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Estado de Minas QUARENTENANDO

Dudude Herrmann espalha amor e afeto na quarentena

Dan�arina e core�grafa faz bolos que divide com os vizinhos, al�m de defender uma onda de boas palavras


postado em 26/05/2020 04:00

Fernanda Gomes*
Dudude Herrmann, que passa a quarentena em Casa Branca, em Brumadinho, procura estreitar seu contato com a natureza (foto: Frederico Herrmann /divulgação)
Dudude Herrmann, que passa a quarentena em Casa Branca, em Brumadinho, procura estreitar seu contato com a natureza (foto: Frederico Herrmann /divulga��o)

"Leia livros, escreva, treine suas capacidades. Todos n�s somos capazes e temos condi��es de mudar a rota da nossa vida"

Dudude Herrmann, bailarina e core�grafa


“A maioria de n�s nem pensava em passar por este momento hist�rico. O foco dele (coronav�rus) est� nos humanos. Ent�o, tem muito espa�o para a gente refletir e pensar sobre isso: qual � o recado que a pandemia t� dando para n�s, principalmente para o nosso querido e amado Brasil?”, afirma a dan�arina, core�grafa, escritora e professora Dudude Herrmann.

Para Dudude, a pandemia escancara os problemas sociais do Brasil e a pobreza das pessoas. “N�o a pobreza do verbo ter, mas da dignidade do ser humano. A gente v� grande parcela da popula��o passando por dificuldade e sem ter nem ao menos condi��o de refletir sobre isso. Com muita dor no cora��o, vemos o que uma educa��o fr�gil e inconsistente, que n�o � de agora, pode causar na desestrutura��o do indiv�duo Brasil”, ressalta a core�grafa.

Dudude se define como uma “mulher vivida” e pondera que � gra�as a isso que est� tranquila durante esse per�odo de isolamento social. “Estou agradecendo a essa quarentena porque eu posso. J� tenho mais de 60 anos e recebo meu benef�cio, meu sagrado benef�cio. Se eu tivesse meus 40, 50 anos, estaria bem desesperada para fazer o meu dinheiro”, conta.

Dudude alerta que a “economia tamb�m est� doente”. “Com toda essa gan�ncia, o mundo humano vai deixar de existir.” Para ela, a pandemia mostra o quanto o mundo humano � fr�gil. “Qual seria o ant�doto dessa pandemia? Talvez o acordar de cada um de n�s e perceber que desse jeito n�o d�”, ressalta, ao se referir aos modos de consumo da popula��o, � preserva��o da natureza e ao uso de recursos naturais.

Outra reflex�o de Dudude � que as pessoas precisam deixar de ser gananciosas e passar a olhar para si mesmas e para o outro. “S�o v�rias oportunidades: leia livros, escreva, treine suas capacidades. Todos n�s somos capazes e temos condi��es de mudar a rota da nossa vida”, afirma. “N�o existe volta, s� continua��o. Quando voc� voltar a abrir a porta da sua casa, espero que seja com mais senso comum.”

As mortes por causa da COVID-19 tamb�m t�m tocado as emo��es da escritora: “Quantas pessoas est�o desencarnando sem o direito de ser veladas, de ter a �ltima despedida, o �ltimo abra�o. E eu fico sem palavras para falar sobre isso, � um absurdo”.

Segundo Dudude, as pessoas devem passar a ter mais consci�ncia daquilo que “jogam” para o mundo. “Se em um discurso voc� fala mais palavr�o do que palavras que acolhem, a coisa est� errada. Joguem para o mundo discursos afirmativos para que tenhamos uma onda de amor”, completa.
Ela explica que esse discurso n�o se refere apenas �s palavras ditas, mas ao modo de diz�-las, ao jeito de lidar com o pr�prio corpo, com a casa e com os desejos. “Fico em casa para o caminhoneiro sair, para os m�dicos, enfermeiros, farmac�uticos, supermercados terem espa�o. Esse v�rus est� ensinando as pessoas a se cuidarem, lavarem as m�os, as roupas, se alimentarem bem e respeitarem o espa�o do outro”, defende.

Durante este per�odo de isolamento social, Dudude est� redescobrindo o amor pela culin�ria. “Estou fazendo muito bolo nessa quarentena, porque a casa fica com cheiro de afeto e eu fico com desejo de espalhar isso pelo mundo. Dou uns peda�os para os meus vizinhos”, conta.“Essa foi a primeira vez que fiz um feij�o e ele n�o ficou aguado. Desta vez, me dediquei: botei louro e pimenta, naquelas panelas de barro”, comemora sobre sua �ltima aventura na cozinha.

FOME DE LEITURA 
A bailarina e professora est� passando a quarentena ao lado do filho, Frederico, na casa onde moram em Casa Branca (Brumadinho). � ele quem a est� ajudando a lidar com os desafios do meio on-line. “Olhava o computador de longe e agora estou tendo que am�-lo. Mas tomando cuidado para n�o ficar dependente, porque � perigoso e faz mal para a sa�de”, alerta.

Todo primeiro s�bado do m�s, desde abril, Dudude ministra aulas on-line pelas redes sociais de ecologia humana, denominadas “Viv�ncia pr�tica do sens�vel”. “Os nossos assuntos rodeiam este lugar: at� onde vamos chegar? Como posso somar? E elas est�o sendo uma alegria, por meio do virtual voc� pega pessoas do mundo”, comemora.

Apaixonada pela leitura, Dudude aproveita o tempo ocioso para ler cinco livros ao mesmo tempo: O or�culo da noite, de Sidarta Ribeiro; As veias abertas da Am�rica Latina, de Eduardo Galeano; Pela supress�o dos partidos pol�ticos, de Simone Weil; A arte cavalheiresca do Arqueiro Zen; e O livro do desassossego, de Fernando Pessoa.

* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Tet� Monteiro


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