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Gilberto Gil, sobre show em Brumadinho: ''H� um peso no cora��o'' dos mineiros

Cantor e compositor baiano se apresenta neste s�bado (18), no MecaInhotim, e diz que 'todos n�s somos respons�veis' pelo cen�rio pol�tico brasileiro


postado em 14/05/2019 05:09 / atualizado em 14/05/2019 09:03

Gilberto Gil, cantor e compositor(foto: Gerard Giaume/Divulgação)
Gilberto Gil, cantor e compositor (foto: Gerard Giaume/Divulga��o)

“J� sei que querem a minha opini�o/ Um papo reto sobre o que eu pensei/ Como interpreto a tal, a vil situa��o” dizem os versos iniciais de OK OK OK, de Gilberto Gil, que d� nome ao seu mais recente �lbum e ao show que ele apresenta no pr�ximo s�bado (18), como atra��o principal do festival MecaInhotim, no Instituto de Arte Contempor�nea em Brumadinho. E muita gente continua querendo ouvir Gil, de 76 anos. Os ingressos para  seu show j� est�o esgotados. Resta agora apenas a alternativa de passaporte para os tr�s dias do evento.

Num “papo reto” com o Estado de Minas, Gil falou sobre o cen�rio pol�tico brasileiro, as reivindica��es do movimento negro pela democracia racial no Brasil, a motiva��o para trabalhar e a “alegria danada” de descobrir Lou Reed, um artista no qual ainda n�o prestara aten��o. Sem mencionar nomes nesse “mundo da queixa permanente”, muito menos o de sua ex-mulher Nana Caymmi, que em recente entrevista � Folha de S.Paulo proferiu improp�rios contra ele, Caetano Veloso e Chico Buarque, Gil diz que “not�cias que v�m de jornal, maledic�ncia cr�nica, o desaforo, isso voc� joga fora, porque � marcado pela dimens�o de um certo vazio emocional que permeia tudo”. Leia os principais trechos da entrevista a seguir.

Certa vez voc� disse que tem um “processador de desaforos no quintal”. Como ele anda?

Continua a�, bem ligado, com o cuidado de separar algumas das queixas que dizem respeito a mim com elementos de inspira��o, de reflex�o. �s vezes voc� tem que aprender com as cr�ticas. Elas �s vezes s�o pedag�gicas. �s vezes, n�o. E se tem que deletar, botar no lixozinho que tem no seu computador. Assim s�o v�rias not�cias que v�m de jornal, maledic�ncia cr�nica, o desaforo. Isso voc� joga fora, porque isso � marcado pela dimens�o de um certo vazio emocional que permeia tudo. Mas, �s vezes, h� queixas interessantes, reflex�es sinceras de gente interessada no aperfei�oamento daquilo que a gente faz, daquilo que a gente prop�e. Tem a caixinha das coisas boas e o lixo das coisas ruins. Vai-se vivendo.

� uma afirma��o sua tamb�m que nem todos t�m o dever de querer avan�ar. Voc� encara o cen�rio atual brasileiro com a mesma resigna��o, neste momento em que h� o receio de que o pa�s rume para um retrocesso autorit�rio?
Sim. � a continua��o dessa intera��o permanente de todos os homens, de todas as pessoas, de todas as institui��es. Se a gente vive um momento, como voc� diz, com tra�os preocupantes de retrocesso autorit�rio, temos que lidar com a contraposi��o que se possa fazer a todas essas amea�as, exig�ncias no campo do di�logo pol�tico. Os governantes que est�o a� hoje, os representantes do povo que est�o a� hoje foram eleitos pelas pessoas. As pessoas s�o respons�veis, todos n�s somos respons�veis por isso. Ent�o temos que responder, cada um naquilo que pode e que lhe diz respeito – no seu trabalho, na sua reflex�o, no seu discurso. � isso a�, especialmente numa democracia que ainda prevalece como a nossa, apesar de debilitada. � preciso que seja isso. O processo democr�tico tem que permitir o fluxo permanente das ideias, opini�es, exig�ncias, cobran�as.

Qual a sensa��o de fazer um show em Brumadinho sabendo que o local foi recentemente atingido por uma trag�dia das propor��es do rompimento da barragem da mina do C�rrego do Feij�o?
Eu tinha sido convidado para ir a Brumadinho quando a regi�o estava ainda sem ter vivido esses problemas e j� estava muito satisfeito em poder ir fazer um show l�. Agora, com tudo isso, mais ainda, porque sei que h� um peso no cora��o de todo mundo a� e, se a m�sica e a presen�a do artista podem ser fator mitigador, melhor. Vou com esse sentimento do artista que leva sua solidariedade para todo mundo a�.

A turn� de OK OK OK pela Europa lista 21 datas, come�ando por Viena em julho e terminando em Oslo em agosto. O que ainda o move a fazer esse tipo de empreitada?

Tem aspectos mais espirituais, de miss�o, de dar sequ�ncia a esse compromisso de estender a mensagem do bom, do belo, do justo para todo o  mundo. Mas h� tamb�m o trabalho, o sustento, esse lado pragm�tico de trabalhar para viver, para que eu viva, para que todos que fazem o trabalho comigo tamb�m vivam – dezenas, centenas de pessoas envolvidas nesse fazer permanente da m�sica. � por isso tamb�m. At� que me aposente, tenho que trabalhar.

Voc� tem a perspectiva da aposentadoria ent�o?
Vai chegar uma hora que sim, que voc� tem que restringir sua atividade art�stica ao essencial, ao diletante, ao que for inevit�vel fazer para continuar levando m�sica para as pessoas. Mas esse trabalho de produ��o econ�mica uma hora vai ter que parar.

Qual � o seu maior conflito hoje?

Eu me defronto com certas interroga��es em rela��o ao significado do que eu fa�o. A pertin�ncia do que eu fa�o, a import�ncia do que eu fa�o. Ser� que importa tanto mesmo? Ser� que estou � altura da import�ncia que me � atribu�da? Essas coisas... S�o d�vidas que v�o aparecendo, especialmente quando voc� vai ficando mais velho, j� n�o t�o sacudido pelo �mpeto juvenil. N�o acho que isso seja propriamente conflitivo. � natural. A reflex�o natural sobre o seu pr�prio esvair-se de tudo para o nada.

H� algo hoje que fa�a o seu cora��o bater diferente, como faziam os Beatles e a Banda de P�fanos de Caruaru, que o inspiraram na cria��o de Tropic�lia?
Pequenos fragmentos de uma coisa passada, a redescoberta de um artista ao qual eu n�o tenha dado muita import�ncia antes e que, de repente... Outro dia, por exemplo, estava vendo um v�deo de um programa do Lou Reed, que � um artista ao qual eu n�o tinha prestado muita aten��o. E, de repente, me vejo ali, diante de um menino com uma expressividade t�o interessante. Foi uma alegria danada poder descobrir Lou Reed.

A cantora Fabiana Cozza, que abriu m�o de interpretar Dona Ivone Lara ap�s ser criticada por n�o ser negra o suficiente para o papel, disse neste m�s ao Estado de Minas que as divis�es no interior do movimento negro o enfraquecem. Como voc� avalia o modo como v�m sendo conduzidas as pautas do movimento negro no Brasil?
Tem as v�rias formas de entrega a esse prop�sito, a esse projeto. Tem os n�veis mais pol�ticos, das milit�ncias mais pol�ticas, que t�m que identificar claramente �reas de combate, inimigos a enfrentar, advers�rios com os quais pelejar. Enfim, tem tudo isso, e as pessoas v�o se colocando, na medida das suas pr�prias capacidades de percep��o e, �s vezes, com o lado obtuso mesmo do seu viver. Tem gente que tem um olho aberto enxergando e outro cego n�o vendo nada. Tem de tudo. Movimento negro, por exemplo, que � uma politiza��o que dominou h� 20, 30, 40 anos, que come�ou com o Movimento Negro Unificado e outras associa��es que come�aram a questionar, a alertar para contestar a quest�o da democracia racial no Brasil. Contestar com muita raz�o. Ao mesmo tempo, tem todo um sonho, um desejo de democracia racial que foi sendo alimentado de forma muito importante em v�rios momentos, como no trabalho de Gilberto Freyre (1900-1987), por exemplo. Tem tudo isso. A� a hist�ria vai filtrando, vai fazendo um filtro.

Como ser� o show no MecaInhotim?
J� faz um tempo que n�o fa�o esse show. Estreei a� (em Belo Horizonte, em 24  de 2018). Depois fui a S�o Paulo, Porto Alegre, Salvador. Parei. Agora que vou retom�-lo e depois vou para o exterior. Vou juntar os m�sicos e todo mundo de novo, reensaiar o repert�rio, retocar aqui, ali. Quem sabe retocar pr�prio repert�rio, tirando alguma coisa, botando outra. A maior parte do show � dedicada ao disco (OK OK OK). Das 13 m�sicas do disco, oito ou 10 eu estava tocando nos shows anteriores. Talvez mantenha pelo menos umas oito nessa nova vers�o. � o repert�rio do disco com mais alguma coisa (risos).

Continua compondo?
Entre meu pr�prio trabalho e o disco da Roberta (S�, o rec�m-lan�ado Giro, com m�sicas compostas por Gil), cheguei a fazer quase 50 m�sicas no ano passado, foram 40 e tantas can��es novas. Agora ainda tenho umas encomendazinhas aqui e ali.

De quem?
Ana Lomelino, mulher do Bem, que faz um trabalho com ele e tem um trabalho individual. Meu neto Francisco come�ando, fazendo disco. Ele me prop�s uma participa��o.

E Flora Gil n�o voltou a reclamar que voc� demora a compor para ela?

Flora acabou de ter pelo menos duas ou tr�s m�sicas nesse �ltimo disco. Na real e Prece foram can��es feitas para ela. Estou em dia com esse d�bito (risos).


MECA INHOTIM

De sexta (17) a domingo (19), a partir das 10h, no Instituto Inhotim, Rua B, 20, Brumadinho. Ingressos: Pacote tr�s dias: 2º lote: R$ 720 e R$ 360 (estudantes e para aqueles que doarem, na entrada do local, um livro); Por dia (sexta e domingo, o s�bado est� esgotado): 1º lote: R$ 180 e R$ 90 (estudantes e para aqueles que doarem, na entrada do local, um livro).


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