
Jo�o Gabriel est� com a cabe�a a mil. O estudante do terceiro per�odo do curso de filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi o vencedor na categoria conto do Pr�mio Sesc de Literatura de 2019 com o livro O doce e o amargo. O an�ncio dos vencedores foi feito na �ltima quarta-feira (12). Ele � o mais jovem mineiro a ganhar a premia��o, criada em 2003 e dedicada a escritores estreantes nas categorias conto e romance – o cearense criado no Mato Grosso Felipe Holloway, de 30 anos, venceu com o romance O legado de nossa mis�ria.
Esta edi��o do pr�mio teve um recorde de inscri��es – 1.969 participantes, sendo 1.043 romances e 926 livros de contos. Os dois vencedores ter�o seus livros publicados pela Record. O lan�amento est� previsto para novembro, quando ser� a cerim�nia de premia��o. Al�m disso, a dupla participa da pr�xima edi��o da Festa Liter�ria de Paraty (Flip), em julho, e, ao longo de um ano, integrar� a programa��o de literatura do Sesc por todo o pa�s.
Jo�o Gabriel divide com a ga�cha Lu�sa Geisler (vencedora em 2011, tamb�m na categoria conto) o t�tulo de mais jovem vencedor do pr�mio. “Na verdade, eu n�o sabia o que faria com o que estava guardando em casa. Escrevo meio que para mim, mas ningu�m escreve para si mesmo, mas para ser lido. Ent�o, achava que n�o ia dar muito certo. De repente, vem o pr�mio, e vou entrar no mercado editorial no Brasil, o que � uma tarefa heroica. Agora n�o sei o que vou fazer da vida, mas pretendo continuar estudando”, diz ele, ainda sob o impacto da not�cia.
SEGUNDA REALIDADE O doce e o amargo compila nove contos escritos no �ltimo ano e meio. “Embora a gente consiga perceber um ponto de converg�ncia entre as hist�rias, � principalmente a minha vida o material que coloco no papel. Tenho necessidade de colocar as coisas para fora, dar uma forma para aquilo que n�o tem forma. � engra�ado, mas quase n�o trato (os contos) como fic��o. Para mim, s�o quase uma segunda realidade.”
Cultivando o h�bito da leitura desde crian�a, Jo�o Gabriel come�ou a escrever aos 15. No in�cio, era poesia. Depois, migrou para a prosa. “Um professor de literatura com quem conversei me disse que, na prosa, era mais complicado ser original”, lembra ele, que come�ou a publicar suas hist�rias curtas h� dois anos, na plataforma Pergaminho Virtual e na revista Obl�vio, de Juiz de Fora. “Foi a partir dali que passei a ter um retorno cr�tico e a interagir com o c�rculo liter�rio”, afirma.
Entre um livro e outro, pratica downhill, a modalidade do skate de descer ladeiras. “J� participei de competi��es pelo Brasil, mas nunca tive muito sucesso. Mesmo que n�o trate do skate nos meus contos, ele � muito importante para mim”, o estudante, que descobriu mais recentemente o mountain bike. “� com uma galera mais velha, fazemos muita trilha”.
Jo�o Gabriel l� tudo que lhe cai nas m�os. Durante dois anos, dos 12 aos 14, num per�odo meio revoltado, ficou sem ler muito. Foi o bestseller O c�digo da Vinci, de Dan Brown, que o levou de volta � literatura. “Depois disso, eu me perdi.” Ou melhor, acabou se encontrando nas leituras de Tolst�i, Dostoi�vski, James Joyce – “Foi meio desafiador, tanto que gosto de me vangloriar, pois mesmo passando alguns apertos, terminei Ulisses” –, Caio Fernando Abreu, Fernando Sabino, Jorge Amado, Clarice Lispector, Augusto dos Anjos e Fernando Pessoa, seus autores favoritos. “Tamb�m leio temas contempor�neos, mas minha estante � um cemit�rio”, conclui.