
Isso porque as duas condi��es, obesidade e infec��o pela COVID-19, provocam um grave processo inflamat�rio generalizado no corpo, como explicou em entrevista ao programa CB.Sa�de — uma parceria do Correio com a TV Bras�lia —, o cl�nico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa L�cia, Luciano Louren�o.
"A obesidade � uma doen�a inflamat�ria que faz com que o indiv�duo, de forma geral, tenha inflama��es cr�nicas. A infec��o pelo covid-19, que � um v�rus, gera inflama��es de uma forma muito exacerbada, inflama o organismo como um todo", explicou o m�dico. Esta � a segunda vez que o cl�nico geral participa do programa para falar sobre a COVID-19.
Em entrevista anterior, Louren�o havia explicado que a demora para buscar aux�lio m�dico em casos simples foi um efeito colateral perigoso da pandemia. Ele tamb�m ressaltou que o desencontro de informa��es contribuiu para aumentar o n�mero de mortes no pa�s.
Problemas generalizados
Desta vez, Louren�o destacou que, apesar de o pulm�o ser o �rg�o mais prejudicado pelo novo coronav�rus, outros sistemas do corpo tamb�m s�o atingidos pela inflama��o provocada pelo v�rus e isso leva, inclusive, ao aumento do n�mero de mortes. "A gente observa que os obesos, as pessoas que t�m sobrepeso, por manterem um padr�o inflamat�rio cr�nico, quando recebem essa carga inflamat�ria pelo coronav�rus tendem a ter a vers�o mais grave da doen�a, t�m interna��es mais prolongadas. Se a gente d� uma olhadinha nos n�meros, n�o s� aqui no Brasil, mas fora do Brasil tamb�m, quando a gente fala de �bitos, a associa��o entre obesidade e idade �, sem d�vida, o maior percentual de �bitos que tivemos no mundo", ressaltou.
O m�dico explica que o cora��o acaba sendo bastante atingido quando os dois quadros inflamat�rios s�o combinados e, por isso, pacientes obesos podem responder de maneira mais lenta aos tratamentos.
"Do ponto de vista do padr�o infeccioso e inflamat�rio, a covid-19 tamb�m tem uma inflama��o generalizada e tamb�m tem sofrimento renal, o sofrimento hep�tico, o intestino sofre muito, o cora��o sofre demais, n�o s� para inflama��o nele, mas pela carga que ele recebe de fazer a circula��o acontecer num pulm�o inflamado. Ent�o, essa rela��o nessa parte do cora��o que bombeia o sangue para o pulm�o sofre muito com esses pacientes obesos que j� t�m um padr�o inflamat�rio maior, uma carga corp�rea maior e uma dificuldade, n�o s� metab�lica, mas tamb�m mec�nica, de responder melhor �s terapias”, destacou.
Impacto em pacientes jovens
Al�m da associa��o com casos graves em pessoas mais velhas, o impacto da obesidade associada � COVID-19 em pacientes jovens e sem hist�rico cl�nico de doen�as precedentes tamb�m chama a aten��o do m�dico. "A gente v� pacientes jovens, sem nenhuma comorbidade do tipo diabetes, hipertens�o, asma, simplesmente com o sobrepeso, um grupo que a gente considera que n�o t�m um risco aumentado, apresentarem as vers�es mais graves da doen�a. Ent�o, realmente, a obesidade, o sobrepeso, o aumento de carga, gordura no nosso organismo, � um fator que predisp�e a infec��es mais severas com coronav�rus", afirmou.
O m�dico exemplificou como esse quadro dificulta o tratamento de pacientes, ainda que jovens e sem doen�as pr�-existentes, em diversos aspectos. "No sentido mec�nico, uma caixa tor�cica com uma massa corp�rea aumentada pelo excesso de gordura � mais dif�cil de ser expandida. Ent�o, na ventila��o mec�nica desse paciente, o ajuste, o acoplamento desse organismo, com uma carga maior na ventila��o mec�nica � um pouquinho mais dif�cil. A gente acaba tendo que usar press�es e volumes um pouco maiores para conseguir expandir essa caixa tor�cica”, colocou.