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Estado de Minas

Minas Gerais � palco de encontro entre escritores do RS e do RN

O potiguar Carlos Fialho e o ga�cho Gustavo Czekster debatem sobre seu of�cio nesta quarta (21), em Governador Valadares, e na sexta (23), em Belo Horizonte


postado em 21/08/2019 04:00 / atualizado em 20/08/2019 19:10



Aproximadamente 4.600  quil�me- tros separam o Rio Grande do Norte do Rio Grande do Sul. Uma das mais importantes rodovias do pa�s, a BR-101, liga os dois estados, indo de Touros, no litoral potiguar, at� S�o Jos� do Norte, no extremo sul ga�cho. O primeiro Rio Grande foi o do Norte, assim batizado no s�culo 16, em homenagem ao comprido Rio Potengi, com seus 176 quil�metros de extens�o. No Sul, o nome surgiu devido a um erro cartogr�fico. Quando os portugueses chegaram � foz da Lagoa dos Patos (a maior da Am�rica do Sul), n�o sabiam que se tratava de um lago e batizaram os 265 quil�metros de aguaceiro de Rio Grande.

Se geograficamente os dois Rios Grandes est�o distantes, literariamente eles se aproximam, nesta semana, na capital mineira. Um autor do RN (Carlos Fialho, de 40 anos), e outro do RS (Gustavo Czekster, de 42)  compartilham suas experi�ncias no projeto Arte da palavra, promovido pelo Sesc. O projeto � realizado em v�rias unidades do Sesc pelo pa�s. 

“Eles sempre re�nem dois escritores de estados diferentes para participar de uma edi��o em um terceiro estado. � justamente para mostrar como o Brasil � vasto e diverso e como isso se reflete tamb�m na cultura e na literatura. J� participei de outros encontros com o Fialho. Nesta semana, tivemos esse privil�gio de nos reencontrar em Governador Valadares na quarta (21), e em Belo Horizonte na sexta (23)”, diz Czekster.
(foto: Rochele Bagatini/divulgação)
(foto: Rochele Bagatini/divulga��o)

''Essa coisa de musa inspiradora n�o existe. A gente chega, senta. Tenha barulho ou n�o, come�o a criar os meus espa�os. Sempre que sobra um tempinho, vou escrevendo, seja onde for. Mas tenho de estar concentrado''

Gustavo Czekster, escritor e advogado ga�cho


O ga�cho, que � formado em direito e atua na �rea c�vel, em Porto Alegre, onde mora, diz que, em suas conversas com o colega potiguar encontrou algumas semelhan�as entre os dois estados, para al�m do nome. “S�o lugares com uma multiplicidade de estilos liter�rios, mas percebemos tamb�m as mesmas lacunas, como problemas de distribui��o, poucas editoras. Mesmo eu sendo ligado ao conto e o Fialho � cr�nica, temos uma vis�o muito parecida sobre v�rias coisas. Costumamos fazer muitas palestras para jovens e crian�as e temos uma preocupa��o com esse p�blico”, afirma.

Gustavo Czekster lamenta n�o conhecer o Rio Grande do Norte, mas assegura que, em breve, ao menos a literatura potiguar estar� bem presente em sua vida. “Infelizmente, o mais longe que j� fui � a Montes Claros (Norte de Minas). J� li muitos autores nordestinos, mas n�o do Rio Grande do Norte. Carlos Fialho me passou uma lista de v�rios conterr�neos dele bem interessantes para eu ler e j� est�o na minha lista.” Ele conta que,  desde crian�a, sempre gostou de ler e, principalmente, de criar hist�rias. Acabou optando pelo direito – “A minha imagem de advogado era de uma pessoa que sempre estava escrevendo” –, mas fez mestrado em letras. Atualmente, est� concluindo um doutorado em escrita criativa na PUC-RS.

“Por isso a advocacia est� meio de lado, mas ainda tenho meu escrit�rio. Literatura e direito s�o duas �reas que dialogam bastante. Elas trabalham com o material humano nos seus melhores e piores momentos. E a criatividade humana � uma fonte inesgot�vel”, diz. Seu primeiro livro, O homem despeda�ado, foi lan�ado em 2011. O segundo, N�o h� amanh�, veio seis anos depois. “A fic��o sempre me atraiu. Fui mostrando meus textos para outras pessoas. Elas gostavam, e passei mesmo a me dedicar.”

