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Estado de Minas

Minas tamb�m produz cacau

H� mais de 50 anos a regi�o do Vale do Jequitinhonha se dedica ao cultivo do fruto usado na produ��o de chocolate, tendo como principal caracter�stica o plantio em mata nativa


postado em 29/04/2019 05:06

De acordo com a Emater, 95% do cacau mineiro é produzido em matas, o que traz benefícios como a preservação das nascentes e a farta infiltração de água no solo(foto: Fotos: Emater/Divulgação)
De acordo com a Emater, 95% do cacau mineiro � produzido em matas, o que traz benef�cios como a preserva��o das nascentes e a farta infiltra��o de �gua no solo (foto: Fotos: Emater/Divulga��o)

 

 

 Quando o assunto � o cultivo do cacau, logo se pensa no estado da Bahia, respons�vel pela maior parte da produ��o no Brasil. Mas poucos sabem que Minas Gerais tamb�m se dedica a essa cultura, em pequena escala, � verdade, nos munic�pios de Almenara, Bandeira, Mato Verde e Jord�nia, no Vale do Jequitinhonha, ocupando uma �rea de mais de 100 hectares. Por�m, a produ��o mineira de cacau tem suas particularidades.

N�o � de hoje que o cacau est� presente na regi�o. No munic�pio de Bandeira, h� registros dos p�s do fruto h� mais de 50 anos. Mas os plantios comerciais s�o mais recentes, nos �ltimos 20 anos. O munic�pio conta at� com a Associa��o dos Produtores de Cacau de Bandeira (Asprocab). J� em Almenara, os cacaueiros est�o concentrados no Quilombo Marob� dos Teixeiras. Eles s�o cultivados h� mais de 120 anos no sistema conhecido como cabruca, um tipo de manejo agrofloresta cujos p�s de cacau est�o integrados � mata nativa.

De acordo com o coordenador de fruticultura da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), Deny San�bio, 95% do cacau mineiro � produzido em matas, o que traz v�rias vantagens, como a preserva��o da mata ciliar e das nascentes, a infiltra��o de �gua no solo, o controle da biodiversidade e a manuten��o da fauna e flora locais.

ADAPTA��O O plantio a pleno sol, ou seja, em �reas preparadas unicamente ao cultivo do cacau, est� sendo desenvolvido em car�ter experimental. Sua principal vantagem � ampliar a produtividade por �rea plantada. Deny relata que, at� o momento, as plantas que se adaptaram a essa t�cnica de cultivo (as esp�cies nativas n�o servem para isso) deram uma resposta inicial muito boa, mas depois ficaram doentes.

Outro ponto positivo � que esta esp�cie de cacau nativo j� est� adaptada � biodiversidade, o que minimiza o risco de doen�as. � um cen�rio diferente ao encontrado na Bahia, que cultiva predominantemente esp�cies h�bridas, onde um melhoramento gen�tico produziu plantas mais resistente � Vassoura de Bruxa, fungo que afetou drasticamente a produ��o na regi�o durante a d�cada de 1990. Segundo Deny, com o melhoramento gen�tico, a doen�a pode at� atingir a planta, mas n�o a mata.

O cacau � uma cultura de clima tropical, que se desenvolve bem onde tem calor e umidade, motivo pelo qual se adaptou t�o bem � Regi�o Nordeste de Minas Gerais. A colheita � prolongada, com frutos verdes, maduros e p�s-flor, podendo durar at� por quatro meses. Ainda assim, h� registros de sua produ��o (em menor escala ainda) no Sul de Minas Gerais, em algumas propriedades que mesclam seringueira e cacau. Nessa regi�o, onde existe frio acentuado durante tr�s meses, essa cultura � arriscada, acumulando ainda o �nus de estar longe dos centros em que seu processamento � executado.

O coordenador de fruticultura da Emater-MG explica que o manejo do cacau nas matas � bem mais simples, podendo ser comparado quase a um extrativismo, sendo necess�rio basicamente podar e colher. Como nesse meio o solo � mais �mido, j� que a �gua da chuva infiltra e fica retida por ali, em muitos casos n�o � preciso irrigar. Muitas vezes a aduba��o nem � utilizada. Tamb�m n�o � necess�ria a pulveriza��o contra pragas ou doen�as, no m�ximo controles alternativos, como o uso de �leos de outras plantas. “O plantio do cacau nessas condi��es contribui para atender as exig�ncias legais, garante a manuten��o das �reas de Preserva��o Permanente (APPs) e ainda produz renda”, contabiliza Deny.

