Casar�es de BH se transportam em porto para grupos de teatro sem sede

A hist�ria do portugu�s Manoel Ant�nio de Carvalho se assemelha � de muitos imigrantes europeus que vieram tentar a sorte no Brasil. Com apenas 18 anos, ele atravessou o Atl�ntico, aportou em Santos, morou durante um tempo em S�o Paulo e no Rio de Janeiro e acabou se estabelecendo em Minas, onde as montanhas o faziam lembrar-se de sua terra natal, a aldeia de Vila Seca, distrito de Sever do Vouga, no Norte de Portugal.

Em 1951, o imigrante portugu�s iniciou a constru��o de sua resid�ncia no Bairro Cidade Jardim, em Belo Horizonte. O casar�o localizado na Rua Eduardo Porto s� ficou pronto em 1954 e at� hoje impressiona por sua impon�ncia. “Ele utilizou tudo de melhor na casa, o melhor acabamento, os materiais mais nobres. Seu Manoel viveu ali durante muitos anos. Quando faleceu, sua esposa j� estava muito velhinha e, em 2009, a casa foi transformada em Instituto Cultural Manoel Ant�nio de Carvalho ou Casa MAC”, conta Jana Baptista Jacques, diretora administrativo-financeira da institui��o, presidida pela arquiteta de interiores Norma Sueli de Souza.

A casa, cujos degraus da escadaria de entrada trazem versos e estrofes inteiras, tornou-se um espa�o dedicado n�o s� a manter viva a mem�ria do seu construtor, como tamb�m a promover atividades de car�ter art�stico e cultural. Lan�amento de livros, exposi��es, cursos e palestras est�o na programa��o. O local tamb�m passou a ser utilizado para atividades teatrais e de audiovisual, abrigando ensaios, apresenta��es de pe�as e filmagens cinematogr�ficas.

Um dos filmes recentes que utilizaram o casar�o como cen�rio � Lodo, do diretor Helv�cio Ratton, com roteiro baseado no livro hom�nimo do escritor Murilo Rubi�o (1916-1991). O lan�amento est� previsto para 2020. Durante 15 dias, foram rodadas na Casa MAC cenas passadas no consult�rio e na sala de recep��o do psiquiatra Dr. Pink, interpretado pelo ator Renato Parara. “A Casa MAC tem diversos ambientes diferentes. Al�m disso, temos um grande acervo de m�veis e objetos, que, na sua maioria, podem ser utilizados durante as grava��es,  como aconteceu com o longa do Ratton”, diz Jana.

Outro projeto importante j� realizado l� foi a resid�ncia art�stica da iniciativa Casa do Ator, comandada pelo ator, diretor e jornalista Jefferson da Fonseca. “Eles ficaram aqui dois anos dando cursos de forma��o e tamb�m gravando curtas-metragens. Alugar para essas a��es � tamb�m uma forma de gerar renda. Mas, de uns tempos para c�, diminuiu muito a produ��o nesse sentido, por causa dos cortes de verbas. Mas estamos abertos a todas as linguagens, inclusive passamos a alugar tamb�m para eventos corporativos, realiza��o de cat�logos de moda, fotos de noiva, gestantes”, afirma.

Outro casar�o que passou a ser refer�ncia para atores da cidade � a Casa Villeto, na Floresta. Ter um espa�o que abrigasse ensaios e pe�as era um desejo antigo do ator, produtor e gestor cultural Guilherme Villeto,  que alugou a casa de 220 metros quadrados pertencente � Funda��o Dom Bosco. “Ela estava fechada havia dois anos e uma das coisas que mais me chamaram a aten��o foi a varanda estilizada. � um espa�o amplo, com tr�s salas que podem ser utilizadas simultaneamente. A Funda��o acabou sendo nossa parceira e at� realizamos ali fotos e v�deos institucionais para eles”, conta Villeto.

O casar�o recebe oficinas, cursos, palestras, ensaios de montagens de companhias que n�o t�m sede pr�pria e, recentemente, serviu de base de produ��o da s�rie Hit parade, produ��o que deve estrear no ano que vem no Canal Brasil e foi integralmente gravada em Belo Horizonte. “Boa parte das filmagens aconteceram na sede da TV Alterosa, que � aqui perto. Ent�o, facilitou muito para eles. Ficaram seis meses aqui. Al�m de ter servido de local para teste de elenco e ensaios, era uma base de apoio onde ficava boa arte da equipe, al�m dos figurinos e cen�rios. Sou uma pessoa muito ligada ao audiovisual e acabou que a Casa est� virando exemplo nessa �rea tamb�m. Acho que � um dos nossos diferenciais”, diz o produtor.

