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Estado de Minas

Com padr�o de cinema, s�rie 'Irm�os Freitas' conta a hist�ria de Pop�

Trama mostra a rivalidade de dois irm�os que lutam para superar a mis�ria. Supervis�o art�stica � de Walter Salles. Produ��o estreia neste domingo (20), no Space


postado em 20/10/2019 04:00 / atualizado em 19/10/2019 23:11

SPACE/DIVULGAÇÃO
Daniel Rocha vive Pop�, o irm�o mais novo de Luis Cl�udio Freitas, que insistiu em seguir seus passos no pugilismo (foto: SPACE/DIVULGA��O )
Convidado para interpretar na TV o ex-pugilista baiano Luis Cl�udio Freitas, o ator R�mulo Braga, de 42 anos, brasiliense radicado em Belo Horizonte desde os 16, correu para a internet. Queria encontrar o m�ximo de material sobre as lutas do antigo boxeador. “N�o achei quase nada, s� uma luta dele no YouTube, v�deo a que assisti 1 milh�o de vezes. Nunca quis imit�-lo, mas entend�-lo.”

A estrat�gia surtiu efeito. Durante as filmagens, em Salvador, a mulher e a filha assistiram a Braga em cena. “Ele parece com painho mesmo”, foi o que o ator ouviu da menina. Para ele, Luis Cl�udio, hoje com 52 anos, � uma pessoa como “80% da popula��o brasileira: tem talento, mas pouca oportunidade”.

Para o p�blico leigo, Luis Cla�dio � apenas uma nota de rodap� na biografia de seu irm�o mais novo e mais famoso, Acelino “Pop�” Freitas, de 44, tetracampe�o mundial em duas categorias (pesos leves e superpenas) de boxe.
 
A partir deste domingo (20), a trajet�ria dos baianos ter� igual peso. Irm�os Freitas, s�rie em oito epis�dios que estreia nesta noite no canal Space, vai explorar a rela��o de amor e rivalidade entre dois irm�os da periferia soteropolitana que tentam mudar de vida por meio dos ringues.

Para al�m do nome de Pop� (interpretado na s�rie pelo ator Daniel Rocha, que teve destaque nas novelas Avenida Brasil e Imp�rio), chama a aten��o na produ��o o time de cinema que comp�e os cr�ditos. Irm�os Freitas � um sonho antigo do cineasta Walter Salles (Central do Brasil, Terra estrangeira), que, al�m de criador, � o supervisor art�stico da trama.

A dire��o � de S�rgio Machado (Cidade baixa, Onde a terra acaba), que assina tamb�m como cocriador, e Aly Muritiba (Para a minha amada morta). A produ��o � da Gullane Filmes (O ano em que meus pais sa�ram de f�rias, Bingo, Que horas ela volta?). A Videofilmes, dos irm�os Walter e Jo�o Moreira Salles, � coprodutora, ao lado do Space.

Irm�os Freitas � uma hist�ria universal. Trata da rela��o de dois irm�os com um tom meio de trag�dia grega, j� que eles disputam o amor da m�e. � uma hist�ria que fala de desigualdade social, sobreviv�ncia. E para quem � muito fodido, a �nica chance que existe � se juntar com o outro. Na minha cabe�a, ela traz uma mensagem para o que estamos vivendo hoje. Al�m do mais, a s�rie transcende a quest�o do boxe”, afirma S�rgio Machado.

O epis�dio de estreia tem in�cio em 1999, em Cannes, no Sul da Fran�a, quando Pop� se prepara para tentar seu primeiro t�tulo mundial. Deste momento, ela retrocede dois anos. Em Salvador, assistimos a um dos Freitas arrebentando nos ringues. No caso, Luis – Pop� � um mero espectador.

Naquele per�odo, o filho mais velho era visto como a salva��o da fam�lia Freitas. Miser�vel, o casal Niljalma (Seu Babinha, papel de Cl�udio Jaborandy, b�bado e jogador inveterado) e Zuleica (Edvana Carvalho, faxineira que vive um casamento desastroso e busca criar os filhos da melhor maneira poss�vel) vive em um barraco na capital baiana.

EMPREGO

Luis, figura em ascens�o no boxe local, dever� tir�-los daquela situa��o. Analfabeto e esquentado, ele n�o v� com bons olhos a vontade que o irm�o mais novo tem de segui-lo. Pop� estudou, ent�o deve tentar trabalhar em um emprego normal. Boxe � para quem n�o tem nada, o irm�o mais velho diz. S� que o garoto, que tem gana, mas ainda pouca t�cnica do esporte, acha que tamb�m deve lutar. Ainda no primeiro epis�dio, os dois Freitas v�o fazer sua primeira luta internacional, em Miami.

A vontade de levar � tela a trajet�ria de Pop� surgiu h� pouco mais de 20 anos. Assistente de dire��o de Central do Brasil (1998), S�rgio Machado lembra que a primeira conversa sobre o assunto foi levantada por Walter Salles ainda na segunda metade dos anos 1990. “Na �poca em que o Pop� estava surgindo, lembro do Waltinho falando que ele daria um filme incr�vel”, comenta Machado. A vontade ficou pairando no ar – de tempos em tempos, os dois falavam sobre o assunto.

