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Estado de Minas SUBST�NCIAS PROMISSORAS

Cientistas testam rem�dios para estresse p�s-traum�tico

Resultados iniciais das op��es terap�uticas s�o relevantes em pacientes com quadros graves da doen�a e que n�o se adaptam aos medicamentos dispon�veis


12/06/2022 04:00



Indiv�duos com transtorno de estresse p�s-traum�tico (TEPT) geralmente recebem rem�dios desenvolvidos para tratar depress�o e ansiedade. Segundo especialistas, apesar de esses medicamentos ajudarem, como n�o foram projetados para o TEPT, podem deixar alguns pontos a desejar. Por isso, pesquisadores t�m se dedicado a encontrar drogas que resultem em uma terapia mais completa para os traumas persistentes.

Mesmo iniciais, estudos cient�ficos mostram que anest�sicos, mol�culas naturais e at� drogas psicod�licas s�o alternativas com chance de, em algum momento, serem prescritas em abordagens mais eficazes que as atuais.

A cetamina, tamb�m conhecida como ketamina, � um tipo de anest�sico usado principalmente em cavalos. Nos �ltimos anos, por�m, essa droga se tornou alvo de uma s�rie de pesquisas da �rea psiqui�trica. A subst�ncia, que j� mostrou resultados positivos no tratamento da depress�o, tamb�m foi testada para o TEPT.

"Esse transtorno � uma condi��o extremamente debilitante e, ao testar essa droga, nosso objetivo foi encontrar uma op��o terap�utica eficaz para tantas pessoas que precisam do al�vio de seu sofrimento", afirma Dennis S. Charney, pesquisador do Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos.

Charney e colegas de pesquisa selecionaram um grupo de 30 pessoas diagnosticadas com TEPT h� 14 anos. Parte delas recebeu seis infus�es de cetamina tr�s vezes por semana, durante duas semanas consecutivas. O resto dos volunt�rios recebeu infus�es de um medicamento-padr�o utilizado no tratamento do transtorno. Os volunt�rios foram acompanhados diariamente, e os cientistas constataram que 67% dos que receberam cetamina apresentaram redu��o de 30% dos sintomas. Por outro lado, 30% dos integrantes do grupo-padr�o apresentaram quase 20% de melhora.

Al�m disso, os benef�cios observados no grupo experimental surgiram antes. "Esse � um passo importante em nossa busca para desenvolver novas interven��es farmacol�gicas para um transtorno cr�nico e incapacitante, j� que um grande n�mero de indiv�duos n�o responde aos tratamentos dispon�veis atualmente ou sofre por um longo tempo at� obter melhoras. Agora, precisamos de estudos que determinem como podemos manter essa resposta r�pida e robusta ao longo do tempo", afirma Adriana Feder, professora-associada de psiquiatria na Icahn School of Medicine at Mount Sinai e uma das autoras do estudo.

DROGA ANTICOLIN�RGICA

Pesquisadores japoneses tamb�m resolveram avaliar o poder terap�utico de uma nova subst�ncia, o trihexifenidil, no tratamento do TEPT. A droga anticolin�rgica retirada de uma planta � usada para controlar dist�rbios como o Parkinson. Agora, a equipe focou em um dos principais sintomas do transtorno dos traumas persistentes: os pesadelos. Eles administraram o rem�dio, por algumas semanas, em 34 pacientes que n�o respondiam bem ao tratamento psiqui�trico padr�o e os entrevistaram ao longo da terapia experimental.

Como resultado, observaram que 88% dos volunt�rios relataram a ocorr�ncia de pesadelos leves ou de nenhum sonho negativo relacionado aos traumas vividos. Al�m disso, 79% dos pacientes relataram respostas semelhantes em rela��o a flashbacks de experi�ncias perturbadoras.

"Embora mais estudos sejam necess�rios para provar o mecanismo visto, reaproveitar o trihexifenidil para o TEPT seria uma reviravolta promissora, uma vez que o medicamento � barato e n�o tem efeitos adversos. Essa, com certeza, � uma esperan�a para os pacientes que sofrem com esse transtorno t�o cruel", destaca Masanobu Sogo, pesquisador da Medical Corporation Sogoka, no Jap�o, e um dos autores do estudo.

EM ALTA

Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), conta que o n�mero de pesquisas em busca de novas drogas para tratar o TEPT tem aumentado consideravelmente nos �ltimos anos. "Hoje, temos exames de imagem que nos ajudam a mostrar determinadas altera��es cerebrais relacionadas a esse problema de sa�de, confirmando o que antes eram apenas suspeitas. Temos esses dados novos e n�o podemos esquecer o grande estresse que vivenciamos, o que agrava os transtornos psiqui�tricos. Esses efeitos negativos � sa�de mental tamb�m influenciam a busca por novas op��es terap�uticas, e podemos esperar at� mais estudos nessa �rea", explica.

Apesar do  grande n�mero de pesquisas e das possibilidades terap�uticas que t�m surgido, a m�dica destaca que os dados vistos, at� agora, s�o muito prematuros. 

PALAVRA DE ESPECIALISTA
Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP)

N�o h� salvador da p�tria

“O mercado tem investido mais nesse tipo de pesquisa pelo aumento da incid�ncia dessas enfermidades. Existe um grande interesse das empresas farmac�uticas, e isso deve at� aumentar depois da pandemia, em que as pessoas est�o perdendo amigos, parentes em um momento bastante dif�cil. As taxas desses problemas psiqui�tricos devem subir ainda mais. No Brasil, isso j� � um problema. Somos l�deres mundiais em transtornos de ansiedade. O que n�o podemos � achar que essas subst�ncias s�o a resposta para tudo e us�-las de forma inadequada. No caso da maconha, por exemplo, temos uma subst�ncia, o canabidiol (CBD), que pode ser usado com benef�cios para determinados problemas m�dicos. Mas n�o podemos generalizar, dizer que um paciente vai fumar e, com isso, vai ter uma melhora instant�nea do dist�rbio que sofre. At� porque, nenhum medicamento � o salvador da p�tria, � preciso sempre ter esse cuidado."

Uso combinado com sess�es de terapia

O uso de drogas psicod�licas como tratamento psiqui�trico � um dos temas que mais v�m sendo discutidos dentro da �rea m�dica, nos �ltimos anos. Essas subst�ncias tamb�m t�m sido avaliadas por especialistas como uma ferramenta de aux�lio a pacientes com transtorno de estresse p�s-traum�tico (TEPT). Em um desses estudos, cientistas da Universidade da Calif�rnia, nos Estados Unidos, selecionaram 90 pacientes com a forma grave do dist�rbio. Um pouco antes de participarem de sess�es de terapia, parte recebeu uma pequena quantidade de metilenodioximetanfetamina (MDMA), um tipo de droga alucin�gena, e outro grupo, placebo.

Ap�s tr�s sess�es de terapia de fala, constatou-se que 88% dos volunt�rios que receberam MDMA apresentaram redu��o consider�vel dos sintomas do transtorno – um n�mero bem mais alto que o do grupo placebo (cerca de 30%). Os cientistas tamb�m observaram que os pacientes com um subtipo mais grave do TEPT, que relataram sofrer com depress�o ou com hist�rico de abuso de subst�ncias, como o �lcool, apresentaram resultado equivalente ao resto dos pacientes tratados com a droga.

"Pessoas com os diagn�sticos mais dif�ceis de tratar, muitas vezes considerados intrat�veis, respondem t�o bem a esse novo tratamento quanto os outros participantes do estudo. Na verdade, os diagnosticados com o subtipo dissociativo de TEPT experimentaram uma redu��o maior nos sintomas do que aqueles sem o subtipo dissociativo", enfatiza a autora principal do artigo, Jennifer Mitchell, que tamb�m � professora-associada dos departamentos de Neurologia e Psiquiatria da Universidade da Calif�rnia.

Segundo a cientista, o MDMA funcionou como um catalisador para a terapia. "� uma abordagem experiencial e, portanto, necessita de acompanhamento especializado e ambiente apropriado para realmente guiar a mudan�a e a recupera��o", pondera. "Embora muitas formas de terapia para esse dist�rbio envolvam relembrar traumas anteriores, a capacidade �nica dessa droga de aumentar a compaix�o e a compreens�o enquanto reprime o medo �, provavelmente, o que permite que ela seja t�o eficaz", afirma.

ACOMPANHAMENTO

 N�o houve registro de problemas de seguran�a e o uso do MDMA n�o aumentou o risco de pensamentos ou comportamentos suicidas, de complica��es cardiovasculares ou o potencial de abuso da subst�ncia em rela��o � terapia com o placebo. Para a equipe, se usada de forma controlada, a droga pode auxiliar pacientes que n�o respondem ao uso de medicamentos hoje dispon�veis para o transtorno.

Presidente da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva chama a aten��o para o fato de que a abordagem deve ser investigada mais a fundo. "Novas mol�culas precisam ser estudadas com cuidado, isso demora anos. Existe a possibilidade de acharmos drogas promissoras que hoje j� s�o usadas para outras enfermidades, o que aconteceu na hist�ria m�dica algumas vezes, e tamb�m o uso das drogas psicod�licas, apesar de ainda compreendermos pouco sobre elas. N�o podemos descartar nenhuma op��o", afirma.


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