O mineiro Nelson Angelo chega muito bem ao fim de 2019. Aos 70 anos, ele escreveu 10 letras para um disco do amigo L� Borges, Rio da lua, viu seu LP gravado em 1972 com Joyce Moreno ser relan�ado, fez o �lbum de in�ditas Vitral do tempo e agora repassa cl�ssicos da carreira em O pensador. Como se n�o bastasse, em outubro, Caetano Veloso incluiu Fazenda durante apresenta��o do show Ofert�rio, em Belo Horizonte. “Vou cantar uma m�sica que considero uma das m�sicas mais lindas que existem”, disse o baiano.
“Dar um viva a Nelson Angelo e dizer que Fazenda � uma das can��es mais bonitas que existem � uma atitude pol�tica, no melhor dos sentidos. As pessoas n�o fazem isso, e ele � um cara consagrado. Foi como se eu tivesse ganho um pr�mio”, afirma Nelson. Fazenda � uma das 12 faixas de O pensador. Depois de Vitral do tempo, que saiu em junho, Nelson pensava em fazer um disco de releituras. Sylvio Fraga, da gravadora Rocinante, e o compositor Thiago Amud o procuraram com a mesma ideia. J� dispon�vel nas plataformas digitais, O pensador ter� edi��o em vinil prevista para 2020.
O grupo de base do disco � formado por velhos conhecidos: Luiz Alves (baixo), Robertinho Silva (percuss�o) e Esdra “Nen�m” Ferreira (bateria). Das 12 faixas, cinco foram gravadas por Milton, figura fundamental na carreira de Nelson. Os dois se conheceram nos anos 1960, em Belo Horizonte. “Ele � uma das pessoas mais importantes da minha vida. Foi a pessoa que viu as minhas qualidades musicais. Gosto muito das letras que ele fez para minhas can��es. Embora hoje em dia a gente n�o tenha mais contato, porque a vida vai levando, Bituca est� no meu cora��o.” Nelson participou de v�rios discos do amigo, incluindo Clube da Esquina.
O interior e a natureza do Brasil s�o mat�rias-primas essenciais da obra desse mineiro. Canoa, canoa, com letra de Fernando Brant, retrata a rotina do povo ind�gena av�-canoeiro. Em O pensador, a m�sica entra em vers�o instrumental, com Nelson dedicando-a “ao �ndio Fernando Brant”.
Ele sente falta de Brant, que morreu em junho de 2015, aos 68 anos. “Sempre que acontecia algo bom pra mim, Fernando era o primeiro a falar comigo”, relembra. A conviv�ncia com o �dolo Tom Jobim tamb�m ocupa lugar especial em suas mem�rias.
Jobim gostou de Tiro cruzado, parceria de Nelson e M�rcio Borges que tamb�m est� em O pensador, e a gravou no primeiro disco que fez com Mi�cha, em 1977. “� uma pena que n�o tenha guardado nenhuma foto com o Tom”, lamenta Nelson.