A palavra amor pode ser traduzida como sevgi em turco e szerelem em h�ngaro – mas ser� que o conceito tem o mesmo significado para os falantes dessas l�nguas assim como no portugu�s, por exemplo?
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) em Chapel Hill e do Instituto Max Planck para a Ci�ncia da Hist�ria Humana usaram nova ferramenta em lingu�stica comparada para examinar conceitos emocionais em todo o mundo. Descobriram que a maneira como pensamos em coisas como raiva, medo ou alegria depende do nosso idioma.
O artigo se baseou em dados de quase 2.500 idiomas, dos grandes com milh�es de falantes at� os pequenos com milhares, e foi publicado na revista Science.
�s vezes, as palavras usadas para descrever emo��es s�o t�o �nicas, que parecem estar enraizadas exclusivamente em determinada cultura. A palavra alem� Sehnsucht, que se refere a um forte desejo por uma vida alternativa, n�o tem tradu��o para o portugu�s. Assim como awumbuk, usada pelo povo Baining da Papua-Nova Guin� para descrever sentimentos de apatia ap�s partida de convidados.
Mas muitos outros estados emocionais s�o nomeados em todas as l�nguas, levando os cientistas a se perguntarem o qu�o pr�ximo seus significados realmente s�o. Para abordar a quest�o, a equipe contou com palavras colexificadas, termo usado para quando uma palavra tem mais de um significado e os diferentes sin�nimos s�o vistos pelos falantes dessa l�ngua como conceitualmente semelhantes.
Por exemplo, a inglesa funny pode significar engra�ado e tamb�m estranho. Em russo, ruka vale tanto para a m�o quanto para o bra�o; em japon�s, ki pode significar tanto �rvore quanto madeira e, em franc�s, femme significa mulher e esposa.
Os pesquisadores constru�ram redes de conceitos emocionais colexificados e os compararam entre idiomas e fam�lias de idiomas, descobrindo que as palavras variavam bastante em suas nuances, mesmo que sua representa��o fosse igualada nos dicion�rios de tradu��o. Nas l�nguas austron�sias (de ilhas do sudeste asi�tico e do Pac�fico), por exemplo, surpresa estava estreitamente associada a medo, enquanto nas l�nguas Tai-Kadai do sudeste da �sia e sul da China, surpresa equivalia a esperan�a e desejo.
EMO��ES PRIM�RIAS “Nem toda fam�lia de idiomas parece ver emo��o da mesma maneira que a outra, e essa � uma descoberta realmente importante em uma escala t�o grande”, contou Kristen Lindquist, professora associada de psicologia e neuroci�ncia da UNC-Chapel Hill e principal autora do artigo.
A an�lise constatou que as fam�lias de idiomas com colexifica��es semelhantes estavam perto em proximidade geogr�fica, sugerindo que a varia��o poderia estar ligada a padr�es de com�rcio, conquista e migra��o. No entanto, houve tamb�m algumas descobertas universais: todas as l�nguas distinguiram emo��es com base no fato de serem agrad�veis ou desagrad�veis, e se envolvem n�veis altos ou baixos de excita��o.
Isso apoia a ideia de que certas emo��es prim�rias s�o conectadas aos c�rebros de mam�feros, as quais os humanos acrescentaram ao longo de mil�nios por meio de novas experi�ncias que passaram a nomear. “A maneira como nomeamos e comunicamos emo��es tem sido uma parte importante desse processo e � por isso que temos tanta diversidade na maneira como expressamos emo��es hoje”, explica Joshua Jackson, estudante de doutorado da UNC-Chapel Hill e principal autor. (AFP)