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Estado de Minas AGLOMERADO DA SERRA

L� da Favelinha enfrenta o coronav�rus com muito trabalho

Instituto cultural instalado no Aglomerado da Serra, a maior favela de Minas oferece aulas de dan�a on-line, prepara batalha de passinho na internet, produz m�scaras e distribui cestas b�sicas


postado em 10/05/2020 04:00

Fernanda Gomes* 
Batalha de passinho, que mobiliza jovens dançarinos de BH, vai ganhar versão on-line durante o isolamento social(foto: Pablo Bernardo/divulgação)
Batalha de passinho, que mobiliza jovens dan�arinos de BH, vai ganhar vers�o on-line durante o isolamento social (foto: Pablo Bernardo/divulga��o)

“T� todo mundo superdisposto. Melhor dan�ar dentro de casa do que n�o dan�ar.” Essa anima��o toda vem de Kdu dos Anjos, gestor do Instituto L� da Favelinha, que funciona no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. O mundo parou, mas o centro cultural est� a todo vapor, oferecendo aulas de dan�a on-line, produzindo jalecos e m�scaras, arrecadando e distribuindo cestas b�sicas.

“Estou trabalhando at� mais do que antes da quarentena. Trabalho bem pela internet, consigo resolver tudo l�”, comemora Kdu. A Favelinha, como o instituto � chamado, tem despertado a aten��o do mundo. M�scaras criadas por costureiras de BH foram parar na live que reuniu Lady Gaga, Paul McCartney, Rolling Stones e Stevie Wonder, entre outros superastros da m�sica, em 18 de abril.

Antes disso, a garotada da Serra havia exibido os coloridos acess�rios anticoronav�rus em reportagem do jornal americano The New York Times, nas fotos assinadas por Douglas Magno. Depois, as imagens chegaram ao londrino The Guardian.

A entidade belo-horizontina chama tamb�m a aten��o na cena fashion. Mant�m o projeto Remexe Favelinha, ateli� que re�ne as costureiras do Aglomerado da Serra, promovendo desfiles tanto nos becos da comunidade quanto em eventos de moda. Jovens moradores s�o top models da grife.

Trabalho n�o falta no centro cultural instalado na maior favela de Minas. “Na primeira semana, n�s nos disponibilizamos para produzir, de forma volunt�ria, jalecos para os trabalhadores da sa�de. Uma das costureiras fez a m�scara como um mimo para esses profissionais. Postei a foto nas redes sociais, uma empresa viu e pediu mais. Depois, come�aram a fazer mat�rias e bombou”, conta Kdu.

Vendidas on-line pelo instituto (@ladafavelinha), as m�scaras t�m pre�o em conta (R$ 5 a unidade). As recomenda��es sanit�rias s�o seguidas cuidadosamente. O pagamento se d� via cart�o ou dep�sito banc�rio, para preservar os motoboys encarregados de levar a mercadoria.

(foto: Mariana Rodrigues/divulgação)
(foto: Mariana Rodrigues/divulga��o)

Vamos nos adaptando para gerar conte�do e entretenimento, principalmente para os jovens da comunidade%u201D

Kdu dos Anjos, gestor do L� da Favelinha

AULAS 

As redes sociais s�o aliadas da Favelinha, que, mesmo durante o isolamento social, mant�m seus projetos ligados � dan�a. As aulas v�m sendo transmitidas pelo Instagram – o acesso custa R$ 10. Quem colabora com os projetos de financiamento virtual do centro de cultura n�o paga.

Kdu planeja uma novidade: a batalha de passinho on-line. Antes de o coronav�rus impedir a circula��o de pessoas, jovens dedicados a essa modalidade de dan�a – que mescla hip-hop, samba e frevo – participavam de animados concursos nas ruas, teatros e espa�os de cultura. Agora, o palco ser� a internet.

“� uma forma de movimentar o projeto, que est� aprovado na Lei de Incentivo � Cultura”, explica o gestor. Segundo ele, os dan�arinos j� concordaram em participar. O vencedor levar� o pr�mio de R$ 5 mil. “Todos est�o animados com a ideia”, conta. O pr�ximo passo � obter o sinal verde da prefeitura da capital. “Acho que vai dar certo. Confesso que n�o � o que eu queria, pois queria fazer a batalha presencial. Mas n�o � o momento. Todos temos de nos cuidar”, diz.

O gestor do L� da Favelinha diz que � preciso conviver com os novos tempos. “Vamos nos adaptando para gerar conte�do e entretenimento, principalmente para os jovens da comunidade”, ressalta Kdu.

Outra frente de a��o � o apoio a fam�lias do aglomerado. A maioria delas perdeu renda ap�s a decreta��o do confinamento. Kdu e colaboradores trabalham remotamente para recolher e distribuir alimentos e produtos de higiene.

Máscaras produzidas em BH ganharam destaque no jornal The New York Times (foto: DOUGLAS MAGNO/REPRODUÇÃO)
M�scaras produzidas em BH ganharam destaque no jornal The New York Times (foto: DOUGLAS MAGNO/REPRODU��O)
DISCO 

Al�m de coordenar as atividades do centro cultural durante a quarentena, o gestor da Favelinha aproveita os dias de isolamento social para trabalhar em seu novo disco de rap. Por causa disso, h� 15 dias ele mora no est�dio de grava��o com um amigo, produtor musical.

“T� sendo tranquilo. Ele est� l� no est�dio 'fritando', eu fico por conta dos e-mails, mensagens, limpeza e comida. O que pesa mais � a vontade de sair, ver gente e abra�ar”, afirma o rapper.

Desde a cria��o do L� da Favelinha, Kdu deixou sua carreira musical em segundo plano. O novo �lbum ser� o primeiro trabalho dele em seis anos. “Nesse disco, trago bastante a reflex�o sobre o tempo das coisas e a velocidade como tudo acontece hoje em dia”, adianta.

“Tem uma can��o bem forte, que fala sobre o genoc�dio da juventude negra. Ela � baseada na hist�ria de uma crian�a que cresceu comigo e foi assassinada numa disputa entre gangues”, conta Kdu. A m�sica se chama Thiaguinho. De acordo com ele, o disco ter� composi��es rom�nticas, cr�ticas e “algumas viagens”.

Criado em 2015, o L� da Favelinha, inicialmente, funcionaria como oficina de rap e biblioteca em um pequeno im�vel no Aglomerado da Serra. Ao perceber as perspectivas promissoras do projeto, Kdu dos Anjos se juntou aos amigos para criar o instituto.

Atualmente, a institui��o atende cerca de 500 pessoas, oferecendo 16 oficinas semanais de arte e educa��o, al�m de gerar renda para 70 moradores da comunidade.

*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria

CAMPANHA

O cancelamento de shows e eventos trouxe preju�zos para o Instituto L� da Favelinha, que lan�ou projeto de financiamento coletivo para pagar as contas e os colaboradores. “Estamos trabalhando em home office, gerenciando as doa��es que recebemos”, explica o gestor Kdu dos Anjos. As doa��es podem ser feitas pelo link evoe.cc/ladafavelinha.


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