
Esta semana, um “div�rcio” abalou a cena pop de BH. Maurinho Nast�cia deixou o Tianast�cia em plena grava��o do novo �lbum da banda. De acordo com o vocalista, o desentendimento se deve ao “desencontro de datas”, pois ele precisa se dedicar ao DVD de Maurinho e Os Mauditos, seu projeto solo.
“Acredito que houve uma certa intoler�ncia, pois certas datas poderiam ter sido melhor organizadas se tiv�ssemos sentado e conversado direitinho. Assim, achei melhor deixar a banda e prosseguir com o outro trabalho”, afirmou Maurinho.
Maurinho e Tianast�cia dividiram palcos, microfones e est�dios por 22 anos. Agora, experimentam a “s�ndrome da carreira solo” – impasse j� traumatizou v�rias bandas de renome nacional e internacional.
Exemplo disso ocorreu na d�cada de 1980, quando Mick Jagger, ao decidir brilhar sozinho em disco e shows, travou a famosa “terceira guerra mundial” com Keith Richards e quase p�s fim ao Rolling Stones. A coisa esfriou porque Jagger n�o emplacou a carreira solo.
No Brasil, O Rappa sobreviveu � sa�da de seu maior letrista, Marcelo Yuka (1965-2019), depois de muito ressentimento. O “racha” ocorreu no in�cio dos anos 2000, quando o baterista ficou tetrapl�gico, v�tima de um assalto. Em 2018, o cantor Marcelo Falc�o assumiu de vez a carreira solo e a banda chegou ao fim.
SIL�NCIO Maurinho diz que a grava��o do novo disco do Tianast�cia “bateu” com a do DVD dos Mauditos, viabilizado por recursos das leis de incentivo. Como seu projeto paralelo j� estava programado, achou melhor deixar a banda. Procurados pelo Estado de Minas, os integrantes do Tianast�cia preferiram o sil�ncio. Alegam estar concentrados em uma fazenda na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, focados no novo �lbum.
O DVD dos Mauditos ser� gravado no Est�dio Caracol, em BH, de 8 a 10 de julho. “Ser�o duas semanas de pr�-produ��o”, explica Maurinho. Para finalizar o novo �lbum, Tianast�cia contratou o guitarrista e t�cnico de som Andr� “Cabelo” Tavares, fundador do Est�dio Engenho. A parafern�lia eletr�nica j� est� instalada na fazenda-est�dio.
N�o � a primeira crise do Tianast�cia. E Maurinho n�o � a primeira baixa. Ele lembra que Andr�, Leozinho e Glauco deixaram o grupo. O baterista Cadu morreu em 1997. “A banda j� passou por demiss�es, perdas e muitas forma��es, mas continuou sua trajet�ria. Acho pouco prov�vel voltar neste momento pela forma como tudo aconteceu. Talvez isso seja resolvido pelo tempo, que ajuda muito as pessoas a entender e resolver seus conflitos”, diz o vocalista. “Fica dif�cil uma volta, pois ambos ainda est�o um pouco machucados.”
TRAUMA Realmente, a hist�ria do pop � marcada por crises, mas muitas bandas superaram o trauma da perda. Em 1985, Cazuza abra�ou a bem-sucedida carreira solo e pediu baixa no Bar�o Vermelho, linha de frente do BRock. “A sa�da dele n�o foi exatamente numa boa. N�o houve brigas, mas tamb�m n�o estamos adorando”, declarou Roberto Frejat na �poca.
Pois Frejat assumiu os microfones e mandou bem por tr�s d�cadas. Em 2017, ele pr�prio trocou a banda pela carreira solo. Em seu lugar entrou Rodrigo Suricato. O Bar�o continua na estrada, comandado pelos fundadores Guto Goffi e Mauricio Barros, al�m do fiel escudeiro Fernando Magalh�es.
Nesta sexta-feira (21), ali�s, o Bar�o se apresenta com Os Paralamas de Sucesso no Funn Festival, em Bras�lia. Ali�s, n�o custa lembrar: os Paralamas – Hebert Vianna, Jo�o Barone e Bi Ribeiro – s�o um rar�ssimo exemplo de casamento fiel na cena brasileira. O trio est� junto desde o in�cio, h� 37 anos.
Outro “div�rcio” que deu o que falar ocorreu em 2001. Rodolfo Abrantes se tornou evang�lico e deixou o Raimundos, no auge do sucesso da banda. Magoado com o amigo, seu “vizinho de porta” Dig�o assumiu os microfones. Atualmente, o grupo faz turn� para comemorar os 25 anos.
FAM�LIA Em Minas, a briga foi de fam�lia – e abalou o Sepultura, �cone mundial do thrash metal. Surgida no in�cio da d�cada de 1980 no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, a banda reunia inicialmente os irm�os Igor e Max Cavalera e os amigos Paulo J�nior e Jairo Guedz (que saiu do grupo). Tempos depois, chegou o paulista Andreas Kisser, que se mudou para BH.
Max, Igor, Andreas e Paulo conquistaram legi�es de f�s, apresentaram-se em v�rios pa�ses. Em 1996, a bomba: ap�s uma bela turn� na Europa, Max e a mulher, a norte-americana Gloria, entraram em conflito com a banda. Os irm�os Cavalera romperam. S� voltaram a se ver nove anos depois.
Max se mudou para os Estados Unidos e formou o Soufly. Sepultura prosseguiu, agora com o americano Derrick Green nos vocais. Em 2006, foi a vez de Igor deixar o grupo, que atualmente re�ne Kisser, Green, Paulo Jr. e Eloy Casagrande.
O cl� Cavalera se entendeu de vez. Atualmente, Max e Igor correm o mundo com a turn� Return to Beneath arise, celebrando o legado do Sepultura e os 30 anos do disco Beneath the remains. Em outubro de 2018, a dupla fez um show memor�vel em B elo Horizonte, onde tudo come�ou.
(Com �ngela Faria)