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Estado de Minas CINEMA

Caco Ciocler lan�a no streaming seu segundo longa como diretor

Em 'Partida', atriz decide fundar uma sigla exclusivamente feminina e se candidatar � Presid�ncia. Antes, parte de �nibus de S�o Paulo ao Uruguai, na esperan�a de se encontrar com o l�der esquerdista Pepe Mujica


postado em 18/06/2020 04:00

Longa-metragem que estreia hoje nas plataformas digitais é a segunda experiência de direção do ator Caco Ciocler, que bancou os custos da produção com a colaboração da equipe(foto: PANDORA FILMES/DIVULGAÇÃO)
Longa-metragem que estreia hoje nas plataformas digitais � a segunda experi�ncia de dire��o do ator Caco Ciocler, que bancou os custos da produ��o com a colabora��o da equipe (foto: PANDORA FILMES/DIVULGA��O)

Em uma roda de amigos no segundo semestre de 2018, uma situa��o pra l� de improv�vel foi desenhada. Atriz, comunista, l�sbica, Georgette Fadel era o alvo perfeito da direita conservadora representada por Jair Bolsonaro, ent�o rec�m-eleito para a Presid�ncia da Rep�blica. Pois, nesse encontro, a paulista, hoje com 46 anos, saiu-se com esta: iria se candidatar ao mesmo cargo, na elei��o de 2022.

O ator e diretor Caco Ciocler, de 48, gostou da ideia. Por que n�o? Foi daquela conversa que ele tirou a premissa de seu segundo longa-metragem. Depois de ser exibido em festivais no ano passado, Partida estreia nesta quinta-feira (18) nas plataformas de streaming. Document�rio fake? Fic��o? Realidade? No fim, isso pouco importa, pois o que est� em xeque � a discuss�o que o filme provoca.

Durante 90 minutos, o longa acompanha um grupo viajando de �nibus de S�o Paulo at� o Uruguai. Eles t�m apenas seis dias para chegar ao seu destino. Pretendem se encontrar com o ex-presidente uruguaio Jos� “Pepe” Mujica (2010-2015), na virada do ano de 2018 para 2019, ou seja, antes da posse de Bolsonaro.

A trupe reunida para fazer o filme dirigido por Caco Ciocler acompanha a aspirante a candidata � Presid�ncia Georgette, que decide criar um partido formado s� por mulheres, o Partida. Tamb�m est�o no �nibus a atriz Sarah Lessa, o empres�rio e ator L�o Steinbruch, o diretor de som portugu�s Vasco Pimentel, o produtor Beto Amaral, al�m de Manoela Rabinovitch e Julia Zakia, respons�veis pela capta��o das imagens.

Ningu�m est� de f�rias, todos os viajantes t�m uma fun��o no filme. L�o, amigo de Caco desde os tempos de juventude no teatro amador, � o contrapeso do grupo. At� ent�o n�o conhecia Georgette. Foi convidado porque tem uma vis�o totalmente oposta � dela. E o embate da dupla, representando a polariza��o entre esquerda e direita, traz alguns dos melhores momentos da narrativa.

ROTEIRO O grupo deixou S�o Paulo em dezembro de 2018, ap�s uma s�rie de reuni�es, boa parte delas realizadas por conversas de WhatsApp, que s�o apresentadas no filme. Mas n�o havia um roteiro. “Eu tinha algumas cartas na manga. Sabia que teria que conduzir o filme sem que esta condu��o fosse percebida. Corr�amos o s�rio risco de n�o acontecer”, conta Caco.

Ele admite que houve situa��es provocadas para “deixar a fic��o mais interessante”. Ainda que n�o houvesse um texto pr�vio, os di�logos, na base do improviso, vinham do pr�prio repert�rio dos envolvidos. Georgette e L�o, logo no in�cio da viagem, come�am a divergir. Ele tem um posicionamento � direita, e, para ela, repete conceitos retr�grados que s� levam em conta os interesses do capital. Georgette, na perspectiva de L�o, � tamb�m um monte de clich�s esquerdistas, o que fica claro nas brigas que v�o se intensificando durante a viagem.

Logo no in�cio da viagem, o grupo para em Curitiba para visita ao acampamento Lula Livre, montado no entorno da Superintend�ncia da Pol�cia Federal, onde o ex-presidente Lula estava preso. “Foram dois meses trocando �udio para planejar o filme. Uma das ideias era parar no acampamento; depois, em uma f�brica de armas, j� que Bolsonaro falava muito de armamento. Mas, antes da viagem, vi que se a gente abrisse demais poderia se perder. A ideia era ficar no �nibus e mostrar o cotidiano. Mas, quando chegamos ao acampamento, a Georgette quis descer meia hora. Fui contra”, ele admite.

N�o havia como filmar o tempo todo. “N�o � Big brother, � um filme que n�o tinha condi��es t�cnicas para isso. Eram s� dois microfones, ent�o eu disse que, quando fosse come�ar alguma coisa, avisassem antes, para chamar as c�meras”, explica o diretor.

Para explicitar o jogo de cena, Caco comenta que a maior briga do filme foi regravada. Melhor explicando: na narrativa, ao final da maior discuss�o entre Georgette e L�o, Caco entra avisando que ter�o que repetir, j� que eles tiveram um problema t�cnico e n�o haviam registrado. A� a dupla refaz a briga.

O diretor diz que a grande briga foi falsa. “Quando ela come�ou, ligamos a c�mera e a pilha acabou. Ent�o, assim que a cena (mostrada no filme) teve in�cio, j� tinha passado meia hora da briga (original). Ou seja, durante meia hora eles se prepararam para o improviso.”

Um coment�rio do diretor de som Vasco tamb�m foi provocado por Caco. “Antes da viagem, ele ficou hospedado na minha casa e ali foi que ele falou (da rela��o entre brasileiros e portugueses).” Ao ver que havia, dentro do �nibus, uma chance para a frase de Vasco, Caco cutucou-o e disse para ele come�ar a falar.

A atriz Georgette Fadel teve a ideia que deu origem ao filme, cujos diálogos são quase sempre improvisados (foto: PANDORA FILMES/DIVULGAÇÃO)
A atriz Georgette Fadel teve a ideia que deu origem ao filme, cujos di�logos s�o quase sempre improvisados (foto: PANDORA FILMES/DIVULGA��O)

GLOBO

Ainda que o diretor apare�a com destaque em poucos momentos, h� uma passagem decisiva, na qual ele � contestado por Georgette por ter se tornado mais um ator que se vendeu fazendo novelas na Globo e projetos comerciais. “Eu sabia que a Georgette n�o me perdoaria. Comecei a discuss�o provocando-a e tomei de volta”, diz ele. Desde o in�cio do projeto, ele deixou claro que “todos teriam que colocar o seu na reta”.

Por isso mesmo, na edi��o final, manteve sua fala um tanto cr�tica aos produtos comerciais de televis�o. “Como o filme � uma mistura da gente e dos personagens, h� sempre a desculpa de que o que foi dito ali n�o necessariamente � o que n�s pensamos. Mas, como todo mundo ali est� muito exposto, achei honesto que eu tamb�m me expusesse”.

O encontro com Mujica, o objetivo final do filme, era uma inc�gnita. Chegariam ou n�o a ter contato com o ex-presidente? O longa consegue, at� os �ltimos minutos, manter o suspense.

Partida foi realizado com recursos pr�prios, sem patroc�nio ou qualquer verba proveniente de incentivo fiscal. Pelas contas de Caco, o custo total ficou em torno de R$ 150 mil, divididos entre ele e Beto Amaral, coprodutor do longa.

“N�o tinha outro jeito. A ideia veio em setembro, a gente tinha que sair em dezembro. N�o defendo fazer cinema sem dinheiro, mas foi a maneira que conseguimos. A equipe trabalhou sem receber nada e ainda emprestou equipamento. Uma das profissionais de c�mera me disse que n�o tinha condi��o de pagar hospedagem e alimenta��o. A� rachei com o Beto os custos.”

Foram filmadas 50 horas. “Quando voltamos com esse material, t�nhamos a op��o de tentar, via patroc�nio ou lei de incentivo, uma verba para montar. Mas essa foi uma decis�o minha e do Beto. Tinha muito medo de que o filme envelhecesse. Bolsonaro havia ganho, a gente n�o sabia o que ia acontecer com o governo, ent�o t�nhamos que lan�ar rapidamente. E, no caso deste filme, especificamente, era importante que ele fosse desvinculado de qualquer coisa, para evitar toda interpreta��o err�nea sobre os artistas, diante das coisas absurdas que se ouve por a�.”


PARTIDA
l O longa-metragem de Caco Ciocler ser� lan�ado nesta quinta-feira (18), nas plataformas de streaming Now, Vivo Play, Oi Play, Petra Belas Artes � la Carte, Filme Filme e Looke.

Caco Ciocler diz que achou mais %u201Chonesto%u201D também expor suas opiniões potencialmente polêmicas, assim como os demais atores fizeram em Partida (foto: PANDORA FILMES/DIVULGAÇÃO)
Caco Ciocler diz que achou mais %u201Chonesto%u201D tamb�m expor suas opini�es potencialmente pol�micas, assim como os demais atores fizeram em Partida (foto: PANDORA FILMES/DIVULGA��O)

ORGULHOSO DE SER
M�DICO NA TELINHA

Caco Ciocler deve rodar no in�cio do ano que vem a terceira temporada da s�rie Unidade b�sica. O roteiro j� estava pronto, mas teve que ser modificado por causa da pandemia do novo coronav�rus.

Atra��o do canal pago Universal TV, a s�rie, que gira em torno do dia a dia de m�dicos, enfermeiros e agentes comunit�rios de uma unidade de sa�de na periferia de S�o Paulo, teve sua segunda temporada, com oito epis�dios, encerrada h� pouco (os cap�tulos continuam dispon�veis pela plataforma Globosat Play).

“Gravamos (o segundo ano da s�rie) em uma �poca de pleno desmonte do SUS. Ach�vamos que era uma s�rie de resist�ncia e, quando ela estreou (no in�cio de maio), virou uma grande homenagem ao Sistema �nico de Sa�de”, afirma o ator, que interpreta o m�dico Paulo. Coincidentemente, a temporada foi aberta com uma epidemia de tuberculose.

“Sabemos que a s�rie � usada exaustivamente em faculdades de medicina. Este acolhimento sempre tivemos. Neste momento, sentimos as pessoas muito agradecidas, pois todos est�o muito cansados, tristes e sensibilizados. O cotidiano no SUS � exaustivo, de muita luta, e recebemos v�rios depoimentos emocionantes de como as pessoas se sentiram representadas com a hist�ria.”


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