Maur�cio Cangu�u cai, e Fabiane Aguiar assume a Funarte em Minas

A dan�a das cadeiras na Funda��o Nacional de Artes (Funarte), at� aqui uma constante na gest�o Jair Bolsonaro (sem partido), teve novas rodadas nesta semana. Nesta ter�a-feira (5), foi anunciada a recondu��o (e mais tarde a anula��o da medida) do maestro Dante Mantovani � presid�ncia da institui��o federal.

Mantovani voltaria ao cargo dois meses depois de ter sido exonerado pela secret�ria especial da Cultura, Regina Duarte. A nomea��o, � revelia da atriz que carrega o t�tulo de eterna namoradinha do Brasil, indica que sua rela��o com o presidente passa por uma crise e que talvez o “casamento” que ambos propalaram tenha sido rel�mpago.

Ap�s a anula��o do retorno de Mantovani ao cargo por Bolsonaro, uma conversa dele com Regina Duarte � aguardada em Bras�lia para discutir a rela��o. O presidente havia manifestado desagrado com o fato de a secret�ria de Cultura estar trabalhando em S�o Paulo durante a pandemia do novo coronav�rus. A atriz tem 74 anos.

Em Minas Gerais, a cadeira da Funarte ter� nova dona a partir de hoje. A atriz Fabiane Souza Aguiar Michel � a nova representante regional da institui��o. Ela substitui o ator e diretor Maur�cio Cangu�u, exonerado no �ltimo dia 29 de abril, nove meses depois de ter assumido o cargo.

A posse de Fabiane est� prevista para esta quarta-feira (6). Ela confirmou ao Estado de Minas que esta ser� sua primeira experi�ncia na gest�o p�blica.

No meio teatral, houve alguma surpresa com a troca de comando, j� que a atriz n�o � um nome t�o conhecido no meio, e Cangu�u n�o tinha inten��o de interromper o trabalho que vinha desenvolvendo. O ator conta que recebeu um telefonema da colega na segunda-feira passada (4) para que ele a colocasse a par da situa��o da Funarte. Ele afirma que n�o a conhecia.

Fabiane Aguiar � graduada em psicologia pelo Centro Universit�rio Newton Paiva e formada pelo Teatro Universit�rio UFMG. Sua experi�ncia teatral mais recente, ocorrida h� um ano, esteve em cartaz na Funarte.

Dirigido por Marcelo do Valle, o espet�culo Os outros, baseado na obra Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre, fez curta temporada em um dos galp�es da Rua Janu�ria, em abril do ano passado.

Entre as montagens de que ela participou est�o Mulheres de Hollanda (2007) e A paix�o segundo Shakespeare (2016), ambas dirigidas por Pedro Paulo Cava no Teatro da Cidade; Como matar a m�e – 3 atos (2013), que encenou ao lado de L�o Kildare Louback e Soraya Martins no Teatro Jo�o Ceschiatti do Pal�cio das Artes; e O homem que chovia (2011), dire��o de Jair Raso para a companhia de teatro Caixa de F�sforos.

Nas redes sociais, Fabiane se apresenta como atriz, psic�loga e terapeuta hol�stica. No v�deo O sucesso pode ser leve!, publicado no YouTube em 3 de dezembro de 2019, ela d� dicas de como lidar com uma carreira bem-sucedida. “Quando a gente sente que o sucesso � s� nosso, por m�rito apenas nosso, realmente fica pesado”, afirma.

“Gra�as a pessoas que viveram antes de n�s, estamos aqui tendo a oportunidade de cumprir com o que nos � destinado”, explica no v�deo. Para ela, � necess�rio “dividir o sucesso”.

“D� gratid�o a tudo o que foi feito antes de voc� chegar, abrace o sucesso e tudo o que o universo tem a oferecer, honrando toda a sua ancestralidade”, aconselha no v�deo.

Cangu�u, que estava � frente da Funarte-MG desde 5 de agosto de 2019, ficou sabendo de sua exonera��o pelo Di�rio Oficial. “O Marcos Teixeira, que era o presidente interino, me ligou falando que tinha ficado sabendo da mesma maneira que eu. Foi uma coisa direta do Minist�rio (do Turismo, a quem a Funarte � subordinada). N�o se sabe de quem”, afirma.

Mesmo pego de surpresa, Cangu�u assume que esperava por sua sa�da desde mar�o, quando o ent�o diretor-executivo da Funarte, Le�nidas de Oliveira (mineiro, ex-presidente da Funda��o Municipal de Cultura na gest�o M�rcio Lacerda e no in�cio da administra��o Alexandre Kalil), que o havia levado para a institui��o, foi exonerado de surpresa.