T�CNICAS A partir dessa percep��o, a Emater desenvolve desde 2015 o Programa de Produ��o Sustent�vel de Cacau e Recupera��o de APPs. Em 2017, cerca de 50 produtores participaram de um evento t�cnico voltado para a demonstra��o de podas, t�cnicas de enxertia para produ��o de mudas e controle de pragas e doen�as no cacaueiro. “Podemos afirmar que, por meio da nossa iniciativa, do nosso trabalho e dos resultados colhidos, muitos agricultores j� est�o produzindo cacau, inclusive pretendendo ampliar suas �reas de produ��o. Os agricultores de Bandeira e Mata Verde est�o recuperando as �reas de APP com plantio de cacau, visando o ganho ambiental e econ�mico com a venda das am�ndoas de cacau. J� foram plantadas 3 mil mudas”, avalia.

“T�nhamos aqui um grande problema de falta de �gua, com a necessidade de recomposi��o de matas ciliares. Ent�o o evento foi usado para mostrar a import�ncia da regenera��o destas �reas, utilizando os p�s de cacau como uma das esp�cies que poderiam ser plantadas”, explica a coordenadora regional da Emater-MG, Joselaine Ferreira Lopes. Para Deny San�bio, apesar de devagar, novos produtores est�o aderindo � produ��o de cacau em �reas de APP, e muitos est�o dando continuidade ao trabalho de forma bem acentuada, j� que esta � uma alternativa interessante para produzir alimento e proteger o meio ambiente a um custo bem mais baixo e em condi��es que se adequam perfeitamente �s suas propriedades. “Muitos produtores e lideran�as t�m nos procurado, solicitando novos eventos em suas propriedades e nos seus munic�pios”, disse o coordenador.

H� tr�s anos, foi iniciado um interc�mbio entre Minas Gerais e Bahia por meio de uma parceria com o Instituto Biof�brica de Cacau, do munic�pio baiano de Ilh�us. O objetivo � incentivar a produ��o de cacau nos munic�pios do Vale do Jequitinhonha. Assim, agricultores mineiros visitaram as �reas de cacau do instituto, o laborat�rio de micropropaga��o de mudas e at� uma agroind�stria artesanal de chocolate gourmet localizada em um assentamento.

CHOCOLATE GOURMET “A visita foi muito importante para que os agricultores pudessem ver de perto o m�todo de propaga��o e como � importante usar mudas de qualidade”, afirma Joselaine. Para a produtora Maria Rosa Pujol, que mora no Quilombo Marob� dos Teixeiras, em Almenara, foi uma viagem fant�stica. “Conhecemos outras produ��es, outras possibilidades. Foi muito bom ver de perto a biof�brica que eles t�m”, comenta. Os t�cnicos do instituto tamb�m estiveram em Minas Gerais para conhecer as lavouras cacaueiras. No Quilombo Marob� dos Teixeiras, o que chamou a aten��o foi a presen�a das variedades Par� e Parazinho, que s�o usadas para a produ��o de chocolates gourmet e com boa valoriza��o no mercado.

A venda de cacau pelos produtores do Vale do Jequitinhonha ainda � t�mida. Com uma produ��o de 270 quilos por hectare, eles est�o vendendo a castanha da fruta para atravessadores. Alguns produtores tamb�m fazem doce de cacau e vendem nas feiras da regi�o. Mas o interc�mbio dos agricultores j� come�a a render frutos. No Quilombo Marob� dos Teixeiras j� existe um projeto para a montagem de uma f�brica de chocolate artesanal. “Temos uma variedade que n�o se misturou. Ent�o � um cacau valorizado”, afirma Maria Rosa, que � integrante de um grupo de sete mulheres do quilombo que j� fazem chocolate em casa. “� um trabalho muito longo, pesado. A montagem de uma f�brica, com equipamentos adequados, vai facilitar o processo, padronizar e expandir nossa produ��o”, diz. Os agricultores est�o em busca de financiamento.


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