
“N�o d� para passar a vida toda trabalhando e pagando boleto. Se n�o fosse o escritor, o m�sico, o roteirista, o editor, como estar�amos agora? Hoje, a import�ncia do artista est� muito clara no cora��o de todo mundo”, afirma o maestro Rodrigo Toffolo, de 43 anos.
Fundador, diretor art�stico e regente titular da Orquestra Ouro Preto, ele passa a quarentena ao lado dos pais, Ronaldo e Mar�lia, que j� s�o idosos. “Est� sendo uma aventura boa. Ficamos n�s tr�s batendo papo, decidindo o filme para ver juntos, conversando sobre o que vai ser do mundo”, conta ele.
A “aventura” dos Toffolo, ali�s, j� teve um susto. “Minha m�e subiu na cadeira para limpar teia de aranha e caiu de costas no ch�o. A �nica parte boa � que os hospitais de Ouro Preto est�o vazios e conseguimos fazer raio X e resson�ncia rapidamente”, comenta. Dona Mar�lia, de 67 anos, “ganhou” uma leve fissura na coluna e agora precisa ficar em repouso.
Embora feliz por poder passar algum tempo cuidando dos pais, o m�sico pondera que as coisas n�o t�m sido f�ceis. “Somos seres sociais, n�o fomos feitos para ficar dentro de casa. Por mais conforto que voc� tenha, isso pesa muito”, desabafa.
Para tentar enfrentar a quarentena da melhor forma poss�vel, Rodrigo se dedica aos projetos da Orquestra Ouro Preto e a concluir sua tese sobre o compositor mineiro Jo�o de Deus, que viveu no s�culo 19. “Aproveito para olhar para ela um pouquinho”, comenta, referindo-se � tese. “O processo � um pouco sofrido, mas j� est� 95% pronta”, comemora.
Como todos corpos art�sticos, a orquestra vem se adaptando aos tempos. “O desafio n�o � s� cativar as pessoas. Fomos os primeiros a parar e vamos ser os �ltimos a voltar. A paci�ncia � importante neste momento”, diz, referindo-se ao fato de que os concertos, por aglomerar pessoas na plateia, n�o ser�o liberados t�o cedo. Mesmo assim, ele j� planeja as pr�ximas apresenta��es ao ar livre da Ouro Preto.
Devido ao isolamento social, as a��es do grupo se voltam totalmente para o ambiente virtual. “Tempos como estes nos mostram que temos de ter paix�o. A m�sica significa o pr�prio ar que respiramos”, diz Rodrigo Toffolo. “De repente, essa pandemia apareceu e fez a gente revirar o ba�.”
Os “guardados” desse ba� t�m alimentado as p�ginas da orquestra nas redes sociais. Conte�dos que n�o haviam sido postados chegam agora ao p�blico. � o caso de Latinidade, o primeiro disco da orquestra, gravado em 2006. “Por que n�o lancei isso antes?”, pergunta Toffolo, aos risos.
Professor de m�sica na orquestra, ele explica que as aulas migraram para o ambiente on-line, o que representa outro desafio. “M�sica tem de ser presencial. Aula a dist�ncia funciona por um per�odo, mas nunca vai substituir a presen�a”, defende.
Na sexta-feira (15), a Orquestra Ouro Preto lan�ou edital com vagas para dois percussionistas-bolsistas. “O processo � bem simples, porque ningu�m tem tempo de complicar muito agora”, diz o maestro. Voltadas para instrumentistas de 18 a 28 anos, as inscri��es poder�o ser feitas at� 25 de maio.
ORQUESTRA OURO PRETO
Confira concertos no canal oficial do grupo no YouTube. H� clipe dedicado a Vivaldi, recital com repert�rio dos Beatles, apresenta��o com Alceu Valen�a e o projeto M�sica para Cinema
*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria