
Fen�meno do rap nacional – com 10 milh�es de seguidores nas redes sociais e 1 bilh�o de views em seu canal oficial –, o paulista Projota quer ganhar o mundo. Est� estudando espanhol, j� come�ou a arriscar rimas na l�ngua do reggaeton e acaba de lan�ar o single Qu� pasa com dois parceiros de peso: o jovem astro mexicano Mario Bautista e o grupo cubano Orishas, �cone do hip-hop latino-americano. O beat � assinado pelo produtor Danny B, do M�xico.
Por enquanto, o refr�o de Projota – escrito em portugu�s – foi traduzido pelo orisha Yotuel Romero. “Mas tenho composto outras coisas em espanhol”, revela o brasileiro. A carreira internacional est� no horizonte, mas sem for�ar a barra. “Sou muito do processo. Penso pouco no resultado e muito mais no processo. Muita gente trabalha j� pensando no resultado, mas eu n�o, quero fazer m�sica de forma supernatural”, diz Projota.
Ao comentar a possibilidade de se lan�ar no exterior, ele conta que a estrat�gia � aproveitar as oportunidades. “Quero abrir uma porta e depois abrir outra, saboreando todos os degraus da escada.” Orishas e Bautista n�o s�o os primeiros parceiros internacionais de Projota. Em 2014, ele gravou Tranquila com o astro colombiano J Balvin em seu disco Foco, for�a e f�.

Por�m, dividir a cena com os cubanos � para l� de especial. “Eles foram muito importantes para meu crescimento como MC, como rapper. Ouvi muito Orishas, principalmente no come�o da minha carreira. Quando escrevi Qu� pasa, j� fiz imaginando a voz deles. Torci muito para que gostassem. E eles aceitaram na hora participar do clipe”, comemora. Por outro lado, Mario Bautista est� bombando no M�xico, lembra. “A galera aqui no Brasil vai come�ar a conhecer o trabalho dele agora. Tenho certeza de que todo mundo vai gostar.”
Com participa��o dos convidados especiais, o clipe de Qu� pasa – primeiro single do disco Tributo aos sonhadores 2, com lan�amento em 2020 – foi gravado em Madri, na Espanha, e na Cidade M�xico. “A m�sica � dan�ante e urbana. A letra fala sobre amor, tema sempre presente nas minhas can��es”, diz Projota. Cantada em portugu�s e espanhol, fala de uma garota empoderada, meio J Lo, meio Camila Cabello.
A sonoridade latino-americana � inspiradora, mas o rapper avisa: “Podem ter a certeza de que n�o abracei a onda reggaeton.” Mesclando salsa, reggae, hip-hop e eletr�nica, o ritmo tem conquistado f�s no mundo inteiro, que se rendeu a Maluma, J Balvin, Karol G e Daddy Yankee. De olho no mercado latino, Anitta, Ludmilla, Wesley Safad�o e Luan Santana, entre outros brasileiros, tamb�m apostam nessa onda.
POP Com can��es nas novelas e no “top 10” das r�dios, Projota, de 33 anos, garante que n�o tem a menor vontade de virar artista pop. E jura que jamais vai abandonar o rap, ao qual se dedica desde os 16. Lembra que, em abril, lan�ou o disco autoral Tributo aos sonhadores 1, com oito faixas in�ditas, trazendo os clipes de Sei l� e Celta vermelho. “� um �lbum bem pesado. Fala de depress�o e tem mensagem motivacional, especialmente para os jovens, o que sempre rolou no meu trabalho”, afirma.
Hip-hop � profiss�o de f�, garante Projota. “Escolhi fazer rap para trazer algo que seja relevante � vida das pessoas, mensagens que tragam autoestima para o adolescente, o jovem da periferia. Algo que o motive a continuar correndo atr�s dos sonhos. Tamb�m tenho letras que batem de frente com o sistema, pois o nosso pa�s est� cada vez mais ca�tico”, diz.
Por falar em trombar de frente, h� um ano, durante a campanha eleitoral, ele lan�ou o rap Sr. Presidente, que soma 14 milh�es de views no YouTube. “Vontade a gente tem/ mas n�o tem onde trabalhar/ Justi�a a gente tem/ mas s� pra quem pode pagar/ Coragem a gente tem/ mas n�o tem for�as pra lutar/ Ent�o a gente sai de casa sem saber se vai voltar”, diz a letra.
Astro do chamado rap rom�ntico e criticado por fazer versos “chicletes”, aqueles que n�o saem da cabe�a, Projota diz que � importante falar de amor, “pois hip-hop tamb�m � entretenimento”. Um de seus hits � Ela s� quer paz. A letra diz assim: “Ela j� acreditou no amor/ Mas n�o sabe mais/ Ela � um disco do Nirvana/ de vinte anos atr�s/ N�o quer cinco minutos/ no seu banco de tr�s/ S� quer um jeans rasgado/ e uns 40 reais/ Ela � uma letra do Caetano/ Com flow do Racionais”. Lan�ada em 2016, essa can��o j� soma 208 milh�es de visualiza��es s� no canal do artista no YouTube.
Ali�s, Projota n�o se sente confort�vel ao ser colocado na “prateleira” do rap rom�ntico. “As r�dios s� tocam as suas minhas m�sicas rom�nticas, jamais as pol�ticas. J� tentamos colocar m�sica pol�tica l�, como Sr. Presidente, e n�o conseguimos, elas n�o tocam de jeito nenhum. A� lan�o rom�ntica e ela fica no top 10”, argumenta. Diz que gra�as � internet, todos os seu raps chegam ao p�blico sem depender da TV ou das emissoras de r�dio.
Podem ter a certeza de que n�o abracei a onda reggaeton Escolhi fazer rap para trazer algo que seja relevante � vida das pessoas
Projota, m�sico
No in�cio deste m�s, ele foi uma das atra��es do Palco Sunset do Rock in Rio. Quando cantou Sr. Presidente, o p�blico xingou Jair Bolsonaro. Projota critica a pol�tica cultural adotada pelo governo federal. “Vamos at� as periferias e vemos que centro cultural � coisa rara. � tudo sucateado. Tirar dinheiro da cultura n�o procede, veja o crescimento do setor com a Lei Rouanet.” O rapper repudia a campanha contra o financiamento p�blico para o setor. “Nunca recebi nenhum centavo dessas coisas, mas acho um absurdo tirar o trabalho de tanta gente envolvida.”
PRECONCEITO Projota � astro da internet, toca em novela e faz sucessos na r�dio. Nas paredes de casa, tem pr�mios de ouro, platina e diamante concedidos a seus singles. Por�m, diz que o hip-hop ainda � discriminado no Brasil. “No passado, tinha muito aquilo de dizerem que rap n�o � m�sica. Hoje n�o, a gente tem um respeito e o respaldo de artistas de todos os estilos musicais, at� de outros �mbitos da arte. Fico muito feliz, pois vivi para ver essa mudan�a. Mas o preconceito existe. N�o como antes, mas ainda existe”, garante.
De acordo com ele, nem todas as portas se abriram. “Participar de alguns festivais, feiras e eventos parece um pouco complicado, pois quando subimos ao palco, a nossa m�sica, naturalmente, bate de frente com o sistema. Muitas vezes, tamb�m ficamos fora das r�dios.”
Foi preciso batalhar muito para o hip-hop nacional ter espa�o nos megafestivais. “O crescimento do rap gerou quase uma obriga��o. Quando existe p�blico interessado, tem de abrir a porta mesmo. S� que muitas delas n�o foram abertas para o rap. Tivemos de esmurr�-las, escancar�-las. Tivemos de ficar muito grandes para entrar nos grandes festivais”, observa.
Subir no palco de um Rock in Rio, de um Loolapalooza, � quase miss�o. “Temos de fazer o melhor show de nossas vidas, pois toda a cultura hip-hop depende de cada show de rap. Quando o Projota sobe ao palco, leva com ele todo mundo junto. Quando o Djonga sobe ao palco, tamb�m leva todo mundo, eu me sinto representado l�. Ele abre a porta pra mim e eu abro pra ele”, afirma.
(Colaborou �ngela Faria)
HIT MAKER
1 BILH�O
de streamings no canal oficial
300 MILH�ES
de views do rap Muleque da vila
10 MILH�ES
de seguidores nas redes sociais
4 MILH�ES
de seguidores no Spotify