“Meu foco � a cultura, n�o tenho nada a ver com pol�tica. Sem querer entrar no m�rito, sou pequeno demais para entrar nesta discuss�o. Sou ator, artista”, diz Cangu�u.

Le�nidas de Oliveira deixou a Funarte junto com Mantovani, assim que Regina Duarte entrou na Secretaria Especial de Cultura, ap�s negociar “carta branca” com o chefe do Executivo para montar sua equipe.

At� o maestro ser reconduzido, ontem, � presid�ncia da institui��o, o cargo de diretor-executivo foi ocupado por Luciano da Silva Barbosa Querido, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Nos nove meses que ficou � frente da Funarte-MG, Cangu�u acredita ter realizado “v�rias pequenas coisas legais”. Entre elas, o in�cio de uma reforma da edifica��o hist�rica, de mais de um s�culo, tombada pelo patrim�nio hist�rico.

As portas foram consertadas, e um projeto, segundo ele j� assinado com a UFMG, prev� uma “grande revitaliza��o”, com nova bilheteria, pintura do muro e da passarela. “Dois dias antes de fecharmos (em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus), a Prefeitura asfaltou a Rua (Janu�ria). O muro j� est� pronto para receber pintura de artistas pl�sticos. � importante tirar a sensa��o de medo do local, que era uma reclama��o da categoria.”

Na opini�o de Cangu�u, a Funarte tem um vi�s “muito art�stico, �s vezes um pouco herm�tico”. Sua inten��o era transformar o espa�o “em um produto que pudesse colocar nossos artistas trabalhando”.

A menina dos olhos do ex-gestor era a cria��o de um est�dio para promover oficinas de interpreta��o de v�deo. O projeto estava em vias de sair do papel quando Mantovani e Oliveira foram exonerados.

Por ora, a Funarte, que tem cerca de 30 funcion�rios – entre servidores e terceirizados – est� em trabalho remoto, at� 20 de maio. Uma das tr�s representa��es regionais da funda��o – as outras s�o em Bras�lia e em S�o Paulo – o bra�o mineiro da institui��o conta com cinco galp�es para apresenta��es art�sticas e uma �rea livre que comporta at� 1,2 mil pessoas. Mas n�o tem autonomia para definir sua atua��o. Todas as orienta��es v�m da presid�ncia da institui��o, localizada na sede, no Rio de Janeiro.

Sou atriz de teatro h� quase 20 anos e completamente apaixonada pelo que fa�o, pelo teatro e pela arte. Sinto que � uma alegria enorme e uma grande honra ter a chance de contribuir para o desenvolvimento do setor neste momento da minha vida. E fazer isto estando fora dos palcos � novo e desafiador e motiva muito. 

Esta ser� minha primeira oportunidade na administra��o p�blica. Apesar disso, sinto-me preparada para este desafio. J� realizei diversos trabalhos em parceria com �rg�os p�blicos, mas ainda n�o havia atuado na gest�o p�blica.

N�o. N�o o conheci.

A equipe atual que comp�e a Funarte me parece bastante eficiente. Estou conhecendo as pessoas aos poucos. Acredito que iremos desenvolver um bom trabalho, dando continuidade aos projetos que vinham sendo desenvolvidos e apresentando novas propostas. Para mim, o segredo do sucesso est� em trabalhar com pessoas que tenham conhecimento na �rea, capacidade de trabalhar em equipe e sejam bem-humoradas e dispostas.

A minha forma��o em psicologia e minha experi�ncia com terapias alternativas me ajudam a lidar com o ser humano de maneira mais leve. Sinto que consigo acessar as pessoas com mais facilidade e me permito ser aut�ntica diante delas tamb�m. � uma troca bastante natural para mim. Os recursos terap�uticos me auxiliam na manuten��o do equil�brio e bem-estar. Ter sa�de mental � fundamental. Inclusive fica aqui uma dica: todos deveriam se cuidar nesse sentido.

Admiro tantas pessoas no mundo da arte que seria at� uma indelicadeza indicar nomes.

� o mesmo caso da pergunta anterior. S�o muitos �dolos. Mas, se tivesse de indicar apenas um que se destaca, para mim seria Charles Chaplin.

N�o. Sempre tirei grandes aprendizados de todos os trabalhos de  que participei.

Que a arte passe a ter mais valor e apre�o na nossa sociedade.