Guilherme conta que, desde que era estudante (ele fez publicidade e teatro), j� queria ter um espa�o voltado para a cultura na cidade. Por causa desse interesse, fez uma p�s-gradua��o em gest�o de empreendimento cultural. A ideia agora � ampliar a ocupa��o da Casa Villeto. “Na verdade, s� estamos utilizando o primeiro andar. Queremos explorar o segundo andar e tamb�m o quintal, para ampliar nossas possibilidades. Um dos principais motivos de ter aberto a casa foi porque quando eu, trabalhando como ator, diretor ou produtor, precisava de um espa�o para essas atividades, n�o encontrava. A partir da� surgiu a ideia e a vontade de suprir essa falta no mercado mineiro.”

Tamb�m na Floresta, mas na Rua Ipiranga, o Espa�o Aberto Pierrot Lunar funciona h� 11 anos e, como o pr�prio nome sugere, � aberto a todo tipo de manifesta��o art�stica. “N�o s� o teatro, mas o cinema, a dan�a, a literatura. Isso sempre esteve presente na forma��o da nossa companhia. Receber projetos de outros grupos � uma forma de nos alimentar, nos estimular e tamb�m de experimentar a recep��o do p�blico de outras maneiras”, afirma o ator L�o Quint�o, um dos integrantes do Pierrot Lunar.

O espa�o j� serviu de loca��o para produ��es cinematogr�ficas, recebeu ensaios e prepara��es de filmes, espet�culos de outros grupos, al�m de atividades ligadas � dan�a, � m�sica, cursos, palestras e at� feiras de brech�s. Entre os projetos de audiovisual realizados no Pierrot Lunar destacam-se as grava��es de cenas da s�rie Mostra a tua cara, sobre oito personagens cujas vidas se entrela�am durante as jornadas de junho de 2013, exibidas em TVs educativas de todo o pa�s. Tamb�m foram gravados l� epis�dios da s�rie Afronta!, do canal Futura, em que representantes da juventude negra comentam suas trajet�rias e suas conquistas, e tamb�m o programa Cena inquieta, do Sesc TV, de S�o Paulo.

“Tamb�m tivemos curtas rodados aqui, al�m de ensaios, prepara��o de alguns filmes e at� teste de elenco de longas, como o Ar�bia (de Affonso Uchoa e Jo�o Dumans). Receber esse tipo de proposta � bom para todo mundo, al�m de ser uma forma de sobreviver e um desafio para todos n�s. Nosso slogan � e vai continuar sendo ‘Produzindo artes; promovendo encontros’.”

Aberto em 2016, o Centro de Refer�ncia da Juventude (CRJ) � um equipamento p�blico localizado na Pra�a da Esta��o que disponibiliza de forma gratuita estrutura para v�rias atividades, inclusive culturais. Ensaios, performances, apresenta��es, oficinas e reuni�es podem ser realizadas no local, que tem salas multiuso, sala did�tica, sala das artes com piso amortecido, est�dio com isolamento ac�stico (sem equipamentos), audit�rio com palco italiano e plateia com 230 lugares, teatro de arena, galerias e salas aqu�rio. A utiliza��o dos ambientes do CRJ � de gra�a e deve ser feita via agendamento eletr�nico. S� � permitida a realiza��o de atividades gratuitas. O uso dos espa�os � preferencial para projetos feitos por e para as juventudes. Mais informa��es pelo telefone (31) 3277-4356.

>> Instituto Cultural Manoel Ant�nio de Carvalho/Casa MAC

Rua Eduardo Porto, 612, Cidade Jardim. (31) 2555-5524.

>> Casa Villeto

Rua Urucuia, 36, Floresta. (31) 3245-0903.

>> Espa�o Aberto Pierrot Lunar

Rua Ipiranga, 137, Floresta. (31) 2514-0440.

>> Centro de Refer�ncia da Juventude (CRJ)

Rua Guaicurus, 50, Centro. (31) 3277-4356.