
“Recomendo que fiquem em casa. N�o � f�cil, mas vamos fazer o poss�vel. Vamos colaborar para ver se isso passa mais r�pido.” O apelo vem de Dona Jandira, de 81 anos. A cantora aproveita o isolamento social para fazer artesanato, catalogar fotos de suas apresenta��es e assistir a shows ao vivo nas redes sociais.
Conhecida por ser bastante ativa e detestar ficar parada, Dona Jandira destaca a import�ncia da quarentena para deter o avan�o do novo coronav�rus: “Estou quietinha no apartamento, inventando moda para ocupar o tempo”.
Os novos tempos imp�em desafios. “Estou procurando me adaptar, sen�o n�o dou conta. Queria fazer trabalho volunt�rio, mas n�o posso por causa da idade”, lamenta. Dona Jandira deixa o apartamento onde mora, na Avenida Augusto de Lima, no Centro de BH, apenas para almo�ar e fazer compras estritamente necess�rias.
A cantora n�o tem os equipamentos adequados para apresentar shows on-line, mas gosta bastante das lives de artistas brasileiros e estrangeiros. “Acompanho tudo pelo computador, celular, WhatsApp. T� ficando bem moderna”, brinca.
O isolamento exige paci�ncia. “Receber a liga��o de uma amiga durante a quarentena � como beber �gua no deserto”, compara. O mais complicado � n�o poder sair nos fins de semana para cantar e encontrar os amigos. “Se n�o pode sair, n�o pode! Temos que contribuir”, aconselha.
“Fico muito preocupada com mulheres que t�m 50, 60 anos e param (de trabalhar). Viver n�o � isso. Falo por mim, n�o tenho f�rmulas. Comecei aos 64 anos, nem sabia o que era um palco profissional. Minha vida antes era outra”, diz, referindo-se ao in�cio de sua carreira.
ATREVIMENTO
Dona Jandira ingressou no mundo da m�sica aos 64 anos, descoberta por um produtor durante um teste para o coral de uma pequena comunidade mineira. “De repente, virei cantora. E nunca deixei de dar conta do recado”, orgulha-se.“Uma senhora de 64 anos tomar esse atrevimento? Costumo falar que sou audaciosa”, brinca ela, agradecendo �s pessoas que a apoiam e participam de seus shows. “Os mineiros me aceitaram de uma forma impressionante”, agradece.
Alagoana, a cantora � pedagoga aposentada e mora em Minas Gerais h� d�cadas. Citando Eu sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Onde anda voc� (Vinicius de Moraes e Hermano Silva) e Gente humilde (Chico Buarque, Garoto e Vinicius) como suas can��es favoritas, avisa: “M�sica n�o � antiga, n�o tem idade. Voc� ouve hoje, amanh� e n�o sei daqui a quantos anos.”
Ao falar de seu of�cio, garante: “N�o sou exibida, sou aut�ntica. Fa�o o que sei da forma que sei. � o dom que Deus me deu”. Entre os momentos mais marcantes da carreira, Dona Jandira aponta a participa��o no festival Exib M�sica, em 2016, na cidade portuguesa de �vora.
“Sou uma senhora simples. Voc� acha que preciso falar mais alguma coisa? Quero aproveitar at� o final, at� quando puder. Mas sem exagero”, conclui.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria