
O saxofone tem rela��o para l� de especial com Minas Gerais. A primeira escola do pa�s dedicada ao ensino do instrumento funcionou no estado na d�cada de 1980. At� sexta-feira (30), ser� realizado o EnSerra – 1º Encontro Internacional de Saxofonistas da UFMG, em Belo Horizonte, reunindo especialistas do Brasil e do exterior.
Patenteado em 1846 pelo belga Antoine Joseph Sax, conhecido como Adolphe Sax, respeitado fabricante de instrumentos que viveu na Fran�a, o saxofone chegou ao Brasil no s�culo 19, trazido por franceses e portugueses. “Ele foi logo inserido em bandas militares, nas quais se faz marcante at� hoje. S� na d�cada de 1980 o pa�s ganhou sua primeira escola dedicada ao saxofone e ela ficava em Minas”, informa o brasiliense Carlos Gontijo, instrumentista e professor.
Gontijo � um dos participantes do EnSerra, realizado na Escola de M�sica e no Conservat�rio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Idealizado pelos professores Robson Saquett e Paulo Rosa, o evento ter� concertos do espanhol Carlos Ord��ez, do argentino Emiliano Barri e do quarteto brasileiro Monte Pascoal, al�m de workshops e masterclasses.
“O saxofone vem ganhando destaque tanto no meio erudito quanto no popular. Sempre tivemos a inten��o de fazer algo maior, pois o m�ximo que consegu�amos era um convidado dando aula, tocando e indo embora. O EnSerra, encontro de uma semana, representa um marco”, afirma Robson Squett, que se apresentou com seu grupo, o Quarteto Mineiro de Saxofones, na abertura do evento. “Eu organizo, produzo e toco. A gente joga em todas as frentes”, brinca.
O primeiro professor universit�rio do pa�s dedicado exclusivamente ao sax integrava os quadros da UFMG. Trata-se do pernambucano Dilson Flor�ncio, de 57 anos, �nico sul-americano detentor do 1º Pr�mio de Saxofone do Conservatoire National Sup�rieur de Musique de Paris.
“Foi Dilson quem come�ou a propagar o sax erudito no Brasil. A primeira escola dedicada a ele foi a UFMG. N�o havia material did�tico no pa�s, nada que auxiliasse esse ensino. Os professores usavam material para flauta e clarinete. Dilson trouxe seus conhecimentos da Fran�a. Por isso, � muito significativo ter o EnSerra em BH”, diz Carlos Gontijo.
''S� na d�cada de 1980 o pa�s ganhou sua primeira escola dedicada ao saxofone e ela ficava em Minas''
Carlos Gontijo, saxofonista
TROMPETE Gontijo descobriu o sax quando entrou para a banda de Brazl�ndia, no Distrito Federal. Como o grupo contava com muitos saxofonistas, s� sobrou um trompete para o garoto. “Sempre quis o sax, nunca consegui explicar essa paix�o. Larguei o trompete e fui estudar saxofone na Escola de M�sica de Bras�lia e depois na UnB. Muito vers�til, v�rios compositores brasileiros se dedicam a ele justamente por suas infinitas possibilidades sonoras”, comenta.
O repert�rio do recital de Carlos Gontijo ter� pe�as de italianos e a obra brasileira mais emblem�tica dedicada ao instrumento: Fantasia para saxofone, de Heitor Villa-Lobos. Nos �ltimos anos, ele tem se dedicado � pesquisa sobre o sax erudito para a publica��o de um livro, que deve ser conclu�do at� dezembro.
JAZZ De acordo com Robson Saquett, o EnSerra evidencia a pluralidade do instrumento. Apesar de ser associado ao jazz e ao choro, no caso do Brasil, o sax � vers�til. “Ele � muito comum nas bandas militares. Isso ajuda a explicar um pouco por que Minas tem tantos saxofonistas de talento”, afirma Robson.
Saquett iniciou seus estudos tocando viol�o e teclado. “Eram os mais populares, digamos assim. S� quando entrei numa banda fui tomar gosto pelo sax. Nunca mais parei, fiz gradua��o na UFMG e me tornei professor efetivo. � um instrumento bonito de ver e ouvir. O mais interessante � que cada saxofonista consegue um som totalmente diferente do outro. A sonoridade particular � uma de suas marcas”, defende.
''Nosso repert�rio busca abarcar v�rios estilos e g�neros: m�sica de concerto, m�sica popular e at� temas de filmes e jogos''
Paulo Eduardo de Almeida, do Quarteto 5 Oitavas
BARULHENTO Foi por meio da banda de sua terra natal, Andrel�ndia, no Sul de Minas, que Paulo Eduardo de Almeida descobriu o saxofone, aos 7 anos. Os amiguinhos da rua haviam ingressado no grupo. “O futebol acabou, porque todo mundo estava tocando (risos). No come�o, n�o gostava muito. Achava barulhento demais, mas acabei me rendendo e de cara j� peguei o sax”, revela.
Paulo Eduardo fez licenciatura em m�sica com habilita��o em saxofone na Universidade Federal de S�o Jo�o del-Rei. Durante o mestrado na UFMG, conheceu os estudantes Ronan Ramos, Luiz Ant�nio e Bruno Jorge. Eles montaram o Quarteto 5 Oitavas. “Nosso repert�rio busca abarcar v�rios estilos e g�neros: m�sica de concerto, m�sica popular e at� temas de filmes e jogos.”
No EnSerra, o 5 Oitavas vai tocar Mendelssohn, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth e at� o tema de M�rio Bros, de Koji Kondo. Paulo comemora a visibilidade que o saxofone vem conquistando. “O evento da UFMG � uma oportunidade de mostrar do que ele � capaz”, conclui.
• CONCERTOS
TER�A (27)
12h30 – Quarteto Monte Pascoal. Escola de M�sica da UFMG
19h30 – Jesiel Pinheiro e Duo Rosa Camisassa. Conservat�rio UFMG
QUARTA (28)
12h – Quarteto de Saxofones 5 Oitavas. Conservat�rio UFMG
18h10 – Emiliano Barri. Escola de M�sica da UFMG
QUINTA (29)
19h30 – Carlos Ord��ez. Conservat�rio UFMG
SEXTA (30)
19h30 – Carlos Gontijo. Conservat�rio UFMG
ENSERRA – 1º ENCONTRO INTERNACIONAL DE SAXOFONISTAS DA UFMG
At� sexta-feira (30), na Escola de M�sica da UFMG – Av. Ant�nio Carlos, 6.627, Pampulha, e no Conservat�rio UFMG – Av. Afonso Pena, 1.534, Centro. Concertos e recitais t�m entrada franca. Palestras e workshops custam R$ 40 (com direito a programa��o integral). Inscri��es: www.eventbrite.com.br. Informa��es: instagram.com/enserraufmg/