O audiovisual se vira como pode at� conseguir se adaptar aos tempos de pandemia do novo coronav�rus. Enquanto executivos, diretores e t�cnicos fervem os miolos para o show continuar, a solu��o � recorrer ao conte�do existente e, dali, tirar o que h� de melhor, salvar a grade e levar alegria para a casa dos brasileiros.
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Na pr�xima ter�a-feira (7), o Cine Holli�dy, que h� quase um ano saiu de cartaz, volta � programa��o noturna da Globo. Reunidos em uma entrevista coletiva realizada virtualmente na semana passada, elenco, diretores e criadores da s�rie n�o esconderam a emo��o de rever na telinha as hist�rias de Francisgleydisson da Silva, o Francis, (Edmilson Filho).
Dono de um cinema, ele se v� amea�ado com a chegada da televis�o � pequena Pitombas, cidade fict�cia no interior do Cear�. Francis enfrenta tamb�m desafios para conquistar o cora��o de Marylin (Let�cia Colim), a mocinha da hist�ria, filha do prefeito Oleg�rio (Matheus Nachtergaele) e de Maria do Socorro Maciel (Helo�sa P�riss�).
Para Halder Gomes, que assina a dire��o ao lado de Patr�cia Pedrosa, a reprise provoca “uma alegria medonha”. Segundo ele, diretor tamb�m do longa hom�nimo que deu origem � s�rie, Cine Holli�dy est� fazendo uma trajet�ria �nica e rar�ssima no mundo.
''Falamos sobre a resist�ncia do sonho em um momento em que o Brasil precisa resistir e continuar sonhando. O brasileiro n�o pode perder a esperan�a com esse caos que estamos vivendo, como o Rio na m�o da mil�cia, aquele desastre de Bras�lia''
Claudio Paiva, roteirista
CURTA
“Era um curta, virou filme (Cine Holli�dy, 2013), depois veio a sequ�ncia (Cine Holli�dy – A chibata sideral, 2018), a s�rie em hor�rio nobre, com sucesso medonho, e, agora, um ano depois de sua estreia, ganha reprise”.Trazer o programa de volta � grade da emissora um ano depois, tempo muito curto para esse tipo de produ��o, tem sua justificativa. “� importante nesse momento de tanta tristeza trazer essa obra leve, mas tamb�m � importante no sentido da resist�ncia”, afirma Patr�cia Pedrosa.
“Francisgleydisson tenta achar maneira poss�vel de manter o cinema dele vivo. A cria��o � o que nos salva. Em casa, tentamos inovar, estamos resistindo, tentando achar uma nova forma de nos comunicar com o p�blico. N�o queremos parar.”
Claudio Paiva, respons�vel pelo texto em coautoria com M�rcio Wilson, concorda com a colega. “Falamos sobre a resist�ncia do sonho em um momento em que o Brasil precisa resistir e continuar sonhando. O brasileiro n�o pode perder a esperan�a com esse caos que estamos vivendo, como o Rio na m�o da mil�cia, aquele desastre de Bras�lia. Tenho observado entre meus amigos e vizinhos como � dif�cil para todos sustentar o sonho. A desesperan�a � muito ingrata. Ela quer nos roubar isso. Estamos com medo de tudo.”
A segunda temporada de Cine Holli�dy est� escrita, mas n�o h� previs�o para in�cio das grava��es. “Existem outros produtos que precisam ser filmados, as novelas precisam ser colocadas no ar. H� muitas pessoas reunidas para discutir viabilidades e protocolos”, comenta Patr�cia Pedrosa.
A pandemia entra na segunda temporada, no �ltimo epis�dio. “Vamos falar do fim do mundo com a proximidade do Skylab. Era uma ideia antiga do Halder e agora usamos ingredientes da pandemia. Alguns acham que o Skylab � um satelitezinho, outros s�o contra o fechamento da cidade”, diz M�rcio Wilson.
Ele diz ainda que “agora conhecemos muito o elenco, as possibilidades que ele oferece. Na primeira tudo foi um tiro no escuro. Escrevemos a primeira temporada sem elenco”.A personagem de Helo�sa P�riss� ser� a prefeita de Pitombas. “Se hoje n�o � f�cil, imagine naquela �poca (anos 1970) coron�is nordestinos terem que encarar uma mulher”, afirma o roteirista.