, respondeu por 16,5% do valor total exportado, alcan�ando US$ 1,3 bilh�o, com crescimento de 11,2% no valor comercializado. Esse resultado � recorde e se deve � valoriza��o do a��car no mercado internacional.
A produ��o da primeira safra de soja em Minas, conhecida como safra de ver�o ou das �guas, se d� a partir de 1º de outubro. Entre 1º de julho e 30 de setembro ocorre o “vazio sanit�rio”, quando fica suspenso o plantio em todo o territ�rio nacional. O termo � utilizado para o prazo que se d�, para se evitar a contamina��o das planta��es por pragas, como a mosca-branca e a ferrugem asi�tica, dif�ceis de controlar, conforme explica Caio Coimbra, analista de agroneg�cios da Embrapa-MG. Esse intervalo impede que o hospedeiro reproduza com muita frequ�ncia, caso contr�rio, na �poca da colheita, a grande quantidade de infesta��o afeta drasticamente a produ��o. Essa medida serve para outras culturas, como o feij�o, com a mosca-branca ou o bicudo-algodoeiro.
Segundo a Embrapa, o estado tinha, em 2004, �rea plantada de 1,1 milh�o de hectares, chegando hoje a 1,5 milh�o de hectares, demonstrando que a �rea de cultivo n�o cresceu tanto quanto a produtividade, que dobrou. Caio Coimbra atribui esses resultados � utiliza��o de variedades de soja mais resistentes, novas tecnologias, aduba��o com maior pacote tecnol�gico, colheita mecanizada, evitando-se perdas e aumentando a produtividade. Em Minas, tr�s regi�es se destacaram na produ��o do gr�o na safra passada: a Noroeste, com mais de 484,4 mil hectares plantados, resultando em 1,77 milh�o de toneladas; o Tri�ngulo, com 476,8 mil hectares (1,63 milh�o de toneladas) e o Alto Parana�ba, com 310 mil hectares, sendo colhidos 1,6 milh�o de toneladas. Somadas, as tr�s respondem por 85% da produ��o do estado.
“No Brasil, evolu�mos muito no cultivo da soja, passando a �rea plantada de 1,3 milh�o, em 1970 para 35 milh�es de hectares, hoje. A produ��o hist�rica � de 114 milh�es de toneladas, em torno de 3 toneladas por hectare”, explica o pesquisador da Embrapa Soja Am�lio Dall-Agnol. Segundo o pesquisador, a safra de 2018 n�o ser� t�o ruim como se pensava. “N�o se acreditava que se repetiriam as excelentes condi��es de clima do ano passado.” Ele alega que, por isso, houve atraso no plantio, o que dever� afetar a segunda safra de milho, prevista para o in�cio de fevereiro e meados de mar�o, uma vez que o milho � plantado depois a colheita da soja.
MERCADO MUNDIAL Am�lio Dall-Agnol diz que a crescente valoriza��o e import�ncia da soja no mundo se deve � melhoria do poder aquisitivo da popula��o global, que acaba inserindo mais alimentos na mesa das pessoas, com destaque para os �ndices de crescimento da China e da �ndia, pa�ses superpopulosos. A procura pela soja est� associada ao aumento de consumo de carnes, e ela alimenta esses rebanhos.
O Brasil tem ainda muita �rea dispon�vel para aumentar a produ��o e conta com apenas dois concorrentes significativos, os Estados Unidos e a Argentina, que, segundo Dall-Agnol, n�o t�m tanta possibilidade de aumentar a �rea. “Demonstramos a capacidade de produzir em zonas tropicais, novidade no mundo, j� que essas regi�es s�o geralmente pobres, com baixa produtividade. O Brasil importava comida at� os anos 1970 e hoje � o segundo mair exportador de alimentos, caminhando dentro de uma d�cada para liderar o mercado de alimentos.”
Segundo o pesquisador, at� os anos 1980, o cultivo do gr�o se restringia aos tr�s estados do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran�). A partir dos anos 2000, avan�ou sobre regi�o do Maranh�o, Piau�, Tocantins e Bahia, e, posteriormente, para Minas Gerais e os estados do Centro-Oeste (Goi�s, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
Hist�rico da soja no Brasil
Jos� Marcos Gontijo Mandarino*, pesquisador da Embrapa Soja
A soja � uma cultura de grande import�ncia econ�mica para o Brasil, sendo a principal cultura do agroneg�cio brasileiro. Ela � uma planta origin�ria da regi�o denominada Manch�ria, que fica no Nordeste da China. Foi trazida para a Europa no s�culo 17, durante o per�odo conhecido como o das grandes navega��es, onde permaneceu por mais de 200 anos apenas como curiosidade bot�nica, nos jardins bot�nicos das cortes europeias. Chegou aos Estados Unidos da Am�rica por volta do ano 1890, onde era cultivada como forrageira. Na d�cada de 1940, a soja chegou ao Paraguai e na d�cada de 1950, ao M�xico e � Argentina.
A primeira refer�ncia sobre soja no Brasil data de 1882, na Bahia, em relato de Gustavo D’utra. As cultivares introduzidas dos Estados Unidos n�o tiveram boa adapta��o numa latitude em torno de 12 graus Sul (Bahia). Mais tarde, em 1891, novas cultivares foram introduzidas na latitude 22 graus Sul (Campinas), apresentando melhor desempenho. As cultivares mais espec�ficas para consumo humano foram trazidas pelos primeiros imigrantes japoneses em 1908. Entretanto, oficialmente, a cultura foi introduzida no Brasil no Rio Grande do Sul, em 1914, na chamada regi�o pioneira de Santa Rosa, onde foram iniciados os primeiros plantios comerciais a partir de 1924.
Um importante papel no progresso da soja no Brasil deve ser creditado, tamb�m e obviamente, aos diversos programas de melhoramento gen�tico. Como exemplo desse trabalho, no in�cio da d�cada de 1970, a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul e o Instituto de Pesquisa Agropecu�ria do Sul (IPEAS) lan�aram as primeiras cultivares brasileiras originadas de cruzamento em material introduzido principalmente do Sul dos Estados Unidos.
No Brasil, a grande expans�o teve in�cio a partir da d�cada de 1970 e, na �ltima safra, de 2015/2016, a produ��o foi de 95,4 milh�es de toneladas. As estimativas para a safra 2016/2017 variam entre 101 e 104 milh�es de toneladas, o que vai depender da produtividade dos campos nessa safra vindoura.
O Brasil � o segundo maior produtor mundial e, entre os grandes produtores (EUA, Brasil e Argentina), � o que tem o maior potencial de expans�o em �rea cultivada, podendo, se depender das necessidades de consumo do mercado, mais do que duplicar a produ��o. Assim sendo, em um curto prazo, o Brasil pode constituir-se no maior produtor e exportador mundial de soja e seus derivados. Os principais estados produtores s�o Mato Grosso, Paran�, Rio Grande do Sul, Goi�s e Mato Grosso do Sul.
No Brasil, o consumo de soja diretamente na alimenta��o humana ainda � muito restrito. Apenas 3,5% da produ��o, em m�dia, simplesmente por n�o fazer parte do h�bito alimentar do brasileiro. Ao contr�rio do que ocorre em diversos pa�ses orientais, cujo consumo � verificado h� pelo menos 3 mil�nios. Assim sendo, a conscientiza��o do mercado consumidor brasileiro em rela��o aos benef�cios dos alimentos funcionais demanda uma s�rie de pesquisas com novas cultivares e novos produtos � base de soja, em busca de qualidades organol�pticas adequadas ao nosso paladar, verticalizando a cadeia produtiva.
*Blog da Empraba Soja
