(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

No Fliarax�, cem escritores homenagear�o o mestre Machado de Assis

De quarta (18) a domingo (23), festival liter�rio vai celebrar o legado do 'Bruxo do Cosme Velho'. Programa��o gratuita tem o prop�sito de aproximar o leitor de seus autores preferidos


postado em 18/06/2019 04:08

(foto: Insley Pacheco - 1864/reprodução)
(foto: Insley Pacheco - 1864/reprodu��o)
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, na regi�o portu�ria do Rio de Janeiro, filho de um pintor de paredes negro e uma lavadeira branca. O talento para as palavras come�ou a se manifestar ainda na adolesc�ncia – e n�o demorou para que ele se tornasse escritor reconhecido. Considerado por muitos cr�ticos o maior nome da literatura brasileira, Machado � o patrono da oitava edi��o do Festival Liter�rio de Arax� (Fliarax�), que ser� realizado de quarta-feira (19) a domingo (23).

Na sexta-feira, dia em que Machado completaria 180 anos, ele vai ganhar homenagem no Tau� Grande Hotel, reunindo os escritores Antonio Carlos Secchin, Ant�nio Torres, Zuenir Ventura, Ign�cio de Loyola Brand�o e Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). O "Bruxo do Cosme Velho" fundou e foi o primeiro presidente da institui��o. O ator Thiago Lacerda far� a leitura de textos de Machado.

Marco Lucchesi diz que a constela��o de escritores reunida em Arax� representa uma forma plural de celebrar o legado desse grande autor brasileiro. "Cada qual forma um algoritmo, uma soma de ideias, e redesenha a melodia do pensamento sob as pot�ncias infinitas da leitura. Ao tratarmos de Machado de Assis, n�o podemos n�o referir nosso processo de aventura e descoberta, autores e leitores insepar�veis", ressalta.

A ABL tamb�m homenagear� seu criador com uma s�rie de manifesta��es ao longo do ano e "belas surpresas", anuncia Lucchesi. "A ideia � combin�-las com a festa de funda��o da Casa de Machado, em julho, que � quando a soma de energias produz uma din�mica vibrante e afirmativa."

Assim como v�rias gera��es de brasileiros, Marco Lucchesi tem no autor de Mem�rias p�stumas de Bras Cubas uma de suas principais refer�ncias. "Machado e Dostoi�vski foram amigos da minha adolesc�ncia. Ambos representavam as for�as profundas e contr�rias que pressentia dentro de mim. Um h�lito de esperan�a. Um convite para a liberdade. E a certeza de que a literatura era, desde ent�o, um instrumento para interpretar o mundo. O outro nome da minha trindade autoral foi Dante, cujo canto 25 do Inferno � obra-prima da tradu��o machadiana", destaca.

O presidente da ABL revela ter dificuldade de escolher um livro ou personagem preferido. Elege "todos os centrais e perif�ricos; os mais vol�teis, os mais demarcados". "Palha e Sofia? Certamente. Mas e o porteiro do Senado? Poderia n�o pensar em Rubi�o e esquecer o sineiro da torre da Gl�ria? Marcela ou Capitu? Machado � a cidade do Rio, com todos os seus habitantes, passados e futuros, sonhos e fantasmas. Um grande Aleph borgiano", analisa.

angola Se Machado de Assis � o patrono, o homenageado nesta edi��o do Fliarax� � Valter Hugo M�e, escritor angolano radicado em Portugal, que destaca o quanto o brasileiro foi importante em sua forma��o. "N�o se pode falar portugu�s sem saber de Machado de Assis. � principesco. Um cavalheiro em toda a sua obliquidade e cultura. Mestre de disfarces, mestre de sentidos. � lindo demais. Muito inteligente."

Valter Hugo n�o sabe dizer se h� di�logo entre sua obra e a do "Bruxo". De acordo com o autor de A m�quina de fazer espanh�is, Machado � mais aristocrata do que ele. "A sua aten��o passa por alguma desmistifica��o dos poderes, da posi��o de eleva��o social, levantando d�vidas acerca da dignidade dos importantes. Machado explora a arrog�ncia, a pretens�o, tudo quanto pretende inebriar ou subjugar os demais. O tom de Machado de Assis � seco, pragm�tico, numa reflex�o clarividente. Eu sou bem de outra maneira, creio. Sou mais po�tico, intuitivo, busco atentar em gente muito menos conotada com o brio social, o poder ou a import�ncia. Escrevo sobre os desimportantes. S�o entre quem me vi", afirma.

DE GRA�A Com programa��o gratuita, o Fliarax� vai reunir cerca de 100 autores durante cinco dias. Al�m de lan�amentos, bate-papos, palestras, sess�o de aut�grafos e de uma livraria exclusiva, oferecer� programa��o voltada para m�sica e gastronomia.

No projeto Sempre um Papo, escritores conversar�o com o p�blico em clima descontra�do, em espa�os mais intimistas. "A gente sempre escutou dos frequentadores que queriam ter contato mais estreito com escritores que admiram. Praticamente todos os autores do Fliarax� ter�o uma hora de conversa para falar de si mesmos, de seu processo de escrita", comenta Afonso Borges, idealizador do festival. Entre os convidados est�o Jos� Eduardo Agualusa, Alice Ruiz, Crist�v�o Tezza, Edney Silvestre, Luiz Ruffato, Marina Colasanti, Pedro Bandeira, Concei��o Evaristo e M�rcia Tiburi.

"Cada vez mais, o evento consolida seus la�os com a literatura lus�fona. Os festivais brasileiros t�m fixa��o com o autor do momento da Noruega ou o poeta mais jovem da Esc�cia. O Fliarax� sempre fez quest�o de valorizar autores brasileiros e da literatura portuguesa", conclui Afonso.

FLIARAX�
De quarta-feira (19) a domingo (23), no Tau� Grande Hotel Termas de Arax�. 
Programa��o completa: www.fliaraxa.com.br

Tr�s perguntas para...
Marco Lucchesi
Presidente da Academia Brasileira de Letras

Quando se fala em Machado de Assis, o que lhe vem primeiro � cabe�a?
A mem�ria da leitura convoca o meio ambiente dentro do qual se realizou. O livro e as circunst�ncias, a geografia emotiva do leitor e seu destino. Machado � um bem republicano que dispensa t�tulos de propriedade. Pertence a todos, por usucapi�o. Pela gera��o de leitores, que o amaram, em tempos diversos, numa gama interpretativa, cujo horizonte n�o termina. Como nos quadros de Giorgio de Chirico, marcados de infinito.

Vira e mexe, h� discuss�es sobre o tom de pele de Machado e sobre racismo. Recentemente, houve uma campanha para resgatar a imagem de Machado de Assis negro. Como o senhor v� essa quest�o?
S�o propostas de impacto social e alto valor agregado. Uma forma especular de representa��o �tnica. A obra de Machado � uma jazida inesgot�vel, quase intocada. Alguns sinais de quando em quando s�o emitidos desde profundidades abissais. Importa a l�gica da constru��o dessa catedral submersa, ao mesmo tempo robusta e sutil.

Qual � o principal legado de Machado de Assis?
Seu legado � inabord�vel. N�o permite que se fechem as portas do futuro, n�o permite o esquecimento do passado. Trata-se de uma escola fascinante, na qual todos os brasileiros nos matriculamos. � nossa casa comum e nossa l�ngua. A mat�ria tang�vel de um sonho de olhos abertos.

Machado � um bem republicano que dispensa t�tulos de propriedade. Pertence a todos, por usucapi�o"

Marco Lucchesi,presidente da AcademiaBrasileira de Letras


N�o se pode falar portugu�s sem saber de Machado de Assis"

Valter Hugo M�e,escritor angolano


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)