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Estado de Minas

ENFIM, N�S

Depois de Pernambuco, Minas e Cear� terem ciclos de expans�o da produ��o audiovisual, a Para�ba, que raramente viabilizava longas, revela safra de t�tulos com est�tica vigorosa


postado em 22/12/2018 05:04

Em Beiço de estrada, o diretor Eliézer Rolim recorre às próprias memórias para falar da construção e do impacto provocado pela BR- 230, nos anos 1970(foto: FOTOS: FEST ARUANDA/DIVULGAÇÃO)
Em Bei�o de estrada, o diretor Eli�zer Rolim recorre �s pr�prias mem�rias para falar da constru��o e do impacto provocado pela BR- 230, nos anos 1970 (foto: FOTOS: FEST ARUANDA/DIVULGA��O)


A grande surpresa do Festival Aruanda do Audiovisual, realizado entre os dias 6 e 12 deste m�s, em Jo�o Pessoa, n�o veio da mostra competitiva principal, mas de uma paralela intitulada “Sob o C�u Nordestino”. Essa se��o j� existia h� alguns anos para abrigar a produ��o da regi�o Nordeste. Mas a novidade � que, nesta 13ª edi��o do Aruanda, ela foi preenchida integralmente por longas-metragens paraibanos.
    
Para um estado que raramente consegue produzir um longa-metragem e cuja maior tradi��o encontra-se no cinema documental (Linduarte Noronha e Vladimir Carvalho s�o as figuras mais not�veis), a atual safra, que mescla document�rios e fic��o, � de encher os olhos. O cr�tico e professor da USP Jean-Claude Bernardet, presente no evento, classificou-a como “excepcional”. Tanto que prop�s um pr�mio da cr�tica especial para esse segmento.  

S�o seis longas, como se disse, mas deveriam ser sete, pois o document�rio consagrado ao grande Jackson do Pandeiro, dirigido por Marcus Vilar, n�o p�de ser apresentado por problemas ainda pendentes com direitos autorais de som e imagem. Al�m desses filmes, outros sete devem chegar at� o pr�ximo ano. Est�o na boca do forno.

Os longas paraibanos em cartaz no Fest Aruanda foram Bei�o de estrada, de Eli�zer Rolim, Estrangeiro, de Edson Lemos Akatoy, O seu amor de volta (Mesmo que ele n�o queira), de Bertrand Lira, Rebento, de Andr� Morais, Sol alegria, de Tavinho Teixeira, e Ambiente familiar, de Torquato Joel.Tal safra n�o configura, possivelmente, um “movimento”, no sentido cl�ssico do termo, com uma po�tica estabelecida em cima de regras e posturas preestabelecidas, mas um desses c�rculos virtuosos ocasionais, beneficiados pela soma de uma pol�tica de incentivo inteligente com a presen�a de talentos individuais.O boom se deve, de acordo com os cineastas, a um edital da prefeitura de Jo�o Pessoa, que leva o nome de Walfredo Rodrigues, um dos pioneiros do cinema paraibano, em parceira com o Fundo Setorial do Audiovisual gerenciado pela Ag�ncia Nacional do Cinema (Ancine).  

CURSO De acordo com o diretor Marcus Vilar, “houve outro fato marcante: os filmes de curta e m�dia-metragens advindos do curso de cinema da Universidade Federal da Para�ba (UFPB). Alguns redundaram em longas, sendo o mais famoso Estrangeiro, t�tulo que j� circulou por mostras de cinco pa�ses”, escreveu ele em artigo no jornal Correio da Para�ba.

� in�til procurar por uma unidade tem�tica ou estil�stica entre esses filmes. H� diversidade muito grande entre as obras, que v�o do ambiente regional banhado por uma certa metaf�sica (Rebento) a um intimismo m�stico � la Terrence Malick (Estrangeiro), at� a ode libert�ria e dionis�aca de Sol alegria, passando pelos bastidores de adivinhos e cartomantes em O seu amor de volta. Bei�o de estrada � uma hist�ria de abandono contada em tom mais cl�ssico. E Ambiente familiar explora o tema das novas configura��es familiares em estilo pl�stico e figurativo, com imagens bastante sensoriais e que lembram, �s vezes, as do russo Andrei Tarkovski.

“N�o existe algo como uma est�tica paraibana”, abre o jogo Bertrand Lira, diretor de O seu amor de volta, vencedor do Pr�mio Especial da Cr�tica criado para esse segmento. Bertrand defende mais a particularidade de cada obra do que problem�ticos pontos comuns que indiquem uma tend�ncia.Diretor de Rebento, Andr� Morais concorda com Bertrand. “Nossos esfor�os como grupo foram mais empregados na luta pol�tica audiovisual do que em discuss�es est�ticas”, diz. “Lutamos pelos editais e,  depois, para que eles de fato acontecessem. Ficamos muito focados nisso.” Por sorte, essa batalha burocr�tica n�o contamina seu longa, hist�ria de uma mulher que, depois de parir e cometer um ato radical, sai numa busca metaf�rica por reden��o, � procura de seu pai.

SERT�O Bertrand Lira lembra que h�, entre os colegas, est�ticas mais rurais, pr�ximas da tradi��o documental paraibana, e outras mais urbanas. Ele pr�prio ambienta seu longa no centro hist�rico de Jo�o Pessoa, em ruas do bas-fonds, com seres desesperados frequentando as pequenas salas de quiromantes e videntes. J� Morais, de Rebento, optou pelo campo. “Quis ir para o sert�o por causa de uma mem�ria afetiva muito forte, cheia de implica��es maternas”, diz. “Mas um sert�o n�o necessariamente paraibano; poderia ser no interior da Amaz�nia ou de Minas Gerais.”
    Edson Lemos, de Estrangeiro, diz que seu filme se distancia da tradi��o rural paraibana e vai em dire��o oposta. “� uma ode � praia.” Filmado em preto e branco, seu longa usa a natureza, mar e praia, no caso, como caminho de espiritualidade, reencontro de sua personagem feminina consigo mesma ap�s anos de ex�lio volunt�rio.     

Esse t�nus espiritual parece presente de maneira ainda mais evidente em Ambiente familiar, de Torquato Joel. Torquato � conhecid�ssimo na Para�ba como docente e tamb�m como autor de curtas que marcaram �poca, como Passadouro e Transubstancial. Faz um cinema metaf�sico, de constru��o imag�tica bastante influenciada pela pintura e tendo como horizonte a poesia profunda de Augusto dos Anjos.    

Existe portanto esse eixo da espiritualidade, marcante, mas n�o dominante. Sol alegria, por exemplo, ocupa-se mais dos corpos que do esp�rito. Busca, na carnalidade, uma forma de transgress�o e libera��o, com cunho pol�tico e contestador. Num ponto, os diretores s�o un�nimes: “Manter essa diversidade � muito mais importante do que encontrar pontos comuns em nossas obras”, diz Eli�zer.

Ap�s o boom do cinema pernambucano, com o grupo �rido Movie e que teve seguimento em diretores como Kleber Mendon�a Filho (O som ao redor e Aquarius), depois do cinema mineiro com cineastas como Andr� Novais, Affonso Uch�a e outros, depois do coletivo cearense Alumbramento, talvez tenha chegado a hora de o cinema paraibano despontar no panorama nacional. Por enquanto, h� que se comemorar esse momento especial. Em seguida, ser� preciso estud�-lo, pois sua import�ncia j� extrapola as fronteiras do estado da Para�ba. (Estad�o Conte�do)


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