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Racionais est� de volta aos palcos para comemorar seus 30 anos de rap

Em 14 de setembro, a banda se apresentar� em BH. F�rias coletivas acabaram, com turn� que ter� novidades: pela primeira vez, o grupo ser� acompanhado por superbanda


16/04/2019 05:07

Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock vão se apresentar em oito capitais brasileiras
Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock v�o se apresentar em oito capitais brasileiras (foto: Klaus Mitteldorf/divulga��o)

 

Racionais � como a B�blia. Cada um interpreta como quer, como � conveniente”

>> Edi Rock, rapper

A causa existe, mas n�o coloque o Racionais como her�i”

>> Ice Blue,rapper

Racionais MCs, grupo de rap mais importante do Brasil, comemora seus 30 anos com turn� nacional. A estreia ser� em Bras�lia, em 8 de junho, no Gin�sio Nilson Nelson. A apresenta��o em BH est� confirmada para 14 de setembro, provavelmente no Chevrolet Hall. O oitavo e �ltimo show ocorrer� em 12 de outubro, em S�o Paulo.

Uma novidade aguarda os f�s: pela primeira vez, o grupo vai se apresentar com uma superbanda – e n�o apenas com bases programadas em computador. Ser�o cerca de 12 m�sicos, com naipe de tr�s metais, teclados, percuss�o, bateria, baixo e duas guitarras. Ano passado, o Racionais tirou f�rias para que seus integrantes se dedicassem a projetos solo. Fez apenas um show, que adotou esse formato com banda, considerado o melhor de 2018 pela Associa��o Paulista de Cr�ticos de Arte (APCA).

“Racionais � como uma Sele��o Brasileira em �poca de Copa do Mundo. Os jogadores saem de seus times para jogar o Mundial”, diz Edi Rock, ao comentar o novo projeto do grupo formado por ele, Mano Brown, KL Jay e Ice Blue.

Pela primeira vez, a turn� do grupo vai contar com a parceria de uma grande empresa de shows: a Time For Fun (T4F), que assina a produ��o com a Boogie Naipe, de Mano Brown, encarregada de cuidar da carreira da banda. Al�m de Bras�lia, BH e S�o Paulo, os rappers se apresentar�o em Florian�polis, Recife, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro. O pre�o dos ingressos ainda n�o foi divulgado pela T4F – a pr�-venda deve come�ar no fim deste m�s, com vendas para o p�blico em geral abertas em maio.

F�RIAS Em 2018, KL Jay anunciou “f�rias coletivas por tempo indeterminado” da banda, para que ele e os companheiros se dedicassem a projetos solo. Mano Brown faz shows pelo pa�s, desde 2016, divulgando o disco Boogie naipe. KL lan�ou o �lbum Na batida – No quarto sozinho, volume 2. Edi Rock mandou para as redes v�rios singles, parcerias dele com Xande de Pilares, MC Pedrinho, Simone Brown e Alexandre Carlo, entre outros – o �lbum solo, projeto com a Som Livre, est� previsto para 2019.

Insatisfeito com os rumos pol�ticos do pa�s, Brown declarou, no ano passado, que n�o haveria nada a comemorar nos 30 anos da banda. “Grandes artistas, grandes pensadores est�o sendo esquecidos, apagados, varridos do mapa. N�o � o Brown quem est� falando. � o mundo. A culpa n�o � minha. Quem levou o Brasil para isso foi o pr�prio povo. O povo elege quem quer. Consome o que quer, come o que quer, veste o quer”, afirmou ele ao jornal Zero Hora.

“Os Racionais s�o uma inc�gnita. Podemos fazer algo da noite para o dia”, afirmou Edi Rock ao ser indagado sobre o porqu� de a banda se afastar dos palcos por tanto tempo.

MUDAN�A Tr�s d�cadas depois do surgimento da banda, o mundo � outro e o rap nacional tamb�m, com a apari��o de uma cena de expoentes como Baco Exu do Blues, Djonga, Rincon Sapi�ncia, Rashid e Don L, quase uma gera��o depois de Emicida e Criolo. Novas camadas de som e narrativas diferentes s�o a marca desse hip-hop.

“O rap de hoje � o rap do come�o. A gente tamb�m queria se divertir”, diz Edi Rock. Do cl�ssico �lbum da banda Sobrevivendo no inferno at� hoje foram 22 anos. Ainda fariam sentido letras como “Aqui estou, mais um dia/ Sob o olhar sanguin�rio do vigia/ Voc� n�o sabe como � caminhar/ Com a cabe�a na mira de uma HK/ Metralhadora alem� ou de Israel/ Estra�alha ladr�o que nem papel/ Na muralha, em p�, mais um cidad�o Jos�/ Servindo o Estado, um PM bom/ Passa fome, metido a Charles Bronson”? – como diz Di�rio de um detento, narra��o do massacre do Carandiru, em que 111 presos morreram no pres�dio paulistano, em 1992.

“O que falamos l� � atual e tende a aumentar. Comemoram o golpe de 1964 e as pessoas saindo na m�o (brigando por isso) na Avenida Paulista. Ao mesmo tempo em que a maconha, ferramenta que te faz pensar e pode ter uso medicinal, � criminalizada, o porte da ferramenta que mata, a arma, � estimulado”, comenta Edi Rock.

MACHISMO Tr�s d�cadas depois, letras do Racionais que poderiam ser interpretadas como machistas tiveram de ser repensadas. Edi Rock se lembra daquelas que ele mesmo canta, dizendo que n�o pode mais seguir com versos como este, de Qual mentira vou acreditar?: “Que mina cabulosa olha s� que conversa/ que tinha bronca de neguinho de sal�o (n�o)/ que a maioria � maloqueiro e ladr�o (a� n�o)/ a� n�o mano!/ Foi por pouco, mano/ Eu j� tava pensando em capotar no soco...” O “capotar no soco” seria partir para a viol�ncia f�sica. “Nossas letras n�o podem incentivar a viol�ncia, diminuir a mulher”, afirma Edi, de 48 anos.

Estilo cachorro, do �lbum Nada como um dia ap�s o outro dia, de 2002, tamb�m mereceu autocr�tica. A letra narra a vida de um don Juan. A certa altura, diz: “Segunda, a Patricia/ Ter�a, a Marcela/ Quarta, a Raissa/ Quinta, a Daniela /Sexta, a Elis�ngela /S�bado, a Rosangela / E domingo? � matin�, 16, o nome � �ngela.” Edi reconhece: “N�o d�. A menina tem 16 anos.” Apesar de n�o ter a inten��o de elogiar o comportamento do personagem principal, mas denunci�-lo, a pedofilia traz um peso enorme s� por ser mencionada. “O Racionais � como a B�blia”, diz Edi. “Cada um interpreta como quer, como � conveniente.”

Trinta anos depois de seu surgimento – na verdade, 31, se considerada a participa��o do grupo na colet�nea Consci�ncia black, em 1988, com P�nico na Zona Sul e Tempos dif�ceis; o primeiro LP solo, Holocausto urbano, � de 1991 –, Racionais continua marcante. Numa tribo guarani-caiov� de Mato Grosso do Sul, muitos jovens ind�genas caminham pelas ruas de terra com camisas da banda, ouvindo o rap dela em celulares. “Aprendi que podia protestar por alguma coisa depois que escutei a m�sica deles”, diz Kevin, um jovem da tribo. “Ao mesmo tempo”, lembra Edi Rock, “os caras do Comando Vermelho, no Rio, usavam camisas dos Racionais. S�o f�s, e voc� vai dizer o qu�? A m�sica n�o tem fronteiras”.

Ice Blue comenta as subidas e descidas do rap, coincidentemente ou n�o, sincronizadas com a din�mica de momentos pol�tico-sociais. Em fases de turbul�ncia aguda, como quando o grupo surgiu, no in�cio dos anos 1990, em meio � Era Collor, o rap chegou com uma for�a tremenda, como se fosse o grito necess�rio. Depois, no momento de estabilidade, no in�cio dos 2000, a banda ficou menos evidente para o surgimento do chamado “rap de pista”, menos duro e engajado.

CLAMOR A partir do agravamento de quest�es sociais e do recrudescimento do preconceito e do racismo, a banda, como se legitimada pelo clamor, emerge agora em turn� nacional. “A causa existe, mas n�o coloque o Racionais como her�i. Voc� quer a gente como guerreiro, mas eu pergunto: E voc�? Voc� vai estar onde?. A causa � de todos, negros, favelados, todos os interessados por ela”, diz Ice Blue.

Como ele sente o Brasil 30 anos depois de seu grupo come�ar a falar para um p�blico que transbordou das periferias para chegar a bairros nobres? “Os n�meros mostram que os problemas s� aumentaram. O que mudou foi a internet. Hoje, n�o se pode esconder mais nada, n�o tem mais como fazer escondido”, afirma Ice Blue, sobre epis�dios de abusos de autoridade nas favelas, por exemplo. (Estad�o Conte�do e reda��o)


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