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(foto: SPACE/DIVULGA��O)
H� cinco anos os dois come�aram a tirar o projeto do plano das ideias. Entraram em contato com Pop�, conversaram com ele e come�aram a escrever o roteiro. A inten��o era que Salles dirigisse um longa-metragem. “S� que � uma hist�ria que tem reviravoltas demais. Ou ficaria um filme muito grande, com quatro horas, ou seria muito superficial. Est�vamos desistindo, quando o (produtor) Fabiano Gullane nos falou que, se n�o dava um longa, poderia dar uma s�rie”, conta Machado.
 
Definido o formato, a ideia era que Salles e Machado dividissem a dire��o, o que n�o ocorreu por causa de um problema de sa�de do primeiro. Para seu lugar foi chamado Aly Muritiba, cineasta baiano como Machado e que,  assim como ele, deixou h� muitos anos o estado natal. “O Waltinho teve um papel fundamental, principalmente na parte final, quando eu sa� para rodar um longa, e ele ocupou meu lugar na montagem”, diz S�rgio Machado.

Desde o in�cio do processo a equipe deixou claro para Pop� que a s�rie era uma fic��o baseada na vida dele. “Ele cedeu todo o material que tinha, mas n�o participou da cria��o, n�o aprovou nada. Noventa por cento do que est� na s�rie � fruto de pesquisa, mas tivemos liberdades dram�ticas”, afirma o diretor.

Irm�os Freitas foi inteiramente gravada em loca��es (sem est�dio) em S�o Paulo, Bahia, Cannes, Liverpool, Miami e Cidade do M�xico. “Uma coisa que o Waltinho insistiu foi em levar a qualidade do cinema para a s�rie”, diz Machado.
 
Para que isso fosse poss�vel, Machado e Muritiba trabalharam com duas equipes em paralelo, e n�o separadamente, como � comum na produ��o de s�ries. Os dois diretores dirigiram todos os epis�dios, para que eles ficassem homog�neos. “A gente ia junto para o set, um filmava de um lado e o outro, de outro.”

Machado lan�a Irm�os Freitas depois de dirigir um document�rio sobre pugilismo – A luta do s�culo (2016). “Todo o mundo filmou boxe: Scorsese, Hitchcock, John Ford. Ao contr�rio do futebol, o boxe filmado � sempre melhor do que o real. Acho que � porque � um esporte em que voc� est� sozinho, com um advers�rio que � concreto.”

“Foi um presente que caiu do c�u”

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R�mulo Braga, nome conhecido do teatro mineiro, foi convidado por S�rgio Machado para o papel de Luis Cl�udio Freitas e estar� tamb�m no pr�ximo longa do diretor (foto: SPACE/DIVULGA��O)

R�mulo Braga vai acompanhar a estreia de Irm�os Freitas de longe. Ele est� no interior da Bahia, rodando um filme. Cria do teatro – atuou em espet�culos dos grupos Intervalo, Cia. L�dica dos Atores, Luna Lunera e Pigmali�o, todos de BH – o ator estreou no cinema com Mutum (2007), de Sandra Kogut.

Desde ent�o, somou uma s�rie de pap�is – filmes como Elon n�o acredita na morte (2016, de Ricardo Alves Jr., em papel que lhe valeu o pr�mio de melhor ator no Festival de Bras�lia), Joaquim (2017, de Marcelo Gomes) e o ainda in�dito Carcereiros (Jos� Eduardo Belmonte).

S�rgio Machado testou in�meros atores para o papel de Pop�. Mas para o de Luis, ainda na fase de roteiro j� tinha o nome de Braga na cabe�a. “Foi um presente que caiu do c�u”, comenta o ator, que h� dois anos recebeu um telefonema do diretor. “A gente nunca tinha se falado direito quando ele me ligou com o convite.”

Braga fez uma prepara��o grande para interpretar Luis – ao contr�rio de Daniel Rocha, que luta boxe e kickboxing, nunca teve intimidade com as luvas. Foram dois meses fazendo aulas di�rias de boxe. “S� conheci o Luis no final do processo, pois eu queria apenas me inspirar na hist�ria dele. Afinal de contas, a s�rie � uma fic��o.”

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(foto: SPACE/DIVULGA��O)
A experi�ncia foi gratificante, ainda que Braga tenha sa�do muito cansado do processo. “� um papel diferente, primeiro porque tem uma fisicalidade a que eu n�o estava habituado. Al�m de ter que lidar com o boxe, o Luis � um personagem extremamente contradit�rio, cheio de nuances.” Depois dessa experi�ncia, Braga voltou a trabalhar com Machado.

O cineasta o dirigiu em seu novo longa. Realizadas em Itacoatiara, no Amazonas, as filmagens de O adeus do comandante terminaram em agosto. No filme, tr�s irm�os – pap�is de Braga, Daniel de Oliveira e Gabriel Leone – se apaixonam pela mesma mulher – personagem de Sophie Charlotte. A hist�ria � inspirada no conto hom�nimo do livro A cidade ilhada (2009), de Milton Hatoum. O autor amazonense colaborou com Machado na confec��o do roteiro do longa.


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