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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Louvre promove a maior mostra de trabalhos de Leonardo Da Vinci

Exposi��o aberta na �ltima quinta (24) re�ne 162 trabalhos do g�nio renascentista, nos 500 anos de sua morte, e d� destaque para sua produ��o em pintura


postado em 27/10/2019 04:00

Visitante observa o quadro A virgem com a criança. Mostra exibe 11 dos 20 quadros que Leonardo Da Vinci pintou (foto: Fotos François Guillot/AFP)
Visitante observa o quadro A virgem com a crian�a. Mostra exibe 11 dos 20 quadros que Leonardo Da Vinci pintou (foto: Fotos Fran�ois Guillot/AFP)

Quinhentos anos depois da morte de Leonardo da Vinci, o Museu do Louvre inaugurou na �ltima quinta-feira (24) a maior exposi��o organizada sobre a obra do g�nio renascentista. No total, 162 pinturas, desenhos, manuscritos, esculturas e outros objetos foram reunidos, ap�s um trabalho de pesquisa que durou 10 anos. Apenas 11 dos quase 20 quadros atribu�dos ao artista est�o presentes na mostra, mas todos s�o magistralmente valorizados pelas demais obras que os cercam e contribuem para explicar os trabalhos.

"Ele n�o publicou nada, pintou pouco e seus quadros ficaram inacabados. Mas as pessoas ficam fascinadas. Sua obra � um reflexo de sua vida", afirma Vincent Delieuvin, do departamento de pinturas do Louvre de Paris e um dos curadores da mostra. A exposi��o ficar� em cartaz at� 24 de fevereiro e a visita��o � feita mediante reserva pr�via. At� o momento, foram reservados 260 mil ingressos para a exposi��o. Ao lado da mostra sobre Tutankamon, que recebeu 1,4 milh�o de visitantes, a exposi��o sobre Da Vinci ser� o grande evento cultural do ano na Fran�a.

A Mona Lisa, sua obra mais famosa e s�mbolo do Louvre, n�o faz parte da mostra, mas poder� ser observada na Sala dos Estados, a poucos metros do espa�o reservado para a exposi��o. O visitante, com a ajuda de um capacete, pode admirar o sorriso enigm�tico da obra em uma breve montagem de realidade virtual que restaura sua luminosidade inicial, sem o tom amarelado que adquiriu com o passar do tempo.
 
 
Salvator Mundi, tela cujo paradeiro era incerto desde sua compra pela Arábia Saudita, finalmente entrou na exposição
Salvator Mundi, tela cujo paradeiro era incerto desde sua compra pela Ar�bia Saudita, finalmente entrou na exposi��o
A retrospectiva foi constru�da de forma did�tica e pretende ser uma esp�cie de viagem � rica personalidade do pintor italiano protegido pelos pr�ncipes, j� muito famoso e admirado quando estava vivo. Um personagem que sempre foi objeto de lendas, livros e fantasias.

Os espetaculares desenhos e os apaixonantes croquis est�o entre os destaques da exposi��o, assim como as obras de outros artistas renascentistas. Situam o autor em uma �poca agitada, que passa por Floren�a, Mil�o, Mantua, Veneza, Roma e, finalmente, Fran�a.
  
O estudo Proporções da face e dos olhos é um dos estudos do artista em exibição
O estudo Propor��es da face e dos olhos � um dos estudos do artista em exibi��o
 
INFRAVERMELHO 

Gra�as a uma reflectografia de infravermelho, � poss�vel examinar as diferentes etapas da concep��o e elabora��o dos quadros. Leonardo trabalhava suas obras, �s vezes, durante 15 anos e as deixava inacabadas. Cada pintura � uma hist�ria, geralmente com v�rios significados, s�mbolos, d�vidas e segredos. Cada gesto, cada dedo significa algo. A express�o dos sorrisos tem mil interpreta��es. Na obra S�o Jo�o Batista, por exemplo, o sfumato (t�cnica que atenua os contornos e os detalhes) faz com que o profeta que anuncia a vinda de Jesus Cristo "saia da escurid�o e retorne ao mesmo tempo � sombra" uma vez que sua mensagem foi proclamada, destaca Vincent Delieuvin. "Um significado poderoso e uma t�cnica deslumbrante", comenta.

Muito exigente, Leonardo queria colocar a ci�ncia a servi�o da pintura para oferecer a vis�o mais precisa e mais profunda poss�vel do homem e da natureza.

O Louvre insiste em que a exposi��o deseja mostrar que a pintura era essencial e n�o secund�ria para Leonardo da Vinci; que era a culmin�ncia visual de suas pesquisas cient�ficas, e n�o o contr�rio. Leonardo foi um s�bio e um g�nio, mas tamb�m um ut�pico, um homem com curiosidade por tudo, que buscava uma explica��o para a ess�ncia da vida, para express�-la depois, o mais fielmente poss�vel, em um quadro ou desenho.
 
A ambição científica do artista, como a criação de %u201Cmáquinas voadoras%u201D, está documentada em seus cadernos
A ambi��o cient�fica do artista, como a cria��o de %u201Cm�quinas voadoras%u201D, est� documentada em seus cadernos
 
A mostra n�o se aprofunda na condi��o de s�bio de Leonardo. Seu le�o mec�nico, exposto no Instituto Cultural Italiano de Paris, n�o est� na exposi��o do Louvre.

Uma batalha diplom�tica entre Paris e Roma precedeu a inaugura��o da mostra. O governo da It�lia se mostrou relutante a emprestar obras de Leonardo da Vinci � Fran�a e alegou que, apesar de ter morado os �ltimos tr�s anos de sua vida na Fran�a, era um artista italiano.

Finalmente, a justi�a italiana autorizou o empr�stimo do famoso Homem Vitruviano, do acervo permanente da Academia de Veneza. Outros empr�stimos chegaram de outros museus italianos, do Museu Hermitage de S�o Petersburgo, do Metropolitan Museum de Nova York, do British Museum, do Vaticano  e de cole��es inglesas, incluindo a da rainha da Inglaterra, que liberou 24 desenhos. (AFP)


VIDA MISTERIOSA

INF�NCIA 
Nascido fora do casamento, um bastardo, afetivamente infeliz, mas n�o materialmente (vem de uma fam�lia rica da Toscana), logo se apaixonou pelas ci�ncias naturais. Seu gosto pela ci�ncia foi, talvez, uma maneira de escapar de uma realidade dolorosa, segundo ele pr�prio analisou. Freud se interessou por sua juventude em seu ensaio Uma mem�ria de inf�ncia de Leonardo da Vinci, no qual tenta decifrar o inconsciente do artista.

HOMEM BONITO 
Muito rapidamente, assim que se estabeleceu em Floren�a, descobriu o ateli� do famoso Verrocchio e frequentou os poderosos. De acordo com Louis Frank, um dos curadores da exposi��o do Louvre, era "um homem alto, forte, muito bonito, l�cido e melanc�lico", que "gostava de falar sobre o que estava fazendo. Sua abordagem era muito racional e nada esot�rica". Ele se vestia de uma maneira que o fazia ser notado. Al�m disso, n�o havendo necessidade, materialmente assistido por mecenas e pr�ncipes, "ele tinha basicamente tempo, e sabia aproveit�-lo".

HOMOSSEXUALIDADE 
Sua homossexualidade foi muito comentada. Inclusive com alguns de seus retratos de mulheres, bastante andr�ginas. Ele chegou a ser acusado em Floren�a de "sodomia" com um garoto de programa. Falou-se de um caso com seu assistente Salai e outros jovens. Mas nada foi provado. "De fato, n�o sabemos quase nada sobre sua vida privada. Ele n�o deixou nenhum documento, enquanto escrevia textos muito bonitos", diz Frank.

TRABALHO NA CORTE 
Seu verdadeiro trabalho era o de organizar espet�culos extraordin�rios para os pr�ncipes e sua corte. "Era tarefa dele entreter, contar hist�rias, era muito divertido", diz o curador. Ele dedicou muito do seu tempo a isso.

PESQUISADOR 
Tamb�m existiu o pesquisador nato, apaixonado. Pesquisas em anatomia, bot�nica, mec�nica, astronomia, arquitetura. Ele queria entender o interior dos fen�menos. "Tinha um intenso sentimento da efemeridade das coisas, da destrui��o universal. Estimava que os quatro elementos – terra, ar, fogo, �gua – queriam retornar ao caos inicial", afirma Pierre Frank.

INSPIRA��O M�STICA 
Os temas religiosos da Salva��o – em torno da Virgem Maria, Santa Ana, S�o Jo�o Batista, Cristo "Salvator Mundi", S�o Jer�nimo – o inspiraram profundamente. Era crente, mas n�o piedoso. Em sua I, ele colocou muita humanidade, humanismo: a Virgem deve segurar seu filho ou deix�-lo partir para o seu destino?

CORPOS E M�QUINAS   
O corpo humano, suas propor��es, sua harmonia ou sua desarmonia, o rosto, suas express�es o fascinam. Assim, seu Homem Vitruviano define as propor��es do corpo. Suas descobertas cient�ficas, que ele desenhou nos v�rios esbo�os de seus codex, foram fontes de inspira��o para os cientistas. �s vezes, suas m�quinas s�o puramente ut�picas. Ele certamente sonhava em voar. A servi�o do condottiere Borgia, passou um tempo como engenheiro militar e elaborou planos para m�quinas de guerra. Mas o que o fascinava especialmente era a bot�nica, algo retratado at� o fim de sua vida, perto de Amboise. Ele gostava do estudo da luz, relevos, plantas, animais. Isso deu, em suas pinturas, profundidade, detalhes extremamente bem estudados, mesmo que os personagens concentrem a aten��o.

PINTOR GENIAL 
Todo o conhecimento de uma vida ele despejou em sua busca pict�rica por rostos, express�es, vibra��es que emanam das silhuetas (ele vai privilegiar a t�cnica do "sfumato"). Deixava partes inteiras inacabadas para destacar o essencial. "Quanto mais ele avan�ava em sua carreira, mais se concentrava na pr�pria express�o. Suprime para colocar em destaque os rostos e a express�o dos sentimentos humanos", ressalta outro curador, Vincent Delieuvin. Como se ele sentisse com a idade a necessidade de ir direto ao ponto. Para Leonardo, "a pintura deve restaurar a verdade do ser humano, sua anatomia, as paix�es da alma, mas tamb�m o mundo", diz ele. 


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