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Estado de Minas

Primavera Liter�ria, no CCBB, exibe o vigor das editoras independentes

Feira prop�e experi�ncias inusitadas com o livro e a palavra. Debates, lan�amentos e performances teatrais v�o ocupar o Centro Cultural Banco do Brasil, na Pra�a da Liberdade


postado em 15/08/2019 04:00 / atualizado em 14/08/2019 21:35

(foto: Marcelo Lelis)
(foto: Marcelo Lelis)

“A distribui��o sempre foi o grande problema das editoras independentes. Mas ficou claro para n�s que com a crise das (grandes) livrarias, foram as independentes que se viraram melhor e souberam se reinventar. Tentamos buscar o leitor, falar com cada nicho diretamente”, afirma a editora Raquel Menezes, presidente da Liga Brasileira de Letras (Libre).

Criada h� 19 anos no Rio de Janeiro, a Primavera Liter�ria, feira dedicada a pequenas e m�dias editoras, chegou a Belo Horizonte em 2015. Nesta quinta (15), tem in�cio, no Centro Cultural Banco do Brasil, a quarta edi��o mineira do evento, realizado pela Libre. At� domingo, o espa�o na Pra�a da Liberdade vai receber editores, autores e ilustradores, entre outros profissionais do meio liter�rio, para uma programa��o extensa (e gratuita) que compreende debates, oficinas e apresenta��es.

O CCBB ter� v�rios de seus espa�os ocupados. O p�tio central concentrar� boa parte das a��es. Com 150 editoras associadas, a Libre vai trazer 40 delas para a Primavera Liter�ria. “Resolvemos refor�ar a ideia da experi�ncia de estar numa feira, em vez de pura e simplesmente um lugar para comprar livros. Pela primeira vez, estamos fazendo em BH 'O dia do editor', por exemplo, experi�ncia que j� levamos ao Rio”, explica Raquel Menezes.

O primeiro dia da programa��o oferecer� mesas-redondas em torno da produ��o independente de livros. No debate de abertura, “O mercado editorial em tempos de c�lera”, nesta quinta, �s 10h, a pr�pria Raquel, que tem sua pr�pria editora, a Oficina Raquel, participar� do encontro com Rejane Dias (Grupo Aut�ntica) e Alencar Perdig�o (Quixote). Outros debates s�o “Os independentes no mundo” (�s 13h30), “Novas formas de ver e fazer o livro” (15h) e “A reinven��o do of�cio de fazer e vender livros em pequenas editoras” (17h).

Os encontros de sexta-feira (16) v�o destacar a literatura infantil – das tem�ticas abordadas nas publica��es ao universo das ilustra��es (entre os convidados est�o os premiados escritores e ilustradores Marilda Castanha e Nelson Cruz). O programa de s�bado (17) ter� forte conota��o pol�tico-social, enfocando, por exemplo, o feminismo. J� o domingo (18) ser� aberto, �s 10h, pelo encontro dos escritores Ana Maria Martins e Lucas Guimaraens, superintendente de Bibliotecas do Estado de Minas Gerais. A dupla, com a media��o de Jos� Eduardo Gon�alves, vai discutir o tema “Literatura, para que serve?”.

RAP Domingo, ao meio-dia, o rap e a poesia ser�o tema do debate que reunir� a poeta N�vea Sabino e os rappers Douglas Din e Roger Deff. N�vea atua desde 2010 na cena de saraus e slams, como s�o chamadas as batalhas de poesia. � pioneira, em Minas Gerais, na participa��o feminina nesses eventos – em 2016, foi a primeira mulher a ganhar a seletiva estadual do Campeonato Brasileiro de Poesia Falada.

“Nesta d�cada, assistimos � chegada das mulheres aos movimentos, principalmente nos slams. Alguns, inclusive, s�o espec�ficos para mulheres, como o Slam das Manas. Estamos em p� de igualdade com os homens nos campeonatos. Na �ltima edi��o da seletiva estadual, havia mais mulheres do que homens”, ela destaca.

Sobre o debate entre o rap e a poesia, N�via diz entender rap “como a palavra ritmada”. “� a palavra utilizada como instrumento e a gente acaba criando outros sentidos. Neste momento de turbul�ncia, a possibilidade de criar um espa�o de transforma��o, de criar outros mundos, � algo revolucion�rio.” Para ela, autores da palavra falada t�m no livro apenas um caminho.

Em 2016, N�vea publicou o livro Interiorana, que no ano passado ganhou a segunda edi��o, esta independente. “A gente sente que o livro � uma das possibilidades, mas a literatura vai muito al�m. A finalidade do poeta da oralidade � o encontro com o p�blico, pois ali ele entrega a palavra de maneira viva. O livro � uma passagem para isso”, finaliza.

PRIMAVERA LITER�RIA
At� domingo (18), das 10h �s 22h. Centro Cultural Banco do Brasil, Pra�a da Liberdade, 450, Funcion�rios. Entrada franca. Programa��o completa: culturabancodobrasil.com.br/portal/iv-primavera-literaria 

Uma hist�ria de amor com Flicts
Mariana Jacques leva seu livro predileto para o palco(foto: Rafael Lins/divulgação)
Mariana Jacques leva seu livro predileto para o palco (foto: Rafael Lins/divulga��o)

Al�m dos debates, a Primavera Liter�ria programou conta��o de hist�rias, duelo de MCs, batalhas de poesia e performances de teatro. Nesta quinta (15), �s 15h, a atriz Mariana Jacques apresenta, no p�tio do CCBB, Flicts, cena curta baseada no cl�ssico infantil de Ziraldo, livro que completou 50 anos e ganhou nova edi��o da Melhoramentos.

Flicts, basicamente, � uma hist�ria sobre a diferen�a, sobre a cor que n�o se reconhece (e tampouco � reconhecida) entre seus pares no arco-�ris. “De resto, o que � Flicts sen�o poesia formulada de outra maneira por Ziraldo? O cons�rcio das duas poesias forma uma terceira, dom maior deste livro”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, em 22 de agosto de 1969, no extinto Correio da Manh�.

Cada um tem a sua pr�pria hist�ria com Flicts. A de Mariana Jacques � de supera��o. “Quando tinha 7 anos, queimei a perna. Foi queimadura de terceiro grau, fiquei no hospital tr�s meses. Quando estava l�, uma amiga da minha m�e me deu o livro, dizendo: 'Leia para a Mariana, mas os problemas v�o aparecer quando ela sair do hospital'”, recorda a atriz.

Ao sair, a menina se descobriu, para os colegas, como a “Mariana queimada”, a “Mariana fogueirinha”. J� adolescente, a m�e a colocou no teatro, “para expurgar essas coisas”. Dez anos atr�s, foi para o Rio de Janeiro fazer oficina com o ator e diretor J�lio Adri�o. Ele pediu aos alunos um solo narrativo, no qual o ator contracena consigo mesmo. Mariana, ent�o, lembrou-se de Flicts. De volta a BH, trabalhou a cena, levou-a para festivais e at� mesmo conseguiu que Ziraldo a assistisse.

“No final, com os olhos cheios d'�gua, Ziraldo disse que eu havia reescrito a hist�ria. Na verdade, usei a hist�ria dele para contar a minha pr�pria”, afirma Mariana, que guarda a primeira edi��o do livro, agora com a assinatura do pr�prio Ziraldo, que se surpreendeu por ela ter o volume original.

Em meio s�culo, Flicts j� soma 107 impress�es – em m�dia, duas anuais. Desde 1984 na Melhoramentos, que publica a maior parte da obra de Ziraldo, ganhou agora nova edi��o (a quarta da mesma editora). Al�m da �ntegra da cr�nica O cora��o da cor, de Drummond, o livro, organizado por Adriana Lins, sobrinha de Ziraldo, re�ne coment�rios de escritores, jornalistas e cr�ticos. Tamb�m volta a ter 80 p�ginas, assim como a edi��o original, de 1969.

“Ziraldo � um autor que vende muito, sua obra est� toda em cat�logo”, informa Leila Bortolazzi, editora da Melhoramentos. O menino maluquinho (1980) � o livro mais vendido – Flicts ocupa o terceiro lugar. Na Bienal do Livro do Rio, que tem in�cio em 30 deste m�s, a Melhoramentos vai lan�ar, al�m da reedi��o, quatro t�tulos in�ditos de Ziraldo: tr�s da Cole��o D� R� Zi (os personagens s�o instrumentos musicais) e M�nica e Menino Maluquinho perdidos no espa�o, segundo t�tulo escrito em parceria do autor mineiro com Mauricio de Sousa.


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