O projeto de conclus�o do doutorado � um romance que deve ser conclu�do em fevereiro de 2020. A hist�ria, que mescla literatura e m�sica, fala de uma celista que entra numa pe�a musical. O escritor/advogado comenta que n�o tem um m�todo espec�fico para escrever, mas que sua palavra-chave � concentra��o. “Essa coisa de musa inspiradora n�o existe. A gente chega, senta. Tenha barulho ou n�o, come�o a criar os meus espa�os. Sempre que sobra um tempinho, vou escrevendo, seja onde for. Mas tenho de estar concentrado.”

O autor destaca que com o Arte da palavra tem tido oportunidade n�o s� de ter contato com outros autores, mas sobretudo com novos leitores. “E isso � fant�stico, essa coisa de extrapolar as fronteiras. N�o imaginava que teria gente me lendo em outros lugares. Novos olhares, novas vozes. Tudo isso � muito enriquecedor e permite que a literatura n�o fique presa em um s� nicho.”
(foto: Sesc/Divulgação)
(foto: Sesc/Divulga��o)

''Tinha uns 20 anos. Cr�nica tem aquela coisa de escrever toda semana e, quando voc� menos espera, tem um volume grande. � um g�nero que tem muito a ver com a minha personalidade''

Carlos Fialho, escritor e roteirista potiguar


INFLU�NCIA Carlos Fialho, por outro lado, j� esteve nos Pampas e tem como uma de suas principais influ�ncias um dos mais renomados autores ga�chos – Luis Fernando Verissimo. “Minha forma��o como leitor passa muito pelas cr�nicas dele. � um escritor ga�cho, mas que se popularizou em todo o pa�s, porque foi publicado em ve�culos (de m�dia) de v�rios estados. Sempre gostei desse seu estilo leve e bem-humorado”, afirma.

Com 11 livros publicados – sendo 10 de cr�nicas e um de contos, A noite que nunca acaba – o natalense come�ou a ser convidado a escrever em jornais de sua cidade. Tomou gosto e, quando se deu conta, j� estava com a primeira obra pronta, Ver�o veraneio – Cr�nicas de uma cidade ensolarada. “Tinha uns 20 anos. Cr�nica tem aquela coisa de escrever toda semana e, quando voc� menos espera, tem um volume grande. � um g�nero que tem muito a ver com a minha personalidade.”

Assim como o colega ga�cho, o escritor do Rio Grande do Norte exerce outras atividades. � roteirista de publicidade e acaba de concluir uma webs�rie sobre a Segunda Guerra Mundial que deve estrear em setembro no  YouTube. “O lance de escritor eu fa�o nas horas vagas. � uma coisa de que gosto muito, mas o que me d� dinheiro mesmo s�o essas outras a��es. Mas tamb�m tenho uma editora, a Escribas, que existe h� 15 anos. Participo de eventos liter�rios, dou palestras”, comenta.

Um dos pilares mais importantes da editora � o projeto de forma��o de leitores voltado a jovens de escolas p�blicas, privadas e de universidades. Chamado de A��o leitura, o projeto foi lan�ado em 2011. “Levamos v�rios autores de todos o pa�s, promovemos eventos nas escolas. S� no ano passado, essa iniciativa contemplou 10 mil estudantes. Mais do que mostrar que ler � importante, a gente quer mostrar que ler � divertido, legal.”

Fialho tem ideias para escrever um romance, um outro livro de cr�nicas e at� uma graphic novel. Tem trabalhado em v�rias iniciativas para a internet e acredita que seu estado teve um boom cultural a partir dos anos 2000. “Surgiu ali uma gera��o na faixa dos 20 e poucos anos de agentes culturais em v�rias �reas – teatro, m�sica, muitos eventos surgindo, espa�os culturais. E a literatura tamb�m passou por esse momento de efervesc�ncia. Muitos livros sendo publicados, sendo lidos, uma multiplica��o de leitores. E o mais bacana � que temos escritores dos mais variados estilos e g�neros. Por isso � bacana esse trabalho do Sesc, que, para mim, � um Minist�rio da Cultura melhorado, por ser de alance nacional e promover a circula��o de autores de todos os cantos pelo Brasil.”

Arte da palavra
Rede Sesc de leituras: Circuito de autores, com Carlos Fialho (RN) e Gustavo Czekster (RS). Sexta (23), �s 19h30, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. (31) 3270-8100. Entrada franca, com retirada de ingresso 30 minutos antes da sess�o. Classifica��o: livre.


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