
� totalmente diferente de tudo que lancei antes. E a galera t� curtindo e compartilhando
Clara Lima, rapper
Fernanda Gomes
At� o final do ano, lan�ar um single e um videoclipe por m�s. Esta � a meta de Clara Lima. “Estou quebrando a cabe�a para saber como produzir”, confessa a cantora e rapper mineira, de 20 anos. Apesar da impossibilidade de reunir a equipe por causa do isolamento social, Clara garante: n�o vai desistir. “A gente faz de casa mesmo, com celular e interagindo com o p�blico.”
O primeiro clipe chegou ao YouTube e �s plataformas digitais no �ltimo dia 10. V.B.S V.B.D foi criado com a ajuda dos f�s, que gravaram v�deos dan�ando e enviaram para ela. Clara se inspira na rapper americana Young M.A. “Ela � minha maior refer�ncia. At� as trancinhas dela s�o parecidas com as minhas”, comenta.
O maior desafio � produzir can��es e v�deos sem ter contato pessoal com os parceiros e colaboradores. “� totalmente diferente de tudo que lancei antes. E a galera t� curtindo e compartilhando”, comemora.
V.B.S V.B.D marca a nova fase da carreira da rapper. “Estava superansiosa para saber o que achariam. As pessoas me conheciam por ter essa marra... Mas agora � um bagulho mais cora��o e sentimento.”
Assim como Selfie, lan�ada no final de 2019, a novidade � mais mel�dica. “Quando eu vim para S�o Paulo, conheci v�rias pessoas que admirava. Essa viv�ncia est� me ajudando a mudar”, revela.
Clara mora h� cerca de um ano na capital paulista, depois de fechar contrato com a gravadora de rap Ceia Ent. “Me mudei para uma casa nova, ainda estou ajeitando as coisas”, diz, ao falar de sua rotina na quarentena. Ela enfrenta o isolamento social ao lado da namorada, Mariana Clara. “Est� sendo entre tapas e beijos”, brinca. “Mas � bom, porque quem est� passando sozinho deve estar sofrendo um pouco mais.”
DUELO
Moradora do Bairro Ribeiro de Abreu, na Regi�o Nordeste de BH, Clara come�ou a fazer rap aos 14 anos. Logo se destacou nas batalhas de rimas. Em 2015, aos 16, foi finalista do Duelo de MCs nacional, realizado debaixo do Viaduto de Santa Tereza. Um um dos talentos do coletivo DV Tribo, ao lado de Djonga, FBC e Hot & Oreia, a mineira est� entre os destaques da nova gera��o do rap brasileiro.
DV Tribo foi desfeito em 2018, quando os integrantes passaram a se dedicar � carreira solo. “A gente t� sempre se falando e trocando ideias. Mas, pelo menos por agora, n�o temos ideia de voltar”, revela.
L�ngua afiada nos duelos, em que oponentes improvisam as rimas sob aplausos ou vaias do p�blico, Clara n�o se dedica mais a essa modalidade. “Parei de batalhar h� muito tempo. A batalha foi o meu primeiro passo, abriu as portas para mim”, diz.
Quando come�ou a duelar, as equipes eram compostas principalmente por homens. Clara jamais se curvou ao machismo do hip-hop. “Tive a sorte da Fam�lia de Rua me abra�ar desde o in�cio”, conta, referindo-se ao coletivo que promove o Duelo de MCs . “Sempre foi assim, sete meninos e eu de menina. Est� melhorando, mas ainda tem muito a melhorar. Para as minas que vieram antes de mim deve ter sido mais dif�cil. Espero que para quem vier agora seja mais f�cil. A gente � foda”, diz.
Um pouco da trajet�ria dessa mineira est� em Selfie – o document�rio, dirigido por Rasputines, lan�ado em mar�o. “� sempre bom relembrar a nossa base, a nossa raiz. Foi uma caminhada longa, seis anos, cada degrau foi feito com muito amor e carinho”, afirma. O minidocument�rio est� dispon�vel na p�gina da Ceia Ent no YouTube.
Selfie n�o � o primeiro filme de Clara. Em 2017, o curta Nada, protagonizado por ela, dirigido por Gabriel Martins e assinado pela produtora Filmes de Pl�stico, foi exibido no Festival de Cannes, na Fran�a. “Foi chique demais! Na verdade, nem sabia o que era Festival de Cannes. Fiquei sabendo quando contei para minha m�e e ela foi pesquisar o que era”, diverte-se.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria