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Estado de Minas SA�DE

Voc� j� ouviu falar em transplante de fezes? Entenda como funciona

Procedimento coloniza novamente o organismo com bact�rias saud�veis, trazendo qualidade de vida a pacientes com a microbiota destru�da


02/06/2021 15:34 - atualizado 02/06/2021 16:15

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Transplante de fezes, termo que parece estranho, mas que consiste em um procedimento crucial para melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas que tiveram, em raz�o do uso excessivo de antibi�ticos, a microbiota intestinal destru�da. � o caso, por exemplo, de pacientes autistas e depressivos.

“A premissa do transplante de fezes � retirar todas aquelas bact�rias prejudiciais, que foram afetadas pelo uso de rem�dios, e fazer uma nova coloniza��o com a microbiota boa.” 

� o que explica o farmac�utico, bioqu�mico e p�s-doutor em microbiologia Alessandro Silveira. Mas por que essas bact�rias destru�das precisam ser repostas? Antes de mais nada, porque, conforme o especialista, as bact�rias boas presentes no organismo s�o cruciais para o bom funcionamento do sistema imunol�gico.

Al�m disso, a microbiota, especificamente, � respons�vel por formar uma barreira no �rg�o, que impede a a��o de microrganismos nocivos capazes de gerar inflama��es e doen�as.  

Dessa forma, a alimenta��o saud�vel, com restri��o de alimentos industrializados e ultraprocessados ou ricos em a��car, � um dos fatores-chave para alimentar as bact�rias boas do organismo, que contribuem para a promo��o de sa�de.

Entretanto, alimentar-se de maneira adequada e mudar h�bitos de vida – ter bom sono, praticar exerc�cios f�sicos, evitar quadros de estresse, entre outros – exige altera��es, muitas vezes, “radicais” e leva algum tempo para que a coloniza��o por bact�rias adequadas seja feita.  

Nesses casos, o transplante de fezes � o mais indicado. “Quando voc� faz o transplante de microbiota intestinal, essa mudan�a � instant�nea e, com a melhora da microbiota, a pessoa pode adquirir h�bitos mais saud�veis, principalmente h�bitos alimentares. Isso porque os h�bitos alimentares est�o associados com perfis de microrganismos que temos no intestino, o que � uma via de m�o dupla, ou seja, quando voc� tem uma alimenta��o rica em alimentos industrializados, cheios de carboidratos e a��cares, voc� faz com que a microbiota intestinal esteja preparada para receber esse tipo de alimento.” 

“Mas quando voc� para de utilizar esses alimentos, voc� sente o desejo de comer. E por que acontece isso? Porque a microbiota e os microrganismos est�o l� no intestino, eles est�o j� esperando esse tipo de nutriente. Ent�o, fica muito mais dif�cil da pessoa mudar h�bitos alimentares. J� quando muda a microbiota intestinal, consegue fazer com que a pessoa tenha mais facilidade e possa ser mais engajada nessa mudan�a de h�bitos”, explica Alessandro Silveira. 
 
(foto: Jimenes Comunicação/Divulgação)
(foto: Jimenes Comunica��o/Divulga��o)

� uma maneira r�pida, efetiva e natural de trocar a microbiota intestinal. Ent�o, se pega uma pessoa que tem desequil�brio da microbiota intestinal, tem um intestino que n�o est� funcionando muito bem, e retira toda a microbiota, depois coloca-se as fezes de duas pessoas saud�veis, que s�o misturadas e dilu�das para que possa haver recoloniza��o intestinal por bact�rias com perfis mais adequados. Os resultados s�o imediatos.

Alessandro Silveira, farmac�utico, bioqu�mico, p�s-doutor em microbiologia e autor do livro "O lado bom das bact�rias"

 

Esse procedimento � autorizado pelo Minist�rio da Sa�de para tratar infec��es por bact�ria Clostridioides difficile, que causa a retocolite ulcerativa e que est� associada com o uso de antibi�ticos de amplo espectro por longa dura��o.

“Quando o paciente tem infec��es e n�o � responsiva ao uso de antibi�ticos, o transplante de fezes est� autorizado. Agora, em outros pa�ses, o transplante de fezes tem sido largamente utilizado e estudado para indica��es como o autismo, depress�o, diabetes, obesidade, doen�as cr�nicas, doen�as al�rgicas, entre outras. E com bons resultados, mas sempre como tratamento adjuvante.” 

“Ele n�o deve ser o tratamento �nico e nem o tratamento principal”, refor�a o especialista, que destaca, ainda, que os benef�cios s�o muitos para a qualidade de vida do paciente, j� que, conforme ele, todo m�todo capaz de melhorar o funcionamento da microbiota � ben�fico. 
 

O TRANSPLANTE 


Antes de tudo, para realizar o procedimento, � necess�rio encontrar um doador. Ele precisa ter um perfil bacteriano espec�fico. N�o � toa, o mais comum � escolher familiares, pois s�o pessoas cujo hist�rico de vida � conhecido, ficando mais f�cil atestar sa�de. Mesmo assim, � preciso provas de uma microbiota saud�vel.

Alguns questionamentos feitos no momento da escolha do doador s�o: se nasceu de ces�rea ou normal, qual a dieta alimentar, o hist�rico de doen�as e resultados de exames de hepatite, HIV, rotav�rus, giardia e outras parasitoses.  

