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Estado de Minas

Pioneiro do afrobeat, Fela Kuti ganha cinebiografia de f�lego

Dirigido pelo brasileiro Joel Zito Ara�jo, 'Meu amigo Fela' traduz a complexidade do m�sico e militante pol�tico nigeriano. Filme ganhou o pr�mio do j�ri no festival � Tudo Verdade


postado em 21/04/2019 05:07

Pioneiro do afrobeat, Fela Kuti soube, como poucos, aliar arte e política(foto: AFP )
Pioneiro do afrobeat, Fela Kuti soube, como poucos, aliar arte e pol�tica (foto: AFP )
A vida do m�sico nigeriano Fela Kuti (1938-1997) presta-se muito ao sensacionalismo. De seu casamento m�ltiplo com 27 mulheres �s acusa��es de uso de drogas e a morte prematura por Aids, tudo nele parece fora dos padr�es comuns. No entanto, em Meu amigo Fela, o cineasta brasileiro Joel Zito Ara�jo busca um perfil mais s�lido do personagem, destacando-lhe o ativismo pol�tico. Na semana passada, o document�rio ganhou o pr�mio especial do j�ri no festival � Tudo Verdade, em S�o Paulo.

N�o que o resto da biografia de Fela Kuti fique de fora. Pelo contr�rio. Fela foi mesmo um homem de comportamento pouco convencional, mas seu car�ter contestador parecia estar com frequ�ncia a servi�o de causas pol�ticas – e esse aspecto ganha relevo no filme. N�o apenas o vemos em cena, em apresenta��es que ganhavam ares de rituais, mas a partir do olhar dos que com ele conviveram: parceiros de m�sica, filhos, mulheres – todos entrevistados pelo mestre de cerim�nias do longa, o m�sico afro-cubano Carlos Moore, bi�grafo de Fela Kuti.

Pioneiro do g�nero afrobeat, Fela fazia apresenta��es que se assemelhavam a rituais, com presen�a de palco incr�vel e can��es de r�tmica forte e c�lulas mel�dicas reiteradas, que se assemelham a mantras dionis�acos. Levava o p�blico ao transe. Mas n�o ao transe alienado ou meramente cat�rtico, pois as letras eram fortemente contestat�rias do regime nigeriano.

Tal intensidade levou � cren�a em um artista intuitivo, mas isso est� longe da verdade. Filho de um pastor protestante e de uma pioneira feminista, Fela teve educa��o primorosa. Estudou m�sica em Londres e dominava uma s�rie de instrumentos – saxofone, trompete, teclados, percuss�o e guitarra –, al�m de compor e cantar. Sua presen�a esguia, muscular e cheia de energia no palco levava o p�blico ao del�rio. A sustentar esse paroxismo emocional, havia uma s�lida arquitetura musical.

Rebelde, Fela completou sua educa��o pol�tica na ida aos EUA, em 1969, durante a guerra civil na Nig�ria. L� conheceu os Panteras Negras por meio de Sandra Smith, que o apresentou �s ideias de Malcolm X e Eldridge Cleaver. O Fela Kuti que retornou � Nig�ria em companhia de Sandra era um homem mais politizado do que aquele que havia sa�do. Atirou-se de cabe�a �s lutas libert�rias e � causa pan-africanista.

Seus entreveros com as autoridades se tornaram frequentes. O sucesso do �lbum Zombie (alus�o pouco elogiosa aos soldados nigerianos) o indisp�s com o regime. �dolo popular, tornou-se inimigo p�blico do governo. A comuna que havia fundado, a Rep�blica Kalakuta, foi atacada com extrema viol�ncia. A m�e de Fela, j� idosa, foi jogada pela janela e ele foi agredido e preso.

A persegui��o n�o deteve Fela, cuja vida e obra tiveram v�rios outros desdobramentos at� receberem o ponto final de uma doen�a para a qual n�o havia cura.

REFLEX�O  O tom encontrado pelo diretor brasileiro para a narrativa dessa vida �pica � trepidante n�o exclui pontos de reflex�o e de contextualiza��o. A excelente m�sica de Fela Kuti cresce quando conhecemos o entorno hist�rico, tanto pessoal quanto pol�tico, no qual ela surge. S� ent�o ganha sentido pleno.

O filme tamb�m atenta para as contradi��es de Fela, que, em ocasi�es, submerge � viol�ncia que combatia e o vitimou e cujo comportamento com as mulheres � pouco exemplar, mesmo visto em seu ambiente cultural. A estreia do document�rio no circuito comercial est� previsto para este semestre.

O cineasta Joel Zito Ara�jo � artista antenado na batalha da causa negra no pa�s. Autor de obras importantes como A nega��o do Brasil (livro e filme) e As filhas do vento, com Meu amigo Fela ele p�e essa luta em dimens�o internacional. Com engenho e arte. E muita paix�o. (Estad�o Conte�do)


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