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Estado de Minas Comportamento

Quarentena: amor e sexo na ordem do dia

Estar de volta ao n�cleo familiar em isolamento com grande proximidade pode significar acalento e afeto para uns ou irrita��o e conflitos para outros. Depende do que foi constru�do ao longo dos anos


05/04/2020 04:00 - atualizado 06/04/2020 15:16

(foto: Takmeomeo/Pixabay)
(foto: Takmeomeo/Pixabay)

 

Manter a harmonia no conv�vio familiar intenso e integral, com todos os integrantes reclusos por um longo per�odo de tempo, requer respeito, adapta��es, toler�ncia, ajustes, equil�brio, serenidade, concess�es, paci�ncia e criatividade. E apesar de a fam�lia ser o n�cleo de origem, com la�os afetivos fortes e duradouros, ela tamb�m pode ser fonte de conflitos, proje��es e irrita��es. S�o as pessoas com quem a gente experimenta a maior intimidade e, consequentemente, com quem a gente � mais sincero, verdadeiro e aut�ntico. Sem a polidez e gentileza comuns �s outras rela��es.

 

Em fun��o da confian�a no amor incondicional que os la�os de parentesco oferecem, todos s�o menos cerimoniosos na express�o de sentimentos. E nesse per�odo de isolamento, com �nimos acirrados em fun��o do medo, do cerceamento e da inseguran�a em rela��o � doen�a e �s mudan�as, sem poder sair de casa para esfriar os �nimos, atritos podem ocorrer com mais frequ�ncia”, avisa Cynthia Dias Pinto Coelho, psic�loga e sex�loga.

 

Para Cynthia Dias Pinto Coelho, para que haja uma boa conviv�ncia, � preciso que o sentimento de unidade familiar seja fortalecido, com o entendimento de que � necess�rio pensar no coletivo em vez de apenas nas pr�prias necessidades e vontades. Entender que a casa � o lugar comum, que a coopera��o m�tua � a chave do sucesso. Buscar ajudar, respeitar os momentos de tristeza e reclus�o, sabendo a hora de ouvir, de falar e at� de calar. Exercer a empatia e a compaix�o, cuidando do outro de maneira pr�xima � forma como se cuida de si mesmo. Saber reconhecer tamb�m os seus pr�prios momentos dif�ceis, em que � preciso se recolher para a sua pr�pria sanidade – mas tamb�m para n�o machucar o outro.

 

Como sex�loga, Cynthia destaca o relacionamento dos casais neste momento: “Para os que vivem na mesma casa e j� se relacionavam bem afetiva e sexualmente, a rela��o deve melhorar ainda mais e se intensificar, com mais tempo e disposi��o para o carinho e o sexo, desde que ningu�m esteja doente ou haja suspeita de contamina��o – nesses casos, o isolamento precisa ser total, sem nenhum contato f�sico”.

 

Psicóloga e sexóloga, Cynthia Dias Pinto Coelho afirma que para uma boa convivência é preciso que o sentimento de unidade familiar seja fortalecido(foto: Jair Amaral/em/d.a press)
Psic�loga e sex�loga, Cynthia Dias Pinto Coelho afirma que para uma boa conviv�ncia � preciso que o sentimento de unidade familiar seja fortalecido (foto: Jair Amaral/em/d.a press)

 

Para casais que vivem juntos, mas n�o se olham mais com tanto carinho e desejo, Cynthia diz que o momento pode trazer de volta a intimidade, a redescoberta de sentimentos e sensa��es. Uma grande oportunidade de melhora na qualidade relacional e sexual. Mas o conv�vio familiar intenso tamb�m pode descortinar um fim que j� havia de fato. E a conviv�ncia�ntima e di�ria, que antes era disfar�ada ou tolerada pela s�rie de atividades e tarefas extralar, pode se tornar insuport�vel, levando � tomada de decis�o de uma ruptura definitiva.

 

Ela explica que o medo e a fragilidade que surgem da exposi��o ao risco de adoecimento e morte podem unir as pessoas, mas passado o risco, se o apego n�o tiver bases bem alicer�adas, tende a se desconstruir. “Vale lembrar que, durante situa��es de crises, algumas pessoas podem ter uma diminui��o ou perda de libido, passando por um per�odo sem nenhum interesse sexual. Normalmente, ap�s a resolu��o dos problemas, o desejo volta ao normal naturalmente. Uma outra situa��o � a dos casais que vivem em casas separadas e que viver�o o isolamento em locais distintos. A dist�ncia pode aproxim�-los pela saudade, pela falta, pela aus�ncia, pela percep��o da import�ncia do outro em sua vida, o que servir� de term�metro para a rela��o.”

