
Ainda que a pandemia do novo coronav�rus tenha colocado, nesta primeira metade de 2020, grande parte do mundo vivendo pela primeira vez a experi�ncia de ter que se confinar em casa para se proteger de uma amea�a invis�vel, essa situa��o n�o � estranha no cinema. Como testemunha da hist�ria, a s�tima arte oferece algumas li��es de sobreviv�ncia para a situa��o atual.
Janela indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock, talvez seja o filme definitivo sobre estar apartado da sociedade, ainda que inserido nela, assistindo e pontuando as idiossincrasias que a ela pertencem.
O roteiro � bastante simples: o fot�grafo profissional L. B. Jefferies (James Stewart) fica impedido de sair de seu apartamento por conta de uma perna quebrada. Como bom voyeur que sua profiss�o requer que seja ele passa a espionar os vizinhos pela janela, at� se convencer de que um deles assassinou a pr�pria esposa, vivida por Grace Kelly. Conclus�o: mente vazia, oficina do diabo.
O isolamento que John Hughes retrata em Clube dos cinco (1985) �, de certa forma, social. Detidos na biblioteca em uma tarde de s�bado, Andrew (Emilio Estevez), Brian (Anthony M. Hall), John (Judd Nelson), Claire (Molly Ringwald) e Allisson (Ally Sheedy) pertencem a diferentes grupos de uma mesma escola e, n�o fosse pelo fato de estarem isolados de seus cong�neres, provavelmente n�o estabeleceriam contato um com o outro.

Ao som da memor�vel Don't you (Forget about me), do Simple Minds, o filme � a realiza��o do discurso de que, ap�s a pandemia, o mundo tende a ser um lugar melhor (ou bem diferente). Pelo menos � o que ocorre com esses cinco adolescentes. Conclus�o: fa�a do lim�o uma saborosa limonada.
Com uma atua��o primorosa de Brie Larson, O quarto de Jack (2015), de Lenny Abrahamson, n�o � um filme exatamente f�cil de tra�ar um paralelo com a realidade atual, visto que a protagonista, Joy, est� isolada por estar em cativeiro, onde tenta manter sua sanidade mental e a de seu filho, Jack (Jacob Tremblay).

Antes de os dois alcan�arem a t�o almejada liberdade, impressiona a capacidade inventiva dessa m�e, que, para distrair o menino da cruel realidade a que os dois est�o submetidos, constr�i uma narrativa que ela consegue sustentar por sete anos. Conclus�o: n�o h� limites para a criatividade. D� asas � imagina��o.
Outro cen�rio desolador, ainda que mais esperan�oso, talvez pelo teor irreal da hist�ria, est� retratado em Perdido em Marte (2015), de Ridley Scott. No filme, o cientista Mark Watney (Matt Damon) � dado como morto durante uma miss�o da Nasa no planeta vermelho e deixado para tr�s por seus companheiros de viagem.
No entanto, contrariando todas as probabilidades, ele est� e se mant�m vivo at� que o resgate � enviado para salv�-lo. Conclus�o: o imposs�vel (�s vezes) acontece.

Mais recentemente, o tema do isolamento esteve presente em O farol (2019). Dirigido por Robert Eggers e estrelado por Willem Dafoe e Robert Pattinson, o longa-metragem mostra dois homens de diferentes gera��es obrigados a conviver em uma remota ilha da Nova Inglaterra.

A solid�o compartilhada entre eles causa tens�o e, em meio a tempestades e goles de aguardente, o mais novo tenta desvendar os mist�rios que existem nas hist�rias do mais velho, provando que, sim, estar apartado da sociedade pode levar as pessoas � loucura. Conclus�o: fique em casa, lave as m�os e cuide da sua cabe�a!
