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Ilva Ni�o, a eterna Mina de 'Roque Santeiro', ainda se arrisca na TV

Aos 85, atriz pernambucana est� no elenco exclusivamente nordestino de 'Os Roni' e experimenta o formato sitcom. Ela diz que o trabalho na TV � 'um �timo exerc�cio para a cabe�a'


postado em 23/04/2019 05:43

(foto: Raphael Dias/Divulgação )
(foto: Raphael Dias/Divulga��o )
 
Nem sabia que existia essa coisa de seguidor, de influenciador digital. Mas estou fascinada com o jeito de essa garotada trabalhar. S�o muito r�pidos, t�m tiradas bem inteligentes, o texto na ponta da l�ngua. Sou uma atriz do teatro tradicional. Nem stand up eu fiz. E eles s�o muito din�micos”

llva Ni�o,atriz


Minaaaaaaa! At� hoje, Ilva Ni�o escuta nas ruas o bord�o eternizado por Regina Duarte em Roque Santeiro, que foi ao ar em 1985. Era assim que a Vi�va Porcina chamava sua fiel escudeira. O que nem todos sabem � que a atriz interpretou essa personagem duas vezes. Na primeira vers�o da novela, censurada no dia de sua estreia, em agosto de 1975, e na que finalmente foi ao ar, uma d�cada depois.

“Na verdade, participei dos tr�s projetos envolvendo Roque Santeiro. Na pe�a de teatro O ber�o do her�i (1965), que inspirou as telenovelas e tamb�m foi proibida no dia da estreia, eu fazia uma das prostitutas. � muito curioso como a Mina ficou t�o presente no imagin�rio das pessoas e nem considero esse o meu melhor trabalho. Mas a novela foi um sucesso. Tudo era de qualidade”, afirma.

A artista pernambucana, que completa 86 anos em novembro, diz que achava que dona C�ndida, m�e do cangaceiro Herculano (Domingos Montagner) em Cordel encantado (2011) – que est� sendo reprisada no Vale a pena ver de novo – tiraria de Mina o posto de personagem de maior repercuss�o de sua carreira. Mas n�o foi assim. “A proje��o do Cordel foi maravilhosa e agora, com a novela de volta, muita gente comenta sobre ela. Mas a Mina ainda � muito forte. N�o morre nunca. Esses dias mesmo, eu estava rodando um projeto do Bigode (o cineasta Luiz Carlos Lacerda), nas ruas aqui do Rio, e falaram: Olha, a voinha dos Roni � a Mina”, conta.

Nordeste
Os Roni � um novo sitcom do Multishow, com elenco exclusivamente formado por atores nordestinos. A primeira temporada, que vai ao ar at� 15 de maio, acompanha as aventuras dos irm�os Roniclayson (Whindersson Nunes), Ronivaldo (Tirullipa) e Roniwelinton (Carlinhos Maia), que saem do Nordeste para tentar a vida na capital paulista. L�, o trio se abriga na casa do cunhado (Oscar Magrini) e vai contar com a ajuda da av� Santinha (Ilva Ni�o) para se virar na cidade grande.

Na hist�ria, Roniclayson vive flertando com Jennyfer (Gkay), mas n�o consegue conquistar o cora��o da vendedora, porque Braguinha, interpretado pelo cantor Falc�o, sempre aparece para atrapalhar. O elenco ainda tem Karla Karenina como a espevitada dom�stica Severina. “� muito legal ver como o programa est� sendo elogiado. Tanto que acredito que possa ter uma segunda temporada. O ritmo de grava��es foi bem puxado. Mesmo com tantos anos de carreira, � diferente de tudo o que eu j� tinha feito”, diz.

Ilva conta que, por causa do ritmo acelerado de grava��es, durante o per�odo em que os epis�dios foram feitos ela n�o se dedicou a mais nenhum projeto. “A gente ia para o Multishow de segunda a sexta, chegava cedo, passava o texto, a� j� come�avam os ensaios, depois gravava � noite, num teatro, j� que o formato mescla TV com palco. � bem distinto da televis�o convencional, de novela, onde tem uma prepara��o e a gente se aprofunda mais no personagem”, compara.

A atriz se diz impressionada com a garotada vinda da internet com quem est� contracenando. Ela confessa que, por n�o ser uma pessoa conectada �s novas tecnologias, n�o conhecia o trabalho dos youtubers Whindersson Nunes, Carlinhos Maia e Gkay. “Nem sabia que existia essa coisa de seguidor, de influenciador digital. Mas estou fascinada com o jeito de essa garotada trabalhar. S�o muito r�pidos, t�m tiradas bem inteligentes, o texto na ponta da l�ngua. Sou uma atriz do teatro tradicional. Nem stand up eu fiz. E eles s�o muito din�micos”, comenta Ilva. Depois da conviv�ncia com os colegas, ela passou a ver os v�deos que eles publicam na internet. “Eles s�o muito bons realmente e p�s no ch�o, apesar do sucesso que est�o fazendo.”

Respeito Um aspecto de Os Roni que agrada � Ilva Ni�o � o fato de dar visibilidade ao Nordeste, sem mostrar a regi�o de uma forma caricata, como costuma ocorrer com a maioria das produ��es. “O bacana desse programa � que tem gente de v�rios estados do Nordeste, justamente para mostrar a diversidade de l�. Sou de Pernambuco, Titina � do Rio Grande do Norte, Carlinhos � de Alagoas, Whindersson, do Piau�. Falc�o, Tirullipa e a Karla representam o Cear�, e a Gkay, a Para�ba. Olha para voc� ver que beleza! Cada um desses lugares tem suas peculiaridades. Acho muito importante retratar os nordestinos de uma maneira respeitosa, leve e sem ficar mostrando s� o lado ruim, a pobreza, as mazelas.”

O mineiro C�sar Rodrigues, diretor de Os Roni, respons�vel por sucessos como Vai que cola e o longa Minha m�e � uma pe�a 2, tamb�m merece elogios de Ilva. Os dois tamb�m trabalharam juntos no filme estrelado por Paulo Gustavo, al�m das s�ries Planeta B (Multishow) e Um menino muito maluquinho (TVE Brasil), exibida em 2006 e baseada na obra de Ziraldo. “� uma li��o trabalhar com o Cesinha (como o diretor � chamado entre os amigos). Al�m do talento, ele � muito dedicado. Mais uma vez, ele transformou o ambiente de trabalho numa coisa muito digna e gostosa.”

Foi na �poca da escola normal (de forma��o de professoras), em Recife, que Ilva Ni�o descobriu o teatro. Ela ingressou no universo das artes c�nicas pelas m�os de ningu�m menos do que o dramaturgo, romancista e poeta Ariano Suassuna (1927-2014), que foi seu professor. “Fiz todas as pe�as dele, inclusive a primeira montagem de O auto da compadecida, em 1956. Ali�s, fui eu quem criou o papel da mulher do padeiro. Ariano foi muito importante para a minha forma��o”, afirma.

Nesse per�odo, ela come�ou a fazer parte do Movimento de Cultura Popular, uma sociedade civil sem fins lucrativos, mantida pela Prefeitura do Recife, e, posteriormente, pelo governo do estado de Pernambuco, nas gest�es de Miguel Arraes. Os projetos desenvolvidos tinham por objetivo elevar o n�vel cultural do povo e, assim, conscientiz�-lo acerca das opress�es que sofria. A iniciativa contou com o apoio de parte significativa da intelectualidade e da classe art�stica pernambucana, como o pr�prio Ariano, Abelardo da Hora, Paulo Freire, Francisco Brennand, Ilva e o marido, o ator e diretor Luiz Mendon�a, morto em 1995, e pai de seu �nico filho – o tamb�m diretor Luiz Carlos Ni�o, que faleceu em 2005.

“Foram momentos muito importantes na minha vida e de grande aprendizado”, diz. Com o golpe de 1964, ela e Luiz Mendon�a, que eram filiados ao Partido Comunista, tiveram que fugir de Pernambuco e partiram para o Rio de Janeiro. A travessia at� a Cidade Maravilhosa foi �rdua e durou 18 dias. “A gente n�o tinha dinheiro direito para comida, para �gua. Foi bem complicado”, recorda.

O recome�o da vida no Rio tamb�m n�o foi f�cil. As coisas come�aram a melhorar quando Dias Gomes a convidou para fazer O pagador de promessas no teatro e, logo depois, a atriz estreou na televis�o, na novela Ver�o vermelho (Globo, 1969), tamb�m do autor. “O Dias foi muito importante na minha carreira. Ele tinha me visto no Auto da compadecida e gostou do meu trabalho. Tanto que participei das tr�s vers�es de Roque Santeiro (teatro e TV) e de outras obras dele, n�o s� na telinha (Bandeira 2 e Saramandaia) como nos palcos.”

Com seis d�cadas de carreira e mais de 30 novelas no curr�culo, entre elas Cheias de charme, Senhora do destino, Beb� a bordo, Pedra sobre pedra, Terra nostra (que est� sendo exibida no Viva) e Suave veneno, Ilva Ni�o n�o pretende parar. Al�m de A rua do sobe e desce, n�mero que desaparece, s�rie de Luiz Carlos Lacerda que deve ser exibida no Canal Brasil, a atriz est� rodando um document�rio sobre a sua trajet�ria. O projeto � encabe�ado por ex-alunos seus no curso de teatro.

“Pela primeira vez, conheci a minha cidade, Floresta, no interior de Pernambuco, por causa desse trabalho. Sa� de l� com 8 meses, e minha fam�lia se mudou para Recife. Nunca mais voltei. Foi muito emocionante. Mas n�o sei ainda quando v�o lan�ar esse document�rio”, diz.

Por estar h� tantos anos longe de sua terra natal, a atriz teve certo receio de retornar a Pernambuco,  em 2017, para encenar uma pe�a. “Tive medo de n�o ser bem recebida por causa da minha liga��o com o Partido Comunista e de tudo que vivi l� no passado. Fazia mais de 50 anos que eu n�o encenava no Nordeste. Mas foi cisma minha. O povo e a imprensa me receberam de bra�os abertos”, conta Ilva, que ainda tem uma irm� moradora do Recife.

Depois de enfrentar dois c�nceres, a perda do marido e do filho �nico, Ilva Ni�o se considera uma vencedora e tem orgulho de sua trajet�ria. No entanto, quer diminuir o ritmo. “A idade chega e a agilidade diminui. Mas trabalhar, ainda mais com essa mo�ada nova dos Roni, � um �timo exerc�cio para a cabe�a. Trocar experi�ncias � sempre positivo. Recebo ainda muitos convites para TV, mas n�o dou conta mais de uma novela inteira. Tenho feito muitas participa��es. Tenho muito orgulho de ter vencido na vida, conseguido chegar aonde cheguei e poder ensinar alguma coisa para as pessoas por meio da minha profiss�o, como atriz ou como professora.”

TR�S VEZES ILVA

Em Os Roni ela � Santinha, av� de Roniclayson (Whindersson Nunes), Ronivaldo (Tirullipa) e Roniwelinton (Carlinhos Maia)

A Mina de Roque Santeiro � sua personagem mais conhecida. Ilva Ni�o esteve no elenco da montagem teatral
do texto e das duas vers�es televisivas

Na primeira fase de Senhora do destino (2004), estrelada por Carolina Dieckmann (ao fundo), ela fez uma participa��o especial



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