 

J� os casais unidos afetivamente, a sex�loga garante que ser�o criativos, v�o conversar e fazer sexo pelo telefone, cuidar�o remotamente um do outro, usando os recursos tecnol�gicos em abund�ncia. “Far�o chamadas de v�deo para ser ver, para alimentar os olhos com as imagens da pessoa amada, que servir�o como um b�lsamo nos momentos de tristeza e solid�o”. Para ela, o romantismo deve aumentar, com mensagens carinhosas, envio de m�sicas que falam de amor e saudades, declara��es afetuosas e muitas fotos.

 

Para aqueles casais que n�o estavam t�o bem e n�o haviam rompido o relacionamento por quest�es sociais, pessoais ou familiares, “existe a possibilidade de o afastamento tempor�rio se tornar definitivo”.

 

NUDES Quanto aos solteiros, que mant�m m�ltiplos contatos para encontros casuais ou meramente sexuais, Cynthia Dias Pinto Coelho diz que a internet deve possibilitar a manuten��o dessas rela��es, “com a troca de nudes, mensagens er�ticas e sexo pelo telefone para aliviar a car�ncia vinda da solid�o. Mas n�o ser� uma surpresa se, a partir das reflex�es feitas no isolamento, quando a quarentena acabar, as pessoas voltarem ao conv�vio social buscando rela��es amorosas e sexuais mais profundas, como maiores v�nculos afetivos.”

 

Para a psic�loga e sex�loga, uma pandemia desse porte trar� muita reflex�o e mudan�as de h�bitos, conceitos e comportamentos. “Provavelmente, muitos valores e significados ser�o revistos, n�o s� o da fam�lia. Conceitos como amor, autocuidado, amizade, sa�de, solidariedade, dinheiro, imperman�ncia da vida, tempo, fragilidade, onipot�ncia, relacionamentos e colabora��o, entre outros, devem ser revistos e ressignificados por muitos. O coronav�rus vai nos ensinar reflex�es importantes entre o ter e o ser.”

 

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
 

Depoimento

 

Dulce Maria Pacheco, de 38 anos

Coordenadora pedag�gica do ensino fundamental do Sistema Lamaxi de Ensino, m�e de Gabriel, de 15, Isaque, de 9, e Jonas, de 1 ano e meio

 

 

“Sou esposa, m�e, filha, dona de casa, profissional e confesso que pensei que estava em um pesadelo ao me deparar com a possibilidade do isolamento social. A possibilidade rapidamente tornou-se realidade, est�vamos eu e meus filhos em casa. Meu marido, Christopher Pacheco, mesmo com muitas preocupa��es, continuou precisando sair de casa todos os dias. Muita demanda. O dia parece pequeno em meio aos compromissos dom�sticos, cuidados com os filhos, alimenta��o, aten��o que muitas vezes se torna tens�o, trabalho home office que n�o tem um hor�rio predeterminado: v�rias vezes no dia s�o necess�rios encontros virtuais para resolver quest�es urgentes. Meus filhos sem aula. Questionei-me durante alguns dias de como seria o amanh�. Achei que ia surtar, mas busquei a paz em Deus. Creio que � mais uma turbul�ncia e que vai passar. Na palavra de Deus est� escrito que ter�amos afli��es. Depois de um final de semana angustiada, tenho buscado realizar as prioridades. Ter tempo com meus filhos n�o tem sido f�cil, a diferen�a de idade � um grande desafio. O adolescente se descobriu com a habilidade art�stica, passa horas desenhando e quer compartilhar os desenhos. O do meio acha que � fabricante de slime, o estoque de cola por aqui est� acabando, e o beb� ainda quer o colinho da mam�e. Sem contar o desafio que � vencer a concorr�ncia com as tecnologias. E tem ainda a expectativa da espera do meu amado ao final de cada dia. Ele chega e acaba entrando nesta incr�vel din�mica que se chama fam�lia. Espero que possamos voltar � rotina que no dia a dia parece ser cansativa, mas � t�o importante para todo ser humano. Esperemos por dias melhores, e que a sociedade supere esta fase.” 


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