
Um m�sico se concentrar apenas em singles � a mesma coisa que um ator deixar de fazer pe�as de teatro s� para recitar poesias. O single tem, sim, muita riqueza, mas � meio como duvidar da intelig�ncia do ouvinte. Quero insistir nessa possibilidade de que o ouvinte ainda tem intelig�ncia e paci�ncia em me ouvir e me entender
C�sar Lacerda, cantor, compositor e instrumentista
A primeira lembran�a musical do cantor e compositor C�sar Lacerda � de sua m�e, a pianista Maria Eunice, tocando Debussy ao piano, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, onde ele nasceu e morou at� os 12 anos. As serestas tamb�m est�o presentes em sua mem�ria, assim como a influ�ncia do gosto musical de seu pai, Jos� Ant�nio. “Ele organizou minha cabe�a no sentido de gostar de m�sica popular – Ti�o Carrero, Clara Nunes, m�sica rom�ntica brega. E isso vem fazendo muito sentido para mim. Cada vez mais, penso em tocar para o povo”, afirma.
Aos 32 anos, C�sar Lacerda � um destaque em sua gera��o, atuando tamb�m na dire��o art�stica de discos e shows de colegas, em paralelo ao seu trabalho como cantor, compositor e instrumentista. A primeira experi�ncia nesse sentido foi em dobradinha com Luiz Gabriel Lopes, em 2016, quando se dedicaram ao �lbum Sol velho lua nova, do cantor e compositor Flavio Tris. Desde ent�o, dirigiu Cola comigo, disco e show de Matheus Brant; Tenho saudade, mas j� passou, disco e show de Luiza Brina; e Espiral, projeto que celebra os 20 anos de carreira da cantora e compositora Ceumar, que ser� lan�ado ainda este ano.
“Sou um pouco controlador, tanto no aspecto bom como no ruim. O disco acaba, mas o show podia ter uma coisa assim, assado. Por isso fiz a dire��o dos espet�culos tamb�m. E t�m sido experi�ncias muito ricas e interessantes”, afirma. C�sar chegou a fazer a dire��o art�stica de seus primeiros �lbuns – Porqu� da voz (2013) e Paralelos & infinitos (2015). J� o terceiro, O meu nome � qualquer um (2016), foi um projeto especial realizado todo ao lado do compositor paulistano Romulo Fr�es, que assinou a produ��o. O mais recente disco do m�sico, o elogiado Tudo tudo tudo tudo (2017), contou com dire��o art�stica de Marcus Preto. “O diretor art�stico � aquela figura que elabora uma ideia. Junto com o artista, ele tenta fazer essa arquitetura, e o Marcus desempenhou muito claramente esse papel”, diz.
Depois de ter circulado pelo pa�s com Tudo tudo tudo tudo, C�sar em breve dever� lev�-lo para o outro lado do Atl�ntico. A partir deste m�s, o artista faz uma turn� de tr�s meses pela Europa. “Tudo tudo tudo tudo foi muito positivo para mim. Ele passou por v�rios estados, foi para o Chile e, agora, vai para a Europa. Foi um momento muito feliz da minha carreira. Eu j� tinha o desejo de um novo �lbum, mas a� tanta coisa aconteceu neste pa�s que achei melhor desacelerar. E percebi que o pr�prio disco ainda rendia”, conta. Al�m de seus quatro �lbuns lan�ados, C�sar Lacerda teve can��es gravadas por Gal Costa, Maria Beth�nia, Filipe Catto, Duda Brack, Julia Bosco e a banda Graveola e o Lixo Polif�nico.
(Em Diamantina) Fiz uma semana de aula de piano e larguei. O mesmo aconteceu com o viol�o. Mas ainda toco os dois. Quando nos mudamos para Belo Horizonte, j� que meus pais tinham essa inten��o de os filhos estudarem na capital, fiz canto, violino e bateria na Funda��o de Educa��o Art�stica, que foi important�ssima na minha forma��o. Na UFMG, estudei bacharelado em flauta transversal, mas me transferi para o Rio para concluir o curso e acabei n�o terminando
C�sar Lacerda, cantor, compositor e instrumentista
SINGLES A temporada europeia – que vai percorrer Portugal e It�lia –, al�m dos shows, inclui o lan�amento de dois singles. Um ao lado do cantor portugu�s Tiago Nacarato e o outro com a cantora brasileira Nina Fernandes, numa vers�o em italiano de Casa, composi��o de ambos, com tradu��o de Max di Tomassi. No Velho Continente, C�sar Lacerda ser� agenciado por In�s Motta, agente de Caetano Veloso e de Jorge Drexler em Portugal.
Depois de ter se dedicado tanto aos trabalhos dos outros, o m�sico diamantinense sente que � o momento de voltar-se para si pr�prio. Agora, sobretudo aproveitando esse per�odo longe daqui, ele vislumbra o novo projeto fonogr�fico. “A dire��o art�stica me fez aprender muito, mas �, ao mesmo tempo, incr�vel e desgastante. Vou aproveitar esse tempo na Europa e me concentrar no novo disco que quero fazer no ano que vem. Fiquei muito distante dos meus projetos, ent�o quero compor, criar, me conectar comigo mesmo.”
Embora abrace tamb�m o formato de lan�amento de singles, ele avalia que ainda faz muito sentido se dedicar � prepara��o de um disco completo. “Um m�sico se concentrar apenas em singles � a mesma coisa que um ator deixar de fazer pe�as de teatro s� para recitar poesias. O single tem, sim, muita riqueza, mas � meio como duvidar da intelig�ncia do ouvinte. Quero insistir nessa possibilidade de que o ouvinte ainda tem intelig�ncia e paci�ncia em me ouvir e me entender.”
Al�m de pianista, a m�e de C�sar Lacerda foi diretora do Conservat�rio Estadual de M�sica Lobo de Mesquita, no antigo Arraial do Tejuco. Maria Eunice tamb�m comandou uma escola de m�sica na cidade hist�rica e foi ali que come�ou para valer a rela��o de C�sar com sons e instrumentos. “Fiz uma semana de aula de piano e larguei. O mesmo aconteceu com o viol�o. Mas ainda toco os dois. Quando nos mudamos para Belo Horizonte, j� que meus pais tinham essa inten��o de os filhos estudarem na capital, fiz canto, violino e bateria na Funda��o de Educa��o Art�stica, que foi important�ssima na minha forma��o. Na UFMG, estudei bacharelado em flauta transversal, mas me transferi para o Rio para concluir o curso e acabei n�o terminando”, conta.
Depois de morar no Rio de Janeiro por oito anos, ele se estabeleceu (h� quatro) na capital paulista. “A mudan�a para S�o Paulo foi vislumbrando essa possibilidade de um mercado melhor, mais rico”, pontua. Mesmo morando fora de Belo Horizonte, C�sar visita com frequ�ncia a cidade, n�o apenas para atender a compromissos profissionais, mas tamb�m por raz�es pessoais. Seus pais e a irm�, a cantora Malvina Lacerda, vivem na capital mineira. O outro artista da fam�lia, o talentoso compositor erudito S�rgio Rodrigo, est� radicado em Estrasburgo, na Fran�a. J� da terra natal, Diamantina, ele anda meio distante. “Deve ter uns tr�s anos que n�o vou l�. Estou at� precisando ir. � uma cidade t�o especial e de uma profundidade do ponto de vista cultural, musical. Oscar Niemeyer se inspirou nos arcos do Mercado Municipal de Diamantina para criar sua arquitetura, que tem reconhecimento internacional. �, sem d�vida, um lugar que estimula e influencia a gente.”
DISCOGRAFIA

>> Porqu� da voz (2013)

>> Paralelos & infinitos (2015)

>> O meu nome � qualquer um (2016, com Romulo Fr�es)

>> Tudo tudo tudo tudo (2017)