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Estado de Minas

Ira! lan�a o primeiro disco de in�ditas em 13 anos

Com 10 faixas, o �lbum 'Ira' traz letras feministas, canta o amor e dialoga com o passado, mas sem nostalgia. 'N�o procuramos coisas moderninhas', avisa Nasi


postado em 11/06/2020 04:00

Edgard Scandurra e Nasi lançam o disco Ira, com 10 faixas, desafiando a era do single (foto: Ana Karina Zaratin/divulgação)
Edgard Scandurra e Nasi lan�am o disco Ira, com 10 faixas, desafiando a era do single (foto: Ana Karina Zaratin/divulga��o)

Quando o Ira! lan�ou Invis�vel DJ (2007), at� ent�o seu �ltimo �lbum de est�dio, n�o havia servi�os de streaming de m�sica – o Spotify, a plataforma mais popular do g�nero, entrou no ar no fim de 2008. Ira, primeiro disco da banda de Nasi e Edgard Scandurra (remanescentes da forma��o cl�ssica) s� com faixas in�ditas, vem a p�blico 13 anos mais tarde.

Os modos de fazer, lan�ar e divulgar m�sica mudaram totalmente (e definitivamente). A banda tamb�m. Ainda naquele 2007, o cultuado grupo paulista se desfez da pior forma poss�vel. Brigas e acusa��es p�blicas, a��es na Justi�a, o imbr�glio durou muito tempo e s� acabou sete anos mais tarde, quando Nasi e Scandurra refizeram a banda, agora sem Andr� Jung (bateria) e Ricardo Gaspa (baixo).

“� a mesma alma do Ira!. O Edgard n�o gosta que falo, mas, para mim, � a melhor forma��o instrumental da banda. O Johnny Boy (baixista) � o quinto Ira!. Tirando o Ac�stico (2000), ele fez todos os teclados do grupo a partir da d�cada de 1990. E o Evaristo (P�dua, baterista) tem as caracter�sticas de um John Bonham (Led Zeppelin) e Keith Moon (The Who). Na verdade, mesmo com forma��o diferente, este trabalho remete � sonoridade �urea do Ira!. N�o procuramos coisas moderninhas, � uma cole��o de m�sicas boas, � altura das melhores que lan�amos”, diz Nasi, de 58 anos.

DI�LOGO

O cantor n�o est� exagerando, vale dizer. Ira, o �lbum, � Ira!, a banda, como h� muito ela n�o era. S�o 10 faixas que dialogam com o passado, mas mostram tamb�m que o grupo n�o ficou parado no tempo. Mais: nesta �poca de singles descart�veis, o disco vai contra o padr�o da m�sica pop. Duas das melhores faixas s�o longas, com deriva��es instrumentais, sem aquele come�o, meio e fim �bvio de tr�s minutos e meio.

O retorno do Ira! �s in�ditas j� vale pela baladona estradeira Efeito domin� (Scandurra/Virginie Boutaud). S�o quase oito minutos de uma can��o de acento folk, em que Nasi divide os vocais com Virginie (para os menores de 40: ela capitaneou com sua voz doce a banda Metr� nos anos 1980). Ele, em portugu�s, ela em franc�s (� la Jane Birkin), os dois cantam a dor de amor. A can��o � fruto do trabalho que Scandurra vem desenvolvendo com Virginie, que hoje vive na Fran�a, em torno da chanson fran�aise.

Com o lan�amento do �lbum, chegou tamb�m o v�deo da can��o. Assinado por Gustavo von Ha e realizado durante o per�odo de isolamento social, ele traz, al�m de imagens dos integrantes da banda (atuais e de arquivo), uma colagem de imagens c�lebres – de Audrey Hepburn a Betty Boop, passando por filmes (O gabinete do Dr. Caligari, de 1920, � um deles) e obras famosas de Rembrandt, Malevich e Van Gogh, entre outros.

Relacionamentos amorosos est�o em outras can��es, como O amor tamb�m faz errar (Scandurra), com sotaque roqueiro e talvez aquela que mais dialogue com o esp�rito mod da banda. Ira! �, essencialmente, um grupo de rock. E ele se faz presente em Respostas (Scandurra/Silvia Tape), que traz a caracter�stica guitarrista (canhota, sempre) do m�sico. Outras faixas em alta propuls�o s�o Eu desconfio de mim (Scandurra), aqui com bateria bem marcada, e A torre, em que a assinatura da guitarra de Scandurra fica latente.

''Nosso tes�o � lan�ar disco, uma cole��o de m�sicas que conversem entre si''

Nasi, cantor


MULHERES

Como sempre, Edgard Scandurra assina as faixas. Algumas em parceria, sempre com mulheres, como Chuto pedras e assobio, composta com B�rbara Eug�nia. A mais forte delas, com mensagem atual�ssima, � Mulheres � frente da tropa, a segunda can��o em tamanho (seis minutos). Aqui, Scandurra assume as vozes em letra feminista – “Elas n�o temem o covarde e opressor/ Elas n�o fogem do perigo e da dor” – com coro de vozes femininas e um belo arranjo de cordas.

Tanto tempo juntos – e separados – permite que cada um fa�a sua pr�pria leitura de can��es que podem (ou n�o) versar sobre a rela��o Nasi/Scandurra. A nossa amizade fala de “cumplicidade especial”, enquanto O homem cordial morreu trata de mudan�a, envelhecimento e da dificuldade de aprender.

“S� as bases foram gravadas com todo mundo junto. At� pelas circunst�ncias, pois cada um tem sua vida particular, gravei quase todas as vozes sozinho com o produtor. O Edgard j� comp�e pensando na minha voz. � bem diferente de quando lan�o disco solo (foram quatro quando esteve fora do Ira!), pois soa mais blues. No Ira! � mais l�rico. Ent�o, como a gente se conhece muito, sabe o que esperar um do outro”, diz Nasi.

O cantor comenta que sabia que a banda teria de lan�ar um novo disco, “por n�s mesmos e tamb�m para mostrar que n�o voltamos s� por motivo profissional, para fazer show”. O momento de “surto criativo”, como ele diz, veio no segundo semestre de 2019. Produzido por Apollo 9, Ira s� ficou pronto neste ano.

“Somos artistas da �poca do �lbum, ent�o nosso tes�o � lan�ar disco, uma cole��o de m�sicas que conversem entre si. Tanto que este trabalho tem projeto de CD e vinil, s�o 10 m�sicas, como se fossem cinco de um lado e cinco de outro. Essa sequ�ncia est� nas plataformas de streaming. Al�m do mais, se voc� lan�a s� uma ou duas m�sicas, quando vai para o show, ele n�o muda praticamente nada. Quando lan�o um �lbum, tenho de fazer tudo novo”, diz Nasi.

No caso, o “tudo” ser� diferente. �s v�speras de lan�ar o primeiro single, O amor tamb�m faz errado, teve in�cio o per�odo de isolamento social em decorr�ncia da pandemia do coronav�rus. Originalmente, o �lbum chegaria em abril. “Estamos tentando entender o que est� acontecendo. Geralmente, quando lan�amos um disco, na semana seguinte j� estamos divulgando nas capitais. Inclusive, o show em Belo Horizonte j� estava marcado, seria uma das primeiras cidades onde a gente ia mostrar o disco novo.”


AGENDA

Tentando manter o otimismo, Nasi comenta que quando a banda conseguir sair para fazer shows, o p�blico, pelo menos, j� vai conhecer as novas can��es. Quando isso ocorrer� s�o outros quinhentos. “Sou bem pragm�tico. Temos requisi��es de show para setembro. O meu escrit�rio acredita nisso, s�o shows em pra�a p�blica. Se eles se concretizarem, vou ser surpreendido positivamente. Para mim, outubro � um m�s vi�vel. Espero, mas h� ainda o temor da segunda onda (do coronav�rus)”, pondera.

Seja como for, o cantor revela estar “trancad�o” em casa h� dois meses. O �ltimo show do Ira! ocorreu em 14 de mar�o, no interior de S�o Paulo. Nasi saiu para se vacinar, outras poucas vezes para ir � farm�cia. “Tomo os meus cuidados. A cada dois anos vou para a Nig�ria. Ent�o, quando tenho de tomar vacina de febre amarela, tomo de tudo: sarampo, rub�ola, caxumba, H1N1. E pe�o ao meu orix� para n�o pegar. Se pegar, que n�o tenha a doen�a. E se ficar doente, que n�o morra.”
(foto: Mayla Goerisch/Guilherme Pacola)
(foto: Mayla Goerisch/Guilherme Pacola)

IRA
•  De Ira!
•  Independente
•  10 faixas
•  Dispon�vel nas plataformas digitais


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