O procedimento, apesar de simples, s� pode ser realizado por indica��o e sob supervis�o m�dica direta. “� uma maneira r�pida, efetiva e natural de trocar a microbiota intestinal. Ent�o, se pega uma pessoa que tem desequil�brio da microbiota intestinal, tem um intestino que n�o est� funcionando muito bem, e retira toda a microbiota, depois coloca-se as fezes de duas pessoas saud�veis, que s�o misturadas e dilu�das para que possa haver recoloniza��o intestinal por bact�rias com perfis mais adequados. Os resultados s�o imediatos”, explica o especialista. 

Ainda, conforme Alessandro Silveira, “n�o existe nenhum tipo de interven��o que seja 100% efetiva e que seja 100% isenta de riscos”, por�m, h� meios de garantir a melhor seguridade do procedimento. “Quando se fala em transplante de fezes, existe um gargalo, que � a seguran�a biol�gica. Qual a possibilidade de receber fezes de uma pessoa e nelas conter agente etiol�gico, microrganismo como bact�ria, v�rus e protozo�rio que pode causar danos para a sa�de? Sempre vai existir.” 

“O que defendemos � que sejam feitos rigorosos testes para garantir a seguran�a biol�gica. E a� podemos tra�ar um paralelo, que � a transfus�o sangu�nea, que, hoje, � uma interven��o segura, por�m, apesar de segura, ela n�o � 100%. O que temos � uma seguran�a muito alta. � s� ter um protocolo de quais s�o os testes que precisam ser realizados para garantir a seguran�a biol�gica. Claro que tamb�m existe a quest�o da aplica��o, da colonoscopia, que � um procedimento simples e corriqueiro, mas � invasivo, ou seja, existem riscos pequenos. Ent�o, os riscos obviamente existem, mas eles s�o previs�veis e facilmente contornados.” 

E como se espera que uma pessoa fique ap�s o procedimento? O esperado, conforme Alessandro Silveira, � que o paciente melhore a causa base da doen�a. “Quando se melhora a fun��o intestinal, se tem todas as consequ�ncias positivas decorrentes dessa melhor sa�de intestinal. Por isso, o paciente deve melhorar muito. E se a gente pegar, por exemplo, no caso do autismo, a gente n�o fala em cura, mas em melhora da qualidade de vida, e isso j� � maravilhoso.” 

“Portanto, se consegue melhorar toda a manifesta��o de sintomas e faz com que a pessoa tenha uma vida melhor. Falando de forma geral, muitas vezes, voc� faz com que essa pessoa n�o precise mais tomar medicamentos de forma cr�nica, o que � um resultado maravilhoso. Uma observa��o importante � que tem que ser analisado caso a caso. Mas, sem d�vida nenhuma, o objetivo � melhorar o quadro daquele paciente para uma doen�a espec�fica, a qual ele foi indicado para o transplante de fezes”, comenta o farmac�utico.

EM VOGA  


O transplante de fezes � um dos assuntos abordados pelo farmac�utico, bioqu�mico e p�s-doutor em microbiologia em seu livro “O lado bom das bact�rias – O poder invis�vel que fortalece sua defesa natural para ter uma vida mais feliz e longeva”, rec�m-lan�ado pela Editora Gente. “No livro de minha autoria, como o pr�prio nome diz, tento desmistificar a vis�o que a maioria das pessoas t�m das bact�rias, pois, de maneira geral, quando se fala em bact�rias, as pessoas pensam em doen�a.” 

“Por�m, as bact�rias s�o importantes para nossa sa�de, pois s�o elas que v�o ajudar na nossa sa�de. � o que abordo em meu livro. A partir de v�rias hist�rias pessoais, at� como a minha vida foi transformada com o diagn�stico de autismo do meu filho, comecei a estudar e entender que aquelas bact�rias que at� ent�o estudava como agentes causadores de doen�as, na verdade, poderiam ser a chave para ajudar meu filho a ter uma vida melhor. No livro, falo sobre a import�ncia das bact�rias para prevenir doen�as, como c�ncer e obesidade, da import�ncia do parto normal e sobre o transplante de fezes.” 

(foto: O lado bom das bactérias/Divulgação)
(foto: O lado bom das bact�rias/Divulga��o)
Segundo ele, o objetivo principal do livro � conscientizar as pessoas sobre o papel delas em sua sa�de. “Lembrando, ainda, que o papel do m�dico e outros profissionais de sa�de s�o essenciais, mas temos responsabilidades de autocuidado, como o que comemos, a qualidade do sono, a forma que lidamos com os problemas, o quanto de �gua tomamos por dia, entre outros. Tudo isso eu menciono no livro com o objetivo de tentar ajudar as pessoas a melhorar a sa�de e qualidade de vida.” 

Alessandro Silveira destaca, por fim, que seu livro tem parceria com a ONG Autismos, que capacita profissionais da educa��o que atuam com pessoas autistas. Segundo ele, toda a receita do livro, no que tange direitos autorais, ser� direcionada de maneira definitiva para a ONG Autismos. “Trata-se de uma a��o social, na qual cada pessoa que compra o livro est� ajudando essa organiza��o que faz um trabalho maravilhoso.” 
 
O livro est� dispon�vel para venda na Amazon.  

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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