
Diva da Nouvelle Vague, Anna Karina, conhecida por seus pap�is nos filmes de Jean-Luc Godard, morreu no s�bado (14), aos 79 anos, em Paris, em decorr�ncia de um c�ncer. “O cinema franc�s ficou �rf�o. Perdeu uma de suas lendas”, lamentou o ministro da Cultura da Fran�a, Franck Riester, no Twitter.
Francesa de origem dinamarquesa, a atriz de rosto p�lido e grandes olhos azuis fez sete filmes com Godard na d�cada de 1960. Ela tamb�m se destacou no mundo da m�sica ao lado do lend�rio Serge Gainsbourg.

“Era uma artista livre e �nica”, afirmou o agente da atriz, Laurent Balandras. De acordo com ele, o diretor americano Dennis Berry, marido de Anna Karina, estava com ela no momento da morte.
CARONA A sensibilidade �mpar de Anna Karina foi gestada ainda na inf�ncia dela, na Dinamarca, entre a m�e distante, a av� falecida muito cedo e o av� que adorava. Menor de idade, a bela dinamarquesa chegou a Paris depois de pedir carona, j� com o prop�sito de ser atriz. Rapidamente, estreou como modelo. Foi Coco Chanel quem mudou seu nome verdadeiro, Hanne Karin Bayer, para Anna Karina.
Godard a descobriu em um an�ncio e lhe prop�s um pequeno papel em Acossado, com Jean Seberg e Jean-Paul Belmondo. Mas a jovem modelo rejeitou o convite para esse longa-metragem, que se tornaria um dos �cones da Nouvelle Vague.

Meses depois, o diretor a chamou para ser a protagonista de O pequeno soldado, filme sobre a guerra da Arg�lia. Nos bastidores, Karina e Godard iniciaram o romance que duraria v�rios anos.
A parceria rendeu sete filmes – entre eles, Uma mulher � uma mulher, que deu a Karina o pr�mio de melhor interpreta��o no festival de Berlim em 1962, Viver a vida e O dem�nio das onze horas, no qual ela contracenou com Jean-Paul Belmondo.
CIGARRO Em uma de suas entrevistas, Anna Karina revelou que o relacionamento com Godard foi “complicado”. “N�s nos am�vamos muito, mas era dif�cil viver com ele. Era algu�m que poderia dizer 'vou buscar um cigarro' e voltar depois de tr�s semanas. Naquela �poca, n�o havia smartphones nem secret�rias eletr�nicas”, contou.

O relacionamento dos dois foi marcado por uma trag�dia: a perda de um filho. A �ltima vez que o casal m�tico se viu foi h� mais de 20 anos. Desde ent�o, n�o houve contato. “Ele est� na Su��a e n�o abre a porta”, revelou a atriz em entrevista � ag�ncia AFP em 2018. “N�o, n�o fico triste. Afinal, � a vida dele”, garantiu.
Atriz fetiche de Godard, Anna Karina trabalhou com o cineasta Jacques Rivette (A religiosa), mas n�o filmou com Claude Chabrol e Fran�ois Truffaut, outros nomes de ponta da Nouvelle Vague. “Era a mulher de Jean-Luc. Isso certamente lhes dava um pouco de medo”, admitiu ela.
Em 1973, a atriz dirigiu seu primeiro filme, Vivre ensemble, hist�ria de amor em meio a drogas e �lcool. “� um retrato da minha juventude. Vi pessoas ao meu redor afundarem e morrerem”, comentou.
Depois de Godard, a atriz se casou com os cineastas Pierre Fabre, Daniel Duval e o americano Dennis Berry, marido dela desde 1982.
Como cantora, fez sucesso, em 1967, com Sous le soleil exactement, de Serge Gainsbourg, tema do telefilme musical Anna, dirigido por Pierre Koralnik.