
Na misteriosa floresta, garota acha um livro sobre rituais sombrios e tenta us�-lo para trazer de volta o amado morto, desencadeando uma s�rie de acontecimentos assustadores naquela pacata regi�o. O enredo de A mata negra, que estreia nesta quinta-feira (6), �s 19h, no P�tio 1, n�o soa estranho a quem est� habituado a acompanhar os lan�amentos mundiais do terror e do suspense. Por�m, a hist�ria se passa no litoral capixaba, onde nasceu o cineasta Rodrigo Arag�o, diretor desta e de outras produ��es recentes que v�m consolidando o g�nero no cinema nacional. Com or�amentos maiores e variedade de ideias, o horror vem superando o trash no Brasil, vencendo festivais e tentando aumentar as bilheterias.
Depois de abrir o Fantaspoa, principal festival nacional dedicado ao g�nero, realizado em Porto Alegre, e ser exibido em outras mostras, A mata negra chega ao circuito comercial no programa Projeta �s 7, da Rede Cinemark. No papel principal est� Clara, interpretada pela filha do diretor, Carol Arag�o, garota adotada por outro personagem dos filmes de Rodrigo, Pai Pedro (Markus Konk�), morador da mata nas proximidades de Guarapari. O local � cen�rio de epis�dios sobrenaturais envolvendo a jovem, perseguida por fan�ticos religiosos.
Assim como em seus outros quatro longas – Mangue negro (2008), A noite do chupa-cabra (2011), Mar negro (2013) e As f�bulas negras (2015) –, o diretor conta uma hist�ria de horror e fantasia baseada em peculiaridades regionais, tanto do folclore quanto da realidade.
Com maquiagens caprichadas para mortos-vivos, monstros e dem�nios, efeitos especiais um pouco mais ousados e a presen�a de Jackson Antunes, Francisco Gaspar e Clarissa Pinheiro no elenco, o filme custou R$ 630 mil, captados via Fundo Setorial da Ancine. Para se ter uma ideia, com�dias brasileiras de sucesso tiveram or�amentos na casa dos R$ 5 milh�es. No entanto, para quem produziu o longa de estreia com apenas R$ 50 mil, essa quantia representa uma evolu��o.
“Mata � meu primeiro longa com padr�o t�cnico internacional, rodado com bom equipamento e luz correta. Os atores tiveram tempo para ensaiar. O or�amento muda muito a qualidade do filme”, comenta Arag�o. Ele costuma dizer que “trash n�o � estilo, apenas falta de grana”.
QUINTAL Para quem come�ou filmando entre amigos no quintal de casa na vila de Peroc�o (um mangue, por sinal) com o dinheiro que tinha literalmente nas m�os, a evolu��o � fato. Em 2019, o diretor nascido em Guarapari vai lan�ar O cemit�rio das almas perdidas, �pico sobre o livro mostrado em A mata negra. Com or�amento de R$ 2,1 milh�es, ser� a maior produ��o do capixaba.
“A mata negra j� teve boas cenas de a��o, mas no pr�ximo levaremos isso a outro n�vel. Tem sequ�ncias de batalha, cenas sobrenaturais. Usamos sistema de cabos, maquetes, cenografia mais elaborada”, adianta o cineasta. Em 2015, ele recebeu em sua vila de pescadores o mestre Jos� Mojica Marins, o Z� do Caix�o, que dirigiu e atua em uma das cinco tramas de As f�bulas negras.
Rodrigo Arag�o celebra o momento de destaque que o cinema de terror experimenta no Brasil. “Sabemos que o gargalo � grande. No Brasil, a maior dificuldade � a distribui��o. Esse � meu primeiro filme com apoio oficial da Ancine (Ag�ncia Nacional do Cinema), estou muito feliz por finalmente chegar �s salas comerciais. � um sonho antigo. O terror � um g�nero com potencial incr�vel, as bilheterias internacionais mostram isso. Atualmente, a produ��o do cinema de g�nero no Brasil vive uma fase sem precedentes, com muitos projetos, variados e bonitos. � o momento prop�cio para encontrar e fortalecer o p�blico”, argumenta.