Festival de Veneza tem palmas a Brad Pitt e pol�mica com Polanski

Brad Pitt est� tendo um grande ano. Depois de apresentar Era uma vez em... Hollywood, de Quentin Tarantino, no Festival de Cannes, em maio, o ator colheu elogios da cr�tica e at� especula��es de um prov�vel Oscar por sua interpreta��o do protagonista de Ad Astra, longa de James Gray exibido no Festival de Veneza.

"Foi o maior desafio de toda a minha carreira", disse Pitt, na coletiva de imprensa sobre o filme, do qual � tamb�m coprodutor. Ele definiu o longa como um filme delicado, que fala da "masculinidade", mas tamb�m da "dor" e da "vergonha", barreiras que os homens costumam negar.

Aos 55 anos, o ator vive um homem maduro, com uma condi��o pr�xima do autismo – um personagem enigm�tico, cujas olheiras e rugas ficam em evid�ncia gra�as aos abundantes planos fechados.

Mais do que um uma fic��o cient�fica ou uma nova vers�o de 2001 - Uma odisseia no espa�o, por seus efeitos especiais, o longa de Gray (Z: A cidade perdida) trata de sentimentos. "Foi um trabalho duro. Desde o in�cio, voc� questiona por que estamos no mundo, sobre a vida e a morte", afirmou Pitt, que interpreta o astronauta Roy McBride.

Ele parte numa viagem pelo espa�o em busca de seu pai, que desapareceu durante uma miss�o a Netuno, 20 anos antes. A jornada �, antes de tudo, um encontro com ele mesmo e com seus fantasmas. "Foi um esfor�o de equil�brio para manter o estilo sutil e delicado", resumiu o ator, que elogiou o trabalho do diretor.

O imenso espa�o resulta em um lugar hostil e sombrio e tamb�m um pretexto para uma travessia interior, uma busca do pai. "Quis contar uma pequena hist�ria no meio do imenso cosmos", disse Gray, que se inspirou em O cora��o das trevas, de Joseph Conrad, e Moby Dick, de Herman Melville. Ad Astra � um dos 21 t�tulos em competi��o pelo Le�o de Ouro no 76º Festival de Veneza, que termina no pr�ximo dia 7.

POL�MICA

O in�cio da mostra italiana, na �ltima quarta (28), foi marcado por pol�mica. "A presen�a (na competi��o do diretor Roman) Polanski com not�cias do passado me incomoda muito", afirmou a cineasta argentina Lucrecia Martel, presidente do j�ri. Martel anunciou que n�o iria � sess�o de gala do filme, em raz�o da condena��o de Polanski pelo estupro de uma garota de 13 anos, na d�cada de 1970, nos Estados Unidos.   "Represento muitas mulheres que lutam na Argentina por quest�es como essa. N�o quero me levantar e aplaudir", disse a diretora de Zama (2017). "Vi que a v�tima considera o caso encerrado, n�o nega os fatos, mas acredita que Polanski j� cumpriu o que ela e sua fam�lia pediram", acrescentou Martel. "Se a v�tima se sente compensada, o que vamos fazer? Execut�-lo? Negar a ele estar no festival? Coloc�-lo fora de competi��o para proteger o festival? Essas s�o conversas pendentes do nosso tempo. Tirar ou incluir Polanski nos obriga a conversar. N�o � algo simples de resolver", afirmou a argentina. O franco-polon�s Polanski est� na competi��o com J'accuse (Eu acuso), sobre o caso Dreyfus, o esc�ndalo antissemita que eclodiu na Fran�a em 1894, com a falsa acusa��o de espionagem e o julgamento injusto do oficial do Ex�rcito franc�s de origem judaica Alfred Dreyfus. Polanski n�o compareceu � estreia nem � entrevista coletiva sobre o filme, cujos produtores cogitaram sua retirada da competi��o, ap�s as declara��es de Martel.

Alberto Barbera, diretor do Festival de Veneza, classificou J'accuse como uma "obra-prima". "N�o sou um juiz que deve se expressar, com base em crit�rios e princ�pios da Justi�a, se ele deve ir ou n�o para a pris�o. Sou um cr�tico de cinema que deve decidir se um filme merece ou n�o participar de uma competi��o. Foi o que fiz. Meu trabalho termina a�." (AFP)