
Para o psic�logo, acupunturista e homeopata Ildeu Luiz Parreiras de Oliveira, da cl�nica Sphera – Terapias naturais, a mais conhecida acupuntura, termo adotado no Brasil para dar nome � tradicional medicina chinesa, consiste na utiliza��o, normalmente, de agulhas para fazer circular a energia. “O nosso corpo � coberto de uma rede de energia que passa interna e externamente, como se fossem rios que mant�m a energia sempre circulando. Entende-se que quando h� algum desequil�brio no fluxo dessa energia aparecem as patologias”, afirma.
Ildeu Oliiveira destaca que a acupuntura n�o trata doen�as, mas os desequil�brios energ�ticos. “Quando se reestabelece esse equil�brio, os desconfortos somem”, comenta. O acupunturista ensina que a tradicional medicina chinesa � fundamentada na teoria dos cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal e �gua, em que cada elemento � representado por um �rg�o e uma v�scera.
"Quando se trabalha em um determinado �rg�o que apresenta desequil�brio energ�tico, tamb�m se trabalha a emo��o e o metabolismo”
Ildeu Luiz Parreiras de Oliveira,
acupunturista e homeopata
Todas as atividades – acupuntura, dietoterapia, fitoterapia, Tui N�, Lian Gong – s�o baseadas nessa teoria. Cada elemento tamb�m representa uma emo��o, um sabor, uma dire��o e um hor�rio do dia onde esse elemento ir� se manifestar com maior intensidade.
“Por exemplo, o elemento madeira � representado pelo f�gado, e a emo��o � a raiva. O elemento fogo � representado pelo cora��o, e a emo��o � a alegria. Quando se trabalha em um determinado �rg�o que apresenta desequil�brio energ�tico, tamb�m se trabalha a emo��o, o metabolismo e todos os aspectos envolvidos com a ess�ncia desse elemento em quest�o. Isso explica por que muitas vezes a pessoa come�a a tratar um problema de sa�de e durante o tratamento outros sintomas secund�rios acabam desaparecendo”, destaca Ildeu Oliveira.
Engana-se quem pensa que a tradicional medicina chinesa se d� apenas na busca pelo equil�brio energ�tico por meio do uso de agulhas. “Temos v�rias t�cnicas. Ou seja, podem-se usar agulhas, sim, mas tamb�m h� m�todos com a ajuda de laser, das m�os ou de tubos que injetam calor. � um avan�o legal da acupuntura. � poss�vel at� fazer esfolia��o. H� t�cnicas incr�veis”, afirma o acupunturista Ant�nio Gomes.
Riscos
A acupuntura � uma t�cnica natural e leve, mas, diferentemente do que muitos pensam, ela apresenta riscos por ser um m�todo invasivo. “Como ela trabalha com a energia, � muito importante estar bem nutrido. Portanto, quando for a uma sess�o de acupuntura, fa�a uma refei��o, mesmo que seja leve, para n�o ir em jejum. J� vi casos de pessoas passarem mal por estar em jejum na sess�o.”
Deve-se ter cuidado tamb�m com as gestantes, principalmente no primeiro trimestre, pois alguns pontos s�o abortivos, mas esses pontos devem ser utilizados no final da gesta��o por induzir �s contra��es, facilitar a dilata��o e auxiliar no posicionamento do beb�. O terapeuta deve ser informado sobre a gravidez e acompanhar cuidadosamente todo o per�odo para se certificar de que m�e e beb� estejam bem nutridos, explica Ildeu Oliveira.
Ant�nio Gomes observa que h� riscos no que tange � pr�tica err�nea da acupuntura. Primeiro, as agulhas a serem usadas devem ser esterilizadas. Elas s� podem ser aplicadas uma �nica vez, feitas de material especial, do chamado �cido cir�rgico. “Al�m disso, tem-se, por exemplo, o pneumat�rax. Se a pessoa enfia uma agulha em determinada profundidade sem conhecimento no t�rax, pode furar o pulm�o e a pessoa at� ir a �bito. V�rios pontos s�o perigosos. � preciso ter cuidado”, alerta.
“Pessoas que t�m hepatite, Aids ou doen�as infectocontagiosas, por exemplo, precisam se submeter a uma anamnese com perguntas espec�ficas em rela��o � idade e debilidade. N�o se pode colocar agulha nessas pessoas sem fazer anamnese. Temos que tomar cuidados tamb�m com os equipamentos – m�scara, luva – e a assepsia”, comenta.

Os especialistas chamam a aten��o para a necessidade de que, antes da pr�tica, o paciente busque um acupunturista habilitado. “Na acupuntura, n�o existem especialidades como na medicina ocidental. Temos que enxergar o corpo como um todo, por onde passam todos os canais energ�ticos, desde a cabe�a at� os p�s, passando pelo interior, onde est�o os �rg�os, at� o exterior, onde est� a nossa pele e camada de prote��o. Como a energia passa pelo corpo todo, n�o precisamos atuar no local onde h� dor”, afirma.
Existe uma preocupa��o muito grande na forma��o das pessoas que entram no mercado. H� v�rias escolas que n�o t�m respaldo do Minist�rio da Educa��o (MEC), d�o cursos sem embasamento e colocam profissionais com pouco conhecimento no mercado. “Nesse sentido, h� um risco de as pessoas que trabalham na �rea cometerem enganos ao fechar um diagn�stico energ�tico”, explica Ildeu Oliveira.
caso a caso
Em meio � pandemia de COVID-19, a acupuntura surge como grande aliada em v�rias vertentes, na avalia��o de Ildeu Oliveira. “Primeiro, a acupuntura n�o trata doen�a, e sim o desequil�brio energ�tico. Segundo, � preciso saber onde e como o v�rus est� atuando e quais os sintomas. Sabemos que algumas pessoas t�m os sintomas de forma diferente. H� quem tenha febre, outros n�o; quem perca o olfato e o paladar, outros n�o.”
Cada sintoma, segundo ele, vai dizer a forma pela qual o v�rus est� provocando a desarmonia no corpo. “� a� que a acupuntura entra para ajudar. Mas, de forma individualizada. Cada caso � um caso. E, tamb�m, � importante lembrar que, em casos graves, devemos encaminhar o cliente para o hospital. N�o devemos abrir m�o do tratamento convencional. O v�rus age de modo muito r�pido e a resposta do paciente pode n�o ser t�o eficiente assim. Quanto mais aliados nesta hora, melhor. No caso das sequelas, a acupuntura ajuda muito”, pontua.
O roteirista Pedro Carvalhaes, de 34 anos, procurou a acupuntura h� cerca de 10 anos, quando o pai dele morreu. Naquela �poca, o tratamento conciliava a tradicional medicina chinesa com a terapia convencional para lidar com o luto. Por�m, com o tempo, ele abandonou o tratamento alternativo, que s� retomou ap�s o in�cio da pandemia.
“Desde ent�o, a ansiedade, que era insuport�vel, diminuiu bastante. Estava tendo dificuldades para me concentrar e produzir e acredito que a acupuntura ajudou a mitigar essa situa��o, em concomit�ncia com os medicamentos da psiquiatria tradicional e a atividade f�sica. A sensa��o � de que a acupuntura � um ansiol�tico de a��o r�pida. Tanto que, no auge da pandemia, senti a necessidade de fazer sess�es di�rias. Com a t�cnica, sinto-me mais sereno, mais calmo”, conta Pedro Carvalhaes.
A rela��es-p�blicas Nath�lia Cavalcanti Silva, de 33, tem uma hist�ria parecida com a acupuntura. “No ensino m�dio, eu adoeci e fui procurar um m�dico. Estava sentindo algumas coisas e ele falou que eu estava com estresse e me sugeriu a psiquiatra. E, em uma das crises que tive na escola, uma professora me indicou a acupuntura. At� ent�o, eu s� tinha ouvido falar, mas nunca tinha aprofundado no assunto. Fiz sete meses de tratamento e me- lhorei. Estava realmente com estresse, cheguei at� a n�o prestar o vestibular no fim do ano porque estava tudo mexendo emocionalmente comigo.”
Posteriormente, Nath�lia conquistou vaga em universidade de outra cidade e precisou parar o tratamento. Com a pandemia, as crises de ansiedade e estresse voltaram. E, consequentemente, ela retomou o tratamento. A segunda fase de terapia foi iniciada em janeiro e os resultados j� s�o not�rios.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram