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Estado de Minas S�UDE

Cuidado com os modismos

Em uma �poca em que tudo � virtual, influenciadores digitais tendem a ditar tend�ncias muitas vezes perigosas. Especialistas d�o dicas de como n�o se render aos mitos da internet


15/11/2020 04:00

“Nosso feed vive influenciado, seja por amigos, por famosos ou por influenciadores digitais, com novidades da moda, de decora��o para casa, de procedimentos est�ticos, de dietas milagrosas, estilo de vida, bem-estar e ‘truques caseiros’. S�o v�rias informa��es sendo processadas ao mesmo tempo por nosso c�rebro. E, mesmo sem que a gente perceba, essas tend�ncias influenciam diretamente nos nossos gostos, rotina e consumo.”
 
� o que diz a psiquiatra Jaqueline Bifano. Segundo ela, a mente humana, em decorr�ncia de, em diversas ocasi�es, desejar aquilo que v�, tende a fazer escolhas err�neas e tomar atitudes mal�ficas ao organismo, seja f�sica ou psicologicamente. “H� uma falsa impress�o de que essas pessoas nas redes sociais t�m acesso a tudo de melhor.”
 
Ela exemplifica: se um influenciador posta uma foto em que est� alegre, feliz ou bem-vestido e dizendo que passou determinado creme no rosto e est� sentindo a pele muito mais bonita, por exemplo, o subconsciente de quem v� aquilo tende a achar que tamb�m precisa daquele produto para melhorar a pele e a autoestima. O mesmo ocorre com quem quer emagrecer e v� uma certa ‘dieta milagrosa’ fazer efeito em uma pessoa na internet.
 
(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
 
 

"Por mais simples que esses tratamentos e receitas caseiras pare�am, eles podem ser muito perigosos, pois podem causar danos irrevers�veis, tanto na est�tica quanto na sa�de dos dentes, provocando desgaste, eros�o e exposi��o da raiz dent�ria"

Adriano Rafael, cirurgi�o-dentista

 
 
Por�m, Jaqueline alerta que, al�m de muitos dos reais sacr�ficos para adquirir o resultado mostrado serem ocultados, cada corpo reage de uma forma. Ou seja, n�o � porque a dieta, o creme, o tratamento ou qualquer outra medida adotada por um influencer deu certo para ele que os mesmos resultados positivos ser�o alcan�ados pela pessoa que o acompanha nas redes sociais.
E isso acende outro ponto de aten��o: o da sa�de mental. “As pessoas tendem a ficar mais frustradas por n�o ter a vida dos sonhos. Da� vem a frustra��o com a fam�lia, com os amigos, com os empregos, com a pr�pria apar�ncia e/ou relacionamento, o que pode gerar quadros cl�nicos de ansiedade, depress�o e transtornos de baixa autoestima. Em adolescentes, pode haver a recorr�ncia de casos de agressividade ou de comportamentos que antes n�o existiam, como o costume de difamar e desvalorizar o outro.”

DANOS F�SICOS Jaqueline destaca que, transcendendo o poder da mente, os “modismos” apresentados por influenciadores e/ou pessoas conhecidas no �mbito virtual tendem a impactar diretamente a sa�de f�sica das pessoas. Um exemplo disso � o corte e tintura dos cabelos. “Uma famosa cortou o cabelo e fez mechas loiras ‘em casa’. � certo que v�rias seguidoras v�o realizar esse mesmo corte e mechas em um sal�o de beleza e nas m�os de profissionais qualificados. Outras pessoas, por�m, v�o repetir o mesmo processo que a famosa dentro de casa. O resultado pode ser desastroso”, pontua a psiquiatra.
 
Isso porque, segundo o dermatologista Lucas Miranda, a estrutura dos fios varia de pessoa para pessoa. E, justamente por isso, determinado procedimento ou produto pode n�o ter o mesmo efeito que aquele apresentado nos feeds. “Um mesmo produto, que promete dar aspecto sedoso a um determinado tipo de cabelo pode deixar o outro opaco e quebradi�o. � fundamental ter acompanhamento de um especialista nesses casos para estudar a estrutura capilar e indicar o que pode ou n�o ser realizado com seguran�a nos fios.”
 
A pele tamb�m pode sofrer com isso. Segundo o dermatologista, a aplica��o de produtos inadequados � epiderme humana, principalmente os considerados caseiros, pode causar s�rios danos e comprometer a sa�de dermatol�gica. Entre as consequ�ncias est�o a ocorr�ncia de descama��es, queimaduras, cicatrizes, manchas, irrita��es, acnes e oleosidade.
 
Clarice Ribeiro Paes, de 16 anos, foi uma das pessoas a seguir dicas vistas na internet, mais precisamente em um canal no YouTube. A jovem estudante relata que fez uso de uma receita caseira para limpar a pele, uma m�scara facial feita com carv�o. O resultado? Nada de milagre. Apesar de, segundo Clarice, ela ter visto certa funcionalidade, o prometido passava longe do que ela teve como experi�ncia.
 
“Em outra ocasi�o, vi uma blogueira falando que tinha uma pasta de dente com carv�o que clareava os dentes e fiquei bastante interessada, j� que, na �poca, tinha muita dificuldade de aceitar meus dentes, que, al�m de tortos, eram um pouco escuros. Um dia, fui em uma loja de cosm�ticos com minha m�e, e l� tinha essa pasta. Na mesma hora comprei. Usei poucas vezes, mas j� senti os danos: n�o deu certo e senti meus dentes mais sens�veis quando comia algo quente ou frio demais”, conta a estudante.
 
O cirurgi�o-dentista Adriano Rafael faz um alerta sobre isso: “Apenas dentistas s�o capazes de promover a est�tica desejada sem comprometer a sa�de dos dentes”. Isso porque, segundo Adriano, al�m da falsa ideia de que o bicarbonato de s�dio, o carv�o, o morango, a casca de banana, o suco de lim�o e/ou a casca de laranja podem clarear os dentes, esses produtos cont�m subst�ncias abrasivas ou corrosivas em sua composi��o e acabam removendo a camada superficial da estrutura dental.
 
“Por mais simples que esses tratamentos e receitas caseiras pare�am, eles podem ser muito perigosos, pois podem causar danos irrevers�veis, tanto na est�tica quanto na sa�de dos dentes, propiciando casos de desgaste, eros�o e exposi��o da raiz dent�ria. Al�m disso, recentemente, usu�rios do Tik Tok lan�aram o desafio de lixar os dentes com lixa de unha. Entre os riscos da pr�tica est� o de causar danos permanentes aos dentes, como a retirada do esmalte que est� na borda da estrutura dent�ria, o de trincar os dentes, danificar o tecido saud�vel dent�rio e at� trazer complica��es �sseas”, pontua.

FILTRAGEM Os especialistas destacam que alguns danos podem ser irrevers�veis. Por�m, alguns tratamentos podem ser aplicados para que a sa�de f�sica, seja ela dent�ria, dermatol�gica ou mental, seja restabelecida. Nesse cen�rio, eles frisam a import�ncia de que m�dicos sejam procurados antes de o procedimento ser realizado para que a melhor indica��o seja feita. Caso a tend�ncia j� tenha sido incorporada e os resultados se tornado aparentes, um profissional deve avaliar o caso para, ent�o, ditar as poss�veis solu��es.
 
Nesse cen�rio, Jaqueline Bifano ressalta o perigo contido nas redes sociais e recomenda uma filtragem naquilo que � consumido digitalmente. “A internet n�o � negativa ou ruim se bem usada. Tem muito conte�do de qualidade e informa��o valiosa. Mas � realmente importante saber o que est� escolhendo, ponderar o tempo e o tipo de conte�do que est� sendo visto e saber que nem tudo o que se v� � realmente real e para voc�. Na verdade, da grande maioria das coisas que est�o ali n�o precisamos desesperadamente.”
 
Ela pondera que, mesmo gerenciando o tempo e tentando escolher melhor o que est� sendo seguido, vale recorrer a um profissional da sa�de, psiquiatra ou psic�logo para tentar entender o porqu� de isso estar acontecendo e ver formas mais incisivas para melhorar essa quest�o. “O mundo virtual � muito bom, mas viver a vida real � infinitamente melhor. Em vez de se espelhar e querer a vida do outro, que � uma vida ‘de vendas’, tente conversar mais com amigos de verdade, tente fazer um fim de semana mais gostoso, tente ler mais e veja mais filmes. A vida � muito mais do que as telas mostram e a gente n�o precisa de tudo que ela oferece para ser feliz”, afirma.
 
Clarice disse ter aprendido com os “erros”. Segundo ela, a desconfian�a passou a fazer parte do dia a dia dela ao se deparar com as chamadas dicas “milagrosas”. “Vemos muitas promessas nas redes sociais e com um resultado que parece ser incr�vel. Aprendi a desconfiar dessas coisas. A gente acaba se arriscando muito, n�o alcan�a o que � mostrado ali e ainda pode ter algum problema maior depois.”

* Estagi�ria sob supervis�o 
   da editora Teresa Caram